“Flowers of South-West Europe - a field guide” - de Oleg Polunin e B.E. Smythies
“Revisitas” de regiões esquecidas no tempo - “Plant Hunting Regions” - a partir de uma obra de grande valor para o especialista e amador de botânica como da Natureza em geral.
Por
Horst Engels, Cecilia Sousa, Luísa Diniz, Nicole Engels, José Saraiva
da
Associação “Trilhos d’Esplendor”
I .2 Relevo, Geologia, Clima e Vegetação da Península Ibérica
1.2 Relevo, Geologia, Clima e Vegetação da Península Ibérica
1.2.4a1 Vegetação - Introdução
Polunin & Smythies escrevem (p. 17-18):
The Vegetation
The vegetation covering the earth's surface is, in the broadest analysis, the result of the interplay of the climate and the soil with the animal and plant world. Today we find a mosaic-like covering of plant communities composed not so much of independent plants but of a delicately balanced assemblage of species which are interdependent and rely on each other for their survival. If the forest covering is removed from an area, for example, many woodland species quickly disappear to be replaced by more sun-loving species. Each community in this mosaic may be relatively stable or be in a state of development or of degradation, Primeval forests and some alpine vegetations may be in a relatively stable climax stage and are least affected by man; but the majority of plant communities can be termed 'semi-natural' in the sense that, though they are composed of wild species, man has in course of time profoundly altered their structure. The Cork oak forests of Iberia are good examples of this. At the other extreme, the plant cover may be quite artificial and maintained as vineyards, arable, orchards, and such like; but even here the 'weeds ', though natural and unwanted companions, are characteristic and distinctive and are often of considerable interest. The roadside weeds in Iberia have a rich variety which can not but impress the traveller along the open road.
Plant communities, like those briefly outlined below, have a life of their own: a mature forest may take tens or hundreds of years to develop. During this development a number of distinctive stages are passed through and the stages have a regular progression or 'succession'. Grassland may be succeeded by scrub, and scrub by forest, while at the same time the soil is deepening and developing, and the dependent species are continuously changing as new conditions arise. Ultimately a relatively stable balance is obtained between the plant community and the environment, and this is known as a 'climax community'. Evergreen oak forests, montane pine and fir forests, beech forests are all examples of these 'climax communities': so also are certain steppes and matorral shrub communities.
Left undisturbed the vegetation would develop a monotonous uniformity over vast tracts of country in the Iberian peninsula. We must largely thank man and his animals for the rich variety of communities that we find at the present day, though we have also to thank him for the degeneration that results from overgrazing. soil deterioration, and activities such as felling, firing, and cultivation, so that where there was once forest, as on the meseta , there is now a poor degraded scrub or grass steppe. In low rainfall areas, the time taken to develop a climax community may be more a matter of hundreds of years than of decades. Mediterranean vegetation is particularly vulnerable-once destroyed it may never fully regenerate.
If the traveller can comprehend the underlying vegetational systems or plant associations, and can learn to pick out the various stages of development and degradation in each association, his progress through the countryside will be much more interesting. Similarly a knowledge of geology and landform can illuminate his comprehension of village patterns and local variations in husbandry.
Polunin & Smythies descrevem no capítulo sobre vegetação os resultados da interacção entra clima, vegetação e a vegetação. Sobretudo as comunidades de plantas que resultam desta interacção são descritas em algum pormenor.
No entanto, desde o tempo do “Polunin & Smythies” passaram quase 30 anos, e hoje existem estudos e obras feitas que complementam bastante bem a obra de Polunin & Smythies . Ao nível europeu (EU) foi elaborado um plano de ordenamento territorial e foram emitidas directrizes de gestão dos territórios e dos ecossistemas. A rede Natura 2000 é o instrumento básico na EU para a gestão dos ecossistemas e áreas de conservação, estabelecida na base da directiva Habitats (1992) e da directiva Aves (1979) . Natura 2000 aplica-se à sítios de protecção de Aves e Habitats divididos em regiões biogeográficas . Também aplica-se ao ambiente marinho . Em paralelo foi elaborado para a Península Ibérica a “ Syntaxonomical Checklist of Vascular Plant Communities of Spain and Portugal to Association Level ” [1] by Salvador Rivas-Martinez et. al..
Outro trabalho importante foi a iniciação do projecto da Flora Iberica em 1980, obra ilustrada em 21 volumes (disponível online para consulta e download) [2] que vai permitir identificar todas as espécies e taxa da Península Ibérica.
Das floras e referências antigas para Espanha é de mencionar o “ Compendio de la flora Española ” de Blas Lázaro e Ibiza, flora ilustrada e disponível online para consulta e download. [3] Para a França existe a antiga “ Flore descriptive et illustré de la France, de la Corse et des Contrées limitrophes ” de H. Coste como obra de grande valor (disponível online para consulta e download) [4] . A “ Flore de France ”, a flora standard em 14 vols. para a França, de Rouy, G. et. al. não é ilustrada, mas está (disponível online para consulta e download) [5] . Para Portugal existem as obras do X. Coutinho “ Flora de Portugal ” (disponível online para consulta e download) [6] e a “ Nova Flora de Portugal” de João do Amaral Franco - para mencionar apenas umas das obras mais importantes para a região.
Assim existe uma boa base para o estudo florístico e fitossocilógico da nossa área de estudo. Para toda Europa existe ainda a “ Flora Europaea ” [7] de Tutin et.al. que no entanto não é ilustrada. E para quem gosta do Latim , existe ainda a flora standard em língua latim sobre a Península Ibérica de Willkomm, H.M. e Lange, J. “ Prodromus Florae hispanicae ”, 1861-80 (disponível online para consulta e download) [8] .
Também estão a ser desenvolvidos neste momento bases de dados ilustradas da Flora de Portugal, as páginas “ Flora-On ” [9] e a “ Flora Digital de Portugal ” [10] que vão ser de grande valor para a identificação das espécies de plantas de Portugal. Para a espanha existem várias páginas sobre herbários virtuais e floras ilustradas da Espanha. Entre elas são de mencionar a base de dados “ Anthos ” , o “ Herbário Virtual del Mediterráneo Occidental ”, o “ Herbário de Jaca ” e a “ Flora silvestre del mediterráneo ”, entre outros.
Para a França é ainda de mencionar o banco de dados “ SOPHY ” [11] com ilustrações, mapas e dados taxonómicos e fitossociológicos para as espécies de plantas da França.
A vegetação que cobre a superfície terrestre é, no sentido mais lato, o resultado a interacção entre o clima e o solo com o mundo animal e das plantas. Encontramos uma cobertura em mosaico de comunidades de plantas, compostas não tanto de plantas isoladas, mas de uma assembleia ou comunidade de espécies delicadamente equilibrada e dependentes umas das outras para a sua sobrevivência. Se, por exemplo, uma comunidade florestal é removida, muitas das espécies silvestres rapidamente desaparecem para serem substituídas por plantas com preferências mais para o sol. Qualquer comunidade num mosaico destes pode ser relativamente estável ou encontrar-se num estado de desenvolvimento ou de degradação. Florestas virgens ou algumas vegetações alpinas podem estar num estado relativamente estável de climax pouco afectados pelo homem.
Assim surgiu o conceito das comunidades climax e da vegetação potencial natural (Natürliche potentielle Vegetation) que se manifesta nas comunidades climax de uma determinada região.
Udo Bohn e outros têm desenvolvido e seguido este modelo e publicado um ‘Mapa sobre a Vegetação Natural da Europa’ - Karte der natürlichen Vegetation Europas (Map of the Natural Vegetation of Europe) (2002-2003) disponível em CD-ROM Interactivo com texto explicativo em Inglês pelo BFN (Bundesamt für Naturschutz), Bona. [12]
Extrato do ‘Mapa da Vegetação Natural Potencial da Europa’ (U. Bohn et. al. 2002)
Mas a maioria de comunidades de plantas estão num estado ‘semi-natural’, progressivo ou regressivo, no sentido que - embora ainda maioritariamente compostas por espécies selvagens, encontram-se profundamente alterado pela actividade humana. Assim surge o conceito da paisagem cultural , bem descrito e ilustrado no livro ‘ Cultural Landscapes of Europe - Fields of Demeter - Haunts of Pan ’ de Knut Krzywinski et. al. (2009) [13] e no filme “ Fields of Demeter ” [14] [15] realizado pelos mesmos autores.
As florestas dos sobreiros da Ibéria (montados de sobreiro) são bons exemplos de uma paisagem cultural. [16] [17]
Florestas de sobreiro ( Quercus suber ) em Portugal e Espanha
Num outro extremo, a cobertura de plantas pode ser bastante artificial como uma vinha, agri-culturas, pomares ou outras criações de monoculturas do homem.
Mas mesmo aqui as ervas daninhas como companheiros não desejados são características e distintivas e muitas vezes de bastante interesse para o botânico. As ervas anuais à beira da estrada mostram muita variedade na Ibéria e não deixam de impressionar o viajante ou turista que passa nas estradas.
Cordoba to Ronda - Roadside Wildflowers - Andaluzia, Spain [18]
Comunidades de plantas, como aquelas delineadas brevemente no seguinte, têm uma vida própria: uma floresta madura pode precisar dezenas ou centenas de anos para o seu desenvolvimento. Durante este desenvolvimento ela passa por uma série de estados distintas e os estados têm uma progressão ou ‘sucessão’ regular. Prados podem ser substituídos por mato, mato por floresta etc. - enquanto ao mesmo tempo o solo aprofunda e desenvolve e enquanto as espécies dependentes continuamente mudam na medida que novas condições aparecem. Por fim é atingido um balanço relativamente estável entre a comunidade de plantas e entre o ambiente, e esta comunidade no seu equilíbrio com o ambiente é chamado a ‘ comunidade climax ’.
Florestas perenifólias, florestas da montanha de abeto e pinheiro, florestas caducifólias de faia, são todos exemplos destas comunidades climax . E assim podem ser determinadas por uma vegetação climax também estepes e comunidades de matorral (embora nas zonas temperadas frequentemente resultado de uma regressão para um estado secundário de equilíbrio determinado pela actividade humana) ou outras comunidades de plantas.
Floresta de Quercus pyrenaica na Espanha
Floresta de faia ( Fagus sylvatica ) nos Picos de Europa [19]
Floresta de faia ( Fagus sylvatica ) em Outono nos Picos de Europa [20]
Serranía de Ronda
East ridge of the 'Sierra del Pinar' taken from the top of Torreón (1.654 m). The very prominent peak at the end of the ridge is the Pico San Cristóbal (1.525 m), the most impressive limestone top of the range. December 2005.
The wild cliffs of the North Face of Sierra del Pinar covered by clouds and the very special 'Pinsapo' Forest growing under. February 2006.
The 'Pinsapo'( Abies Pinsapo Boiss ) tree forest (the biggest in the world) grows up to the steep and rocky north slopes of the Sierra del Pinar. The combination of this very special firn trees with the wild slopes of the north face make a kind of 'Alpine'landscape in the heart of southern Andalucía. February 2006
Manchas de floresta de Abies pinsapo na Sierra del Pinar (Serranía de Ronda, Grazalema)
Sierra del Pinar (Serranía de Ronda, Grazalema)
Pinha de Abies pinsapo
O “Pinsapo de las Escaleretas” (Sierra de las Nieves, Malaga) [21] [22]
Floresta de Abies pinsapo em Yunquera (Sierra de las Nieves, Malaga) [23]
Pinsapos ( Abies pinsapo ) na Sierra de las Nieves, Ronda
El Parque Natural Sierra de las Nieves (Málaga, Espanha)
Pinsapos ( Abies pinsapo ) na Sierra de las Nieves, Ronda
Pinsapos ( Abies pinsapo ) na Sierra de las Nieves, Ronda
Abies pinsapo , Sierra de las Nieves (Málaga, Espanha)
No entanto, tem de se ver que esta distribuição não contínua e fragmentada recente de Abies pinsapo é provavelmente o resto de uma distribuição muito mais ampla e contínua do passado. Mas esta redução e fragmentação da distribuição não ocorreu num passado recente, mas deve ter acontecida já há 2 séculos atrás ou antes. Willkomm [24] descreve em 1896 que a distribuição (actual nesta altura) dos pinsapos seria provavelmente apenas o resto de uma distribuição antiga mais larga:
. ..Wie im Osten der Terrasse, so gab es auch in deren Westen bedeutende Nadelwaldungen, welche ehedem ganze Gebirge der Serrania de Ronda bedeckt haben mögen, gegenwärtig aber leider auf wenige Komplexe zusammengeschmolzen sind und, wenn deren unvernünftiger Abholzung nicht ein Ziel gesetzt wird, in absehbarer Zeit ganz verschwinden werden. Es ist dies umsomehr zu beklagen, als jene Waldbestände von einem dort allein heimischen Baume gebildet werden, nämlich von der schönen andalusischen Tanne ( Abies Pinsapo Boiss.). Noch 1845 gab es in der oberen Berg- und subalpinen Region der Sierra de la Nieve bei Yunquera beträchtliche gut geschlossene, fast alle Hochthäler erfüllende Pinsapowaldbestände; schon 1869 waren dieselben auf ca. 200 ha zwischen 1000 und 1500 m Seehöhe zusammengeschmolzen und meist nur noch alte Bäume vorhanden '). Die Pinsapotanne erreicht dort eine Höhe von 20 m und einen Stammumfang von 3—3,25 m. Ein zweiter nur noch etwa 50 ha großer Bestand liegt in der oberen Bergregion der S. Bermeja bei Estepona oberhalb des Sternkiefernwaldes, ein dritter von ungefähr 100 ha in der S. del Pinar bei Grazalema , an deren Ostabhange derselbe einen langen sich bis fast zum Gipfel (1750 m) emporziehenden Streifen bildet. Kleine Reste von ehemaligen Pinsapowäldern finden sich noch auf der Sierra de Alcaparain bei Carratraca , auf der S. Blanquilla zwischen Casarabonela und Yunquera , bei Záhara im N. und bei Ubrique im S. von Grazalema, welche beweisen, dass ehedem Pinsapowälder sich vom Thale des Guadalhorce an in südwestlicher Richtung durch die Serrania bis zum Thale des Guadiaro und westwärts bis in das Hügelland der Provinz von Cadiz erstreckt haben müssen.
1) Bericht der Comision de la Flora forestal espanola. Madrid, 1870.
...
D. Soto García [25] descreve em 2006 no artigo “ Núcleos residuales de pinsapo perdidos en Andalucía en el siglo XX ” que no século XX têm desapericos mais 8 núcleos de pinsapos na Andaluzia. Também descreve que entre 1904 e 1905 foram cortados mais de 15.000 exemplares desta espécie na Sierra del Pinar, Las Canchas - cerca um terço dos exemplares aí existentes na altura destes cortes. Felizmente, mais tarde e até hoje, começou-se com uma protecção cuidada da espécie que no entanto, mantém-se em estado crítico devido ao perigo crescente de incêndios (devido às tendências e previsões actuais do aumento de temperatura no âmbito de uma mudança do clima).
Floresta de Pinus uncinata nos Pirenéus [26]
Floresta de Pinus uncinata na subida de Espierba para os Prados de la Estiva (Valle de Pineta nos Pirenéus Centrais)
Excursão com a Universidade de Aveiro para os Pirenéus, 1988.
Floresta de Pinus uncinata perto de Espierba (Valle de Pineta) na subida íngreme para os Prados de la Estiva (Excursão com a Universidade de Aveiro, 1988)
Foi aqui nesta encosta maravilhosa, mas muito íngreme e assustadora, entre Espierba e os Prados de la Estiva no Valle de Pineta dos Pirenéus Centrais, numa excursão com a Universidade de Aveiro em 1988, onde reparamos pela primeira vez na floresta majestosa de Pinus uncinata , com árvores velhos esqueletos prateados e negros contra o sol. Também observamos aqui o urogallo ( Tetrao urogallus ), galináceo que ocorre nestas florestas do Valle de Pineta e sobre qual ainda vamos falar nesta “revisita” das regiões de “ Polunin & Smythies ”.
Floresta de Pinus uncinata perto de Espierba, Valle de Pineta
Piquenique e herborização no Vale de Pineta (Espierba - Excursão com a Universidade de Aveiro em 1988) - no horizonte floresta de Pinus uncinata
Herborização e secagem de plantas nos Prados de la Estiva, Vale de Pineta (Espierba) - Excursão com a Universidade de Aveiro em 1988
Pinus uncinata perto de Espierba, Valle de Pineta
O glaciar do Monte Perdido visto a partir dos Prados de la Estiva, Espierba, 1988
Floresta de Pinus sylvestris na Serra da Guadarrama [27]
Matorral com Quercus ilex e Quercus coccifera nas planícies da Espanha
Sem ser perturbado, a vegetação ia crescer numa uniformidade vasta sobre grandes partes da Península Ibérica. Graças ao homem e aos seus animais obtivemos uma grande variedade de comunidades de plantas como existem hoje em dia, no entanto também o homem está na causa para sobre-pastoreio, deterioração dos solos e actividades como derruba, queima e cultivação em excesso dos terrenos, de forma que onde antigamente provavelmente se encontraram florestas densas na Meseta Central, hoje apenas se encontra uma estepe pobre e degradada com matos e ervas. Em regiões de pluviosidade baixa o tempo para chegar ao climax de uma comunidade de plantas pode ser mais uma questão de centenas do que de décadas de anos. Vegetação mediterrânica é especialmente vulnerável e uma vez destruída, pode nunca mais regenerar completamente.
Se o viajante compreende os sistemas subjacentes da vegetação ou das associações de plantas e aprende distinguir os vários estádios de desenvolvimento e degradação em cada associação, o seu percurso pela paisagem tornará-se muito mais interessante. Do mesmo modo, o conhecimento da geologia e do relevo pode iluminar a sua compreensão sobre padrões de aldeias e variação local em pecuária.
Veja à seguir: 1.2.4a2 Vegetação - Introdução (cont.)
[13] Cultural landscapes of Europe , fields of Demeter haunts of Pan . Knut Krzywinski , Michael O'Connell, Hansjörg Küster, et al. 2009; Publisher: Aschenbeck.
[16] O conceito da Vegetação Natural Potencial é frequentemente criticado por ser muito teórico e apenas realizável e mapeável em escala grande (1:25.000 ou maior). Em pequena escala a interpolação torna-se de facto falível e pode conduzir à conclusões erradas devido à alteraçõs antropogénicas ou microclimas existentes.
[20] http://www.livingearthadventures.co.uk/tours-and-workshops/tour/magical-picos-de-europa-photographic-tour-spain/
[24] WIllkomm, H.M., Grundzüge de Pflanzenverbreitung auf der iberischen Halbinsel , Leipzig, 1896. p. 238
[25] Invest Agrar: Sist Recur For (2006) Fuera de serie, 79-86
Sem comentários:
Enviar um comentário