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(contains Web links to Flora-On for observed plant species, Web links to high resolution Google satellite-maps (JPG) of plant-hunting regions from the Iberian peninsula; illustrated text in Portuguese language)



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Polunin - Flowers of South-West Europe - revisited - última compilação

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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

2.13.25 - Trás-os-montes e Alto Douro

“Flowers of South-West Europe - a field guide” - de Oleg Polunin e B.E. Smythies

“Revisitas” de regiões  esquecidas no tempo - “Plant Hunting Regions” - a partir de uma obra de grande valor para o especialista e amador de botânica como da Natureza em geral.


Por
Horst Engels, Cecilia Sousa, Luísa Diniz, Nicole Engels, José Saraiva, Victor Rito
da
Associação “Trilhos d’Esplendor”


2.25 Trás-os-montes e Alto Douro


2.25 Trás-os-montes e Alto Douro
  1. Alto Douro
    1. Terras Quentes e Frias Transmontanas
    2. Rio Côa e a Reserva “Faia Brava”
  2. O Parque Natural Douro Internacional
  3. O Parque Natural de Montesinho
Bases de Dados:
Mapas das Serras do Norte de Portugal:






2.25 Trás-os-montes e Alto Douro


A província de Trás-os-Montes e Alto Douro (TMAD) não está incluida como “plant-hunting region” no Polunin & Smythies (1973). No entanto, a grande riqueza florística (mais do que 1200 espécies de plantas vasculares) e a criação do Parque Natural de Montesinho em 1979[1] e do Parque Natural do “Douro Internacional” em 1998[2] justificam plenamente uma inclusão desta região no nosso trabalho.

Além da grande beleza paisagística desta região existem aqui em Trás-os-montes as duas “provincias florísticas” bem conhecidas da Terra Fria Transmontana (TFT) e da Terra Quente Transmontana (TQT), com microclimas muito interessantes que permitem à espécies tipicamente mediterrânicas como da amendoeira (Prunus dulcis) e do terebinto (Pistacia terebinthus) de estar nesta região do Nordeste de Portugal.

Provincia_Tras-os-Montes_e_Alto_Douro.png
Fig. 1 Província de Trás-os-Montes e Alto Douro



O Plano Regional de Ordenamento do Território de Trás-os-Montes e Alto Douro (PROT-TMAD, 2006) indica: “O único catálogo da flora vascular de TMAD, da autoria de ROZEIRA (1944)[4], está francamente desactualizado do ponto de vista taxonómico, nomenclatural e florístico.

Ainda assim, este catálogo, à semelhança de outros catálogos mais recentes, indicia que a flora de TMAD, contextualizada à escala nacional, pode ser considerada, de uma forma qualitativa, como elevada. Como exemplo, no Parque Natural de Montesinho, com cerca de 0,8% da área total do país, foram identificadas 1068 espécies de plantas vasculares, 7,5% das quais sinantrópicas (excluídos os apófitos), que representam 30% da flora vascular de Portugal continental (AGUIAR, 2002)[5]. Para a Região Demarcada do Douro CRÉSPI et al. (2005)[6] assinalam a presença de 1274 taxa (inc. espécies e subespécies).”

Até agora na Flora-On é registada a presença de mais do que 1260 espécies (incl. categorias subespecíficas) de plantas vasculares para esta região.

.Região Tras-os-montes.JPG










Terras Quentes e Frias Transmontanas


O clima da região de TMAD é fortemente marcado pelo contraste Terra Quente – Terra Fria, designações que, na realidade, correspondem a regimes climáticos claramente distintos. No (PROT-TMAD, 2006) podemos ler:

A Terra Quente Transmontana corresponde aos concelhos do Douro Superior e adjacentes, ou seja: Valpaços, Murça, Alijó, Torre de Moncorvo, Mirandela, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Alfândega da Fé e Freixo de Espada-à-Cinta, a norte do rio Douro. A sul, também se identificam com esta região os concelhos de Vila Nova de Foz Côa e S. João da Pesqueira.
A designação de Terra Quente Transmontana surge ligada, fundamentalmente, à enormes disponibilidades energéticas e ao grande défice hídrico na estação quente. Isto é, regionalmente, a Terra Quente é uma área de verões muito quentes, longos e secos, para o que concorre a fisiografia da região, com o cordão montanhoso litoral, a subtraí-la às influências atlânticas através do efeito de Fõehn.
Além dos Concelhos indicados, há ainda áreas significativas dos concelhos de Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e parte do de Vinhais que ainda detêm aspectos típicos da terra Quente. Por outro lado, há áreas incluídas nos concelhos de Alijó, Carrazeda de Ansiães, Alfândega da Fé e Torre de Moncorvo que estão mais próximas da Terra Fria do que da Terra Quente. Portanto, a Terra Quente situa-se na zona interior de Trás-os-Montes que, grosso modo, fica a leste da linha de alturas que se desenvolve ao longo do Marão, Padrela, Alto de Justes e Serra de S. Domingos, a norte do Douro, e as alturas de Penedono a Sul do Douro.

A Terra Fria identifica-se com os concelhos de Montalegre, Vila Pouca de Aguiar, Vinhais, Bragança, Vimioso, Miranda do Douro e Mogadouro. Já a sul do rio Douro, Moimenta da Plano Regional de Ordenamento do Território de Trás-os-Montes e Alto Douro Beira tem o mesmo regime climático (para além dos concelhos de Almeida, Guarda, Sabugal, Trancoso e Pinhel localizados na Beira Interior Norte).
Estão ainda incluídos tipicamente na Terra Fria grande parte dos concelhos de Vila Real e Chaves, no entanto, Chaves está associada ao seu vale fértil com um clima tipicamente de transição, enquanto que, ao concelho de Vila Real, imprime um carácter específico a zona do Baixo e Cima Corgo, mais identificadas com a Produção do vinho do Porto. A sul do Douro, Lamego e Tabuaço também têm enormes áreas de montanha, mas aqui maioritariamente marcadas pelas características mediterrânicas imprimidas pelo vale do Douro.
Os concelhos da Régua, Mesão Frio e Santa. Marta de Penaguião, são os típicos concelhos do Baixo Corgo, embora Mesão Frio apresente áreas na Serra do Marão tipicamente da Terra Fria.

Contudo, a Terra Quente e a Terra Fria não são territórios homogéneos. Apresentam uma grande diversidade climática, decorrente da situação geográfica e fisiografia, que importa caracterizar mais detalhadamente.


Gonçalves (1985) apresentou pela primeira vez a delimitação destas duas zonas climáticas. Posteriormente, no âmbito da Carta de Solos de Trás-os-Montes e Alto Douro (Vários, 1988), foi apresentada uma versão mais quantificada das zonas climaticamente homogéneas de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Capture2.JPG
Fig 2. O regime climático da região de TMAD




Aqui as delineações das regiões florísticas da Terra quente e Terra fria na Flora-On em sobreposição de imagem na Google-Earth:


Sobrposição Terra Quente.JPG
Sobreposição Terra Fria.JPG


e os respectivos links para as pesquisas geográficas sobre  “Terra quente” e “Terra fria” na Flora-On:





Geologia e Solos


No entanto, não apenas o clima determine a presença de espécies de plantas numa região. Também os solos (sobretudo  o pH), derivados da meteorização geológica, têm uma grande influença sobre a composição florística. A acção antropogénica é outro factor determinante da composição florística de uma região.

1.4.1 Geologia e geomorfologia


A região de TMAD integra-se no Soco Hercínico peninsular, também designado por Maciço Antigo, por ser bastante individualizado e bastante representativo. Esta estrutura chegou a ser conhecida como micro-placa Ibérica, mas hoje é designada por Maciço Hespérico. Trata-se de um conjunto constituído por rochas ígneas, sedimentares e metamórficas ante-mesozóicas, consolidadas sobretudo aquando dos movimentos hercínicos. Estes foram responsáveis pelas suas orientações de conjunto e pela promoção de extensos fenómenos de granitização com o decorrente metamorfismo.

O Maciço Hespérico ocupa a parte central e ocidental da Península Ibérica, pelo que 70% da superfície do território nacional está assente nesta estrutura (ARAÚJO, 1991)[11]. Por isso, é só à volta do Maciço Hespérico que se dispõem as restantes unidades constituintes. A orogenia hercínica (final do Paleozóico) dobrou e metamorfizou o Maciço Hespérico por acção do calor e da pressão. As argilas transformaram-se em xistos, os calcários em mármores e os arenitos em quartzitos (que deram origem às “cristas quartzíticas”). Foi neste período que ocorreu ainda a ascensão de grandes massas de material magmático em fusão, dando origem à maior parte dos granitos paleozóicos existentes no Norte e Centro de Portugal. Devido ao facto de ter sido dobrado e metamorfizado (muitas vezes com granitização) durante a orogenia hercínica, o Maciço Hespérico tornou-se num elemento resistente à orogenia alpina (no Mesozóico). O carácter maciço da península deve-se justamente à presença do soco hercínico que constitui a micro-placa Ibérica.

Orlando RIBEIRO (1987)[12] define como “culminação ibérica principal” a linha que se estende desde a Galiza até ocidente do Guadalquivir e ao longo da qual o Maciço Hespérico se encontra livre de coberturas sedimentares recentes. Grande parte de Portugal está, tal como a Galiza Ocidental, tão próximo do eixo da culminação que ficam, como se disse anteriormente, livres de cobertura sedimentar, aflorando a descoberto as rochas do Maciço Hespérico, que ocupam cerca de sete décimos da superfície do país. Nos outros três décimos do país, o Maciço Hespérico está coberto pelas camadas do Mesozóico e do Cenozóico.

As restantes unidades formaram-se devido à acção de diversas invasões marítimas, que tiveram lugar durante o período do Mesozóico e princípio do Cenozóico (que originaram as bacias sedimentares). É por esta razão que o substrato Paleozóico se encontra frequentemente coberto por depósitos mais recentes, que o encobrem. Todavia, ele aparece a descoberto em extensas áreas aplanadas do Interior (como na área oriental de Trás-os-Montes) e nos relevos marginais da Meseta. Plano Regional de Ordenamento do Território de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Por vezes confunde-se o Maciço Hespérico com a Meseta Ibérica, mas estes conceitos não são coincidentes. A Meseta Ibérica é uma designação geomorfológica que se aplica aos fragmentos aplanados e à cobertura tabular do soco. Alarga-se para leste, nas depressões onde o Maciço Hespérico se encontra por baixo de espessas colunas sedimentares, principalmente do Terciário. A Meseta corresponde, assim, a um planalto interior modelado em argilas e em margas miocénicas, que assentam sobre o soco hercínico. Estas áreas aplanadas, cobertas por sedimentos terciários, funcionam como bacias interiores. Assim, a Meseta corresponde, quer a uma superfície de erosão, talhada em rochas do Maciço Hespérico, quer a uma superfície de acumulação de materiais Terciários, que assentam sobre a referida superfície de erosão. Por vezes, o soco aflora em diversos locais em que a cobertura Cenozóica foi erodida, o que geralmente sucede na periferia da Meseta.

A Meseta encontra-se dividida em duas partes pela Cordilheira Central (que corresponde a um levantamento promovido pela orogenia alpina e de que fazem parte as serras da Estrela e da Gardunha). A parte Norte da Meseta apresenta uma altitude média (700-800m) superior à da parte Sul (200-400m). Na sequência das movimentações alpinas, todo o bloco da Meseta se inclinou para Oeste, definindo o traçado posterior da maior parte dos cursos de água.

Além disso, a Meseta encontra-se rodeada por uma série de relevos periféricos, alguns dos quais correspondem a elementos do Maciço Hespérico que foram soerguidos, como os relevos do Noroeste de Portugal e da Galiza. São os casos das Serras da Peneda, Gerês, Larouco, Alvão, Marão, Montemuro e os planaltos transmontanos. A fragmentação e posterior deslocação do soco hercínico deu também origem a depressões tectónicas (grabens). Estas bacias, situadas em acidentes e fracturas tardi-hercínicas (final do Paleozóico), foram depois preenchidas por depósitos. São os casos das veigas de Chaves e da Vilariça. Esta acção tectónica originou diversas fracturas, tendo as falhas uma orientação predominantemente NE-SW, NW-SE e também N-S, sendo as mais importantes as do Gerês, Vilariça, Régua-Verín, Ponsul e Messejana. Estas e outras falhas tardi-hercínicas viriam a influenciar toda a evolução tectónica posterior, pela sua reactivação, pelo rejogo das falhas durante a orogenia alpina e por condicionarem a sedimentação ao longo do Mesozóico e do Cenozóico.

Na Meseta existem aplanações locais mais recentes, em geral formando rampas de tipo "Pedimento", com depósitos detríticos muito grosseiros associados, chamados "ranhas", que permitem datá-las entre o Pliocénico Superior e o Quaternário Inferior (Vilafranquiano). Assim, o Vilafranquiano terá sido a idade do último retoque na superfície da Meseta, como demonstram as "ranhas" que assentam sobre ela. Plano Regional de Ordenamento do Território de Trás-os-Montes e Alto Douro.

O Maciço Hespérico peninsular é constituído por faixas rochosas de idade e características distintas (de sentido predominante Noroeste – Sudeste), definindo as designadas zonas estruturais, que agrupam características comuns. São a Zona Cantábrica, a Zona Oeste- Astúrico-Leonesa, a Zona Centro-Ibérica, a Zona da Ossa-Morena e a Zona Sul Portuguesa. Estas zonas encontram-se separadas por acidentes profundos.

O território da região de TMAD inscreve-se na Zona Centro Ibérica. Uma das características da Zona Centro-Ibérica é a quase total ausência de formações do Pré-Câmbrico, com excepção de um afloramento de gnaisse do tipo “Olho-de-sapo” na região de Miranda do Douro, situado sob o complexo xisto-grauváquico ante-orvodícico. Corresponde a uma série de tipo flysch (sedimentação), de idade pré-Câmbrico Superior/Câmbrico. Nesta zona afloram extensas manchas de granitóides hercínicos, com características variadas (como os da série alcalina e calco-alcalina), resultantes do intenso magnetismo que ocorreu nesta região. As rochas básicas são muito menos importantes.

Nesta zona existe um sector distinto, a subzona da Galiza Média Trás-os-Montes. Uma das características mais salientes é o facto de possuir cinco maciços de forma arredondada compostos por rochas de alto grau de metamorfismo e de composição máfica e ultramáfica. Dois destes maciços situam-se em Bragança e Morais.

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Fig. 3 Distribuição das formações geológicas na região de TMAD



1.6.1 Os Solos do Nordeste de Portugal: Unidades Principais e Secundárias


A Carta de Solos do Nordeste de Portugal (Agroconsultores e Coba, 1991) constituiu a fonte principal de informação sobre os solos de TMAD. Esta cartografia aplica, com adaptações, a legenda, da Carta de Solos do Mundo (FAO/UNESCO, 1987) na classificação das unidades pedológicas e recorre aos conceitos e procedimentos de um sistema de avaliação de terras na classificação da aptidão daquelas unidades.
A distribuição espacial das unidades principais (Fig.8) mostra a forte dominância dos Leptossolos na região. Os Cambissolos ocupam quase metade da área não afecta a Leptossolos. Os solos evoluídos (Luvissolos, Alissolos e Pódzois) cobrem menos de 2% de um território rondando os 23000ha.


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Fig. 4 Distribuição dos principais tipos de solo na região de TMAD



Sublinha-se a presença na região de solos “feitos pelo homem”, os Antrossolos, que abrangem uma área significativa (quase 108000 ha), concentrada fundamentalmente no vale do Douro. Os Fluvissolos, bordejando as linhas de água, os Regossolos, nas bolsas coluviais, e os Pararregossolos (nova unidade taxonómica integrando solos mais espessos que os Leptossolos), completam o conjunto dos solos incipientes. No Quadro 1 apresenta-se as unidades principais e secundárias (de acordo com os sistemas FAO) dos solos. As secundárias dão indicações claras acerca dos níveis de matéria orgânica no horizonte A (nos úmbricos muito mais elevada que nos restantes), acidez (opondo êutricos e crómicos aos restantes, ácidos a muito ácidos estes) e espessura (os Líticos apresentam rocha dura a menos de 10cm de profundidade).

Quadro 1: Características, subdivisões e área das unidades pedológicas de TMAD

Unidades Principais
Unidades Secundárias
Solos incipientes
Leptossolos (72% da área total)
Solos delgados e de elevada pedregosidade (limitados por rocha dura < 50cm de profundidade);
Perfil: A R, A C R ou A B C R (no caso dos Dístricos e Êutricos Câmbicos);
Todas as litologias excepto sedimentares não
consolidadas;
Saturação em bases.
Líticos (6,1% da área dos Leptossolos)
Muito delgados (rocha dura <10cm profundidade="" span="">
Úmbricos (31,3%)
Teor médio/elevado Matéria orgânica, Cor escura no Horizonte A (úmbrico);
Dístricos (45,7%)
Horizonte A ócrico, V<50 cidos="" muito="" span="">
Êutricos (17,0%)
Horizonte A ócrico, V>50%, Ácidos/neutros;
Solos pouco evoluídos
Cambissolos (13%)
Solos com Horizonte B câmbico, não limitados por rocha dura <50cm de="" em:="" formados="" profundidade="" span="">
  1. Materiais de alteração da rocha subjacente: Perfil A B C R ou A B R, pedregosidade baixa, espessura do solum <1m as="" em="" litologias="" span="" todas="">
  2. Depósitos de vertente de declive acentuado: Perfil A B 2C 2R ou A B 2R, pedregosidade muito elevada, espessura em geral >1m, em xistos, granitos, quartzitos e rochas básicas;
  3. Depósitos coluviais de base de encosta ou fundo de vale: Perfil A B C, A B 2C 2R ou A B 2R, moderada pedregosidade, espessura até 1m, em xistos e granitos.
Líticos (6,1% da área dos Leptossolos)
Muito delgados (rocha dura <10cm profundidade="" span="">
Úmbricos (31,3%)
Teor médio/elevado Matéria orgânica, Cor escura no Horizonte A (úmbrico);
Dístricos (45,7%)
Horizonte A ócrico, V<50 cidos="" muito="" span="">
Êutricos (17,0%)
Horizonte A ócrico, V>50%, Ácidos/neutros;
Crómicos (1,0%)
Horizonte A ócrico, V>50%, Horizonte B pardo forte a vermelho;
Vérticos (0,3%)
Teor elevado de argilas expansíveis em todo o solum.
Solos evoluídos
Luvissolos (0,5% da área total)
Solos com Horizonte B árgico, no qual T> 16 me /100g e V > 50%;
Ocorreu processo de lavagem, com migração e acumulação de argila em profundidade;
Perfil: A Bt C R ou A Bt .C
Crómicos (27,7% da área Solos Evoluídos)
Horizonte B pardo forte a vermelho, em xistos, rochas básicas e ultrabásicas e sedimentos detríticos não consolidados;
Háplicos (1,9%)
Ácidos/neutros, mais delgados que crómicos, em
rochas básicas.
Alissolos (1,2%)
Solos com Horizonte B árgico, no qual T> 16 me /100g e V <50 span="">
Também processo de lavagem, com lixiviaçãoacentuada de bases;
Perfil: A Bt C R ou A Bt C.
Háplicos (66%)
Horizonte A ócrico, ácidos/muito ácidos, em xistos e sedimentares não consolidadas
Gleicos (-)
Propriedades hidromórficas<1m span="">
em sedimentares não consolidadas.
Pódzois (0,1%)
Solos com Horizonte B espódico;
Ocorreu processo de podzolização, com migração e acumulação de húmus e sesquióxidos em profundidade, em correlação com um horizonte fortemente eluviado (Horizonte E álbico);
Perfil: A E Bhs C ou A E Bh Bs C.
Háplicos (4,8%)
Muito ácidos, em depósitos de vertente em áreas de quartzitos.
Outros solos incipientes
Fluvissolos (0,9% da área total)
Solos espessos, desenvolvidos sobre os depósitos das planuras aluviais;
Perfil: A C ou A C Cg.
Úmbricos (13,9% da área dos Fluvissolos)
Horizonte superficial espesso, escuro, teor elevado Matéria orgânica (úmbrico/hístico);
Dístricos (61,1%)
Horizonte A ócrico, V<50 cidos="" mediana="" span="" textura="">
Êutricos (24,2%)
Horizonte A ócrico, V>50%, Ácidos/neutros, textura mediana/fina;
Calcáricos (0,7%)
Com materiais calcários pelo menos entre 20 e 50cm profundidade.
Regossolos (0,7% da área total)
Solos desenvolvidos sobre depósitos coluvionares,
com espessura>1m;
Perfil: A C ou A C 2R.
Úmbricos (5,3% da área do conjunto)
Teor médio/elevado Matéria orgânica, Cor escura no Horizonte A (úmbrico);
Dístricos (7,2%)
Horizonte A ócrico, V<50 cidos="" muito="" span="">
Êutricos (0,6%)
Horizonte A ócrico, V>50%, Ácidos/neutros.
Pararregossolos (4,7%)
Nova Unidade Taxonómica, criada para incluir solos desenvolvidos sobre materiais de alteração in situ, com rocha dura a mais de 50cm de profundidade;
Perfil: A C ou A C R.
Úmbricos (76,0%)
Idem Regossolos;
Dístricos (11,0%)
Idem Regossolos;
Êutricos + Calcáricos* (-)
Idem Regossolos; * com materiais calcários.
Antrossolos (6,9% da área total )
Solos em que actividades humanas têm provocado profundas modificações na características originais;
Antrossolos áricos - resultantes da acção de mobilizações profundas ou deslocações de materiais a partir de cortes ou enchimentos, com alteração profunda dos horizontes originais, dos quais podem ainda encontrar-se porções remanescentes.
Antrossolos áricos terrácicos - resultantes de intervenção sobre Cambissolos e Regossolos, para construção de terraços, em que é raro o desmantelamento da rocha;
Pedregosidade baixa, espessos, de utilização antiga, predominantes em áreas graníticas;
Perfil: Ap C.
Úmbricos (10,5% da área de Antrossolos)
Teor médio/elevado Matéria orgânica, Cor escura no Horizonte A (úmbrico);
Dístricos (30,3%)
Horizonte A ócrico, V<50 cidos="" muito="" span="">
Êutricos (0,2%)
Horizonte A ócrico, V>50%, Ácidos/neutros.
Antrossolos áricos surríbicos - resultantes de mistura de Leptossolos originais com o produto do desmantelamento da rocha
Pedregosidade muito elevada, horizonte A em geral incipiente devido à relativamente recente intervenção, predominantes em xistos.
Dístricos (50,6%)
Idem terráricos
Êutricos (8,4%)
Idem terráricos.
Fonte: Agroconsultores e Coba, 1991.




Vegetação potencial da TMAD



No Mapa da Vegetação Natural da Europa de U. Bohn et al. (2002) encontramos 4 tipos de vegetação potencial para a região de Trás-os-Montes e Alto Douro: a vegetação tipo J5, J24, G 65 e G67.


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As formações J5 e J24 pertencem às florestas sclerófilas mediterrânicas enquanto as formações G65 e G67 às florestas termófilas caducifólias. Esta divisão reflecta bem as diferenças climáticas encontradas pelas Terras Quentes Transmontanas (TQT) e Terras Frias Transmontanas (TFT) descritas anteriormente.




J5.JPG
Distribuição geográfica da formação J5 na Península Ibérica


J -  Mediterranean sclerophyllous forests and scrub
1 -  Meso- and supra-Mediterranean as well as relict sclerophyllous forests (Quercus ilex, Q. ilex subsp. rotundifolia, Q. coccifera, Q. suber, Pistacia lentiscus)
1.1 -  Quercus ilex subsp. rotundifolia-forests
J5 -  Old Castilian supra-Mediterranean Quercus ilex subsp. rotundifolia-forests with Genista hystrix on siliceous and serpentine rocks




J24.JPG
Distribuição geográfica da formação J24 na Península Ibérica


J -  Mediterranean sclerophyllous forests and scrub
1 -  Meso- and supra-Mediterranean as well as relict sclerophyllous forests (Quercus ilex, Q. ilex subsp. rotundifolia, Q. coccifera, Q. suber, Pistacia lentiscus)
1.3 -  Cork oak forests (Quercus suber)
J24 -  North Lusitanian meso-Mediterranean cork oak forests (Quercus suber) with Juniperus oxycedrus








G65.JPG
Distribuição geográfica da formação G65 na Península Ibérica

G -  Thermophilous mixed deciduous broad-leaved forests
4 -  Iberian supra- and meso-Mediterranean Quercus pyrenaica, Q. faginea, Q. faginea subsp. broteroi and Q. canariensis forests
4.1 -  West and central Iberian supra- to meso-Mediterranean Quercus pyrenaica-forests on siliceous rocks
G65 -  Northwest Iberian supra-Mediterranean Quercus pyrenaica-forests with Holcus mollis





G67.JPG
Distribuição geográfica da formação G67 na Península Ibérica

G -  Thermophilous mixed deciduous broad-leaved forests
4 -  Iberian supra- and meso-Mediterranean Quercus pyrenaica, Q. faginea, Q. faginea subsp. broteroi and Q. canariensis forests
4.1 -  West and central Iberian supra- to meso-Mediterranean Quercus pyrenaica-forests on siliceous rocks
G67 -  Northwest Iberian supra-Mediterranean Quercus pyrenaica-forests with Genista falcata

O Vale do Rio Côa

O Rio Côa nasce nos Fóios (Sabugal), mais concretamente na Serra das Mesas, a 1.175 m de altitude, próximo da Serra da Malcata. Percorre cerca de 135 km até desaguar na margem esquerda do rio Douro, perto de Vila Nova de Foz Côa, a 130 m de altitude. É dos poucos rios portugueses que efectuam um percurso na direcção Sul-Norte.

  1. Arte rupestre paleolítica


Trás-os-Montes é mundialmente conhecido pelas gravuras paleolíticas de arte rupestre do Vale do Côa.

Penascosa.png
Sítio - Penascosa:  Observam-se dois cavalos e dois machos de cabra-montês (Paleolítico superior)

Os sítios de arte rupestre do Vale do Coa situam-se ao longo das margens do rio Coa, sobretudo no município de Vila Nova de Foz Coa. Outros municípios abrangidos: Figueira de Castelo Rodrigo, Mêda e Pinhel.

Forma uma rara concentração de arte rupestre composta por gravuras em pedra datadas do Paleolítico Superior (22 000–10 000 a.C.).

O Parque Arqueológico do Vale do Côa foi criado em Agosto de 1996 tendo como objectivos gerir, proteger, musealizar e colocar em visita pública a arte rupestre do Vale do Côa.

A arte do Côa foi classificada como Monumento Nacional em 1997 e Património da Humanidade em 1998 pela UNESCO.

Em Agosto de 2010 a extensão do Vale do Côa em Espanha, Siega Verde, foi inscrita na lista de património mundial do Comité do Património Mundial da UNESCO. Esta estação rupestre situa-se junto ao rio Águeda, um afluente do Douro, a poucos quilómetros da fronteira portuguesa de Vilar Formoso, em Villar de la Yegua, Salamanca, e integra 94 painéis espalhados por 15 quilómetros, com mais de 500 representações de animais e alguns signos esquemáticos que foram descobertos no final dos anos oitenta. As semelhanças com as gravuras de Foz Côa permitiram assegurar que as gravuras de Siega Verde foram realizadas pelos homens do Paleolítico Superior, entre 20 mil e 12 mil anos antes da nossa era, sendo contemporâneas das do Côa.

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(2) A Reserva da “Faia Brava”

A criação da Reserva da Faia Brava, em junho de 2000, teve como objetivo inicial a conservação do britango [PDF 104 KB] Neophron percnopterus [PDF 157 KB] 

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Britango, Abutre de Egipto (Neophron percnopterus)
 Foto:  © Fernando Romão (fromao@sapo.pt)

e da águia de Bonelli [PDF 338 KB] Aquila fasciata [PDF 161 KB] no vale do Coa.
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Águia de Bonelli (Hieraaetus fasciatus)[18]

Nesse âmbito, e com apoios internacionais, a Associação Transumância e Natureza (ATN) procedeu à aquisição de um conjunto de propriedades importantes para essas espécies de aves, que, com o tempo, se foram interligando e formam presentemente uma área contínua com 526 ha, nas freguesias de Algodres e Vale de Afonsinho (concelho de Figueira de Castelo Rodrigo) e freguesia de Cidadelhe (concelho de Pinhel). A Faia Brava é gerida, exclusivamente, para efeitos de conservação da natureza e da biodiversidade.

A Área Protegida Privada da Faia Brava insere-se no vale do rio Coa, num troço de cerca de 5 km de extensão, com orientação sul-norte, e encostas de grande declive, onde afloram rochas graníticas escarpadas. O clima apresenta um aspecto continental seco, com grandes amplitudes térmicas e fraca pluviosidade média. A Reserva situa-se na provincia florística da “Terra Quente Transhumana”.

Encontramos nesta região uma flora com elementos mediterrânicos como o terebinto (Pistacia terebinthus)

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O terebinto (cornalheira) (Pistacia terebinthus)


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Galha de Baizongia pistacia em Pistacia terebinthus com pulgões (afídeos) alados


e a amendoeira (Prunus dulcis) - que deu fama ao Vale do Douro devido à surpreendente occorência e cultivo desta espécie nesta região.

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Flor de amendoeira (Prunus dulcis)



O coberto vegetal da Faia Brava é dominado por matos de giesta-branca Cytisus multiflorus, por vezes arborescentes, com presença de sobreiro Quercus suber e azinheira Quercus rotundifolia. As encostas mais termófilas (i.e. mais quentes) estão cobertas de piorno Retama sphaerocarpa, zambujeiro Olea europea var. silvestris e cornalheira Pistacia terebinthus. Nas margens rochosas e arenosas do rio Coa desenvolvem-se maciços de tamujo Securinega tinctoria.




A fauna do Vale do Coa é diversificada, estando assinalado um total de 149 espécies de vertebrados, nomeadamente 6 peixes (1 espécie ameaçada), 9 anfíbios, 9 répteis, 100 aves (11 espécies ameaçadas) e 25 mamíferos (3 espécies ameaçadas). O sub-grupo faunístico que reúne maior número de espécies com elevado estatuto de ameaça corresponde ao das aves rupícolas. O uso do solo é sobretudo agrícola e assenta na olivicultura e produção de cortiça.

Para finalizar esta visita do Vale do Côa aqui algumas fotografias da paisagem, flora e fauna da Reserva Faia Brava  tirades em 2010 durante um levantamento florístico nesta reserva:


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Rio Côa
Rio Côa




Anotações e Bibliografia


[3] From Wikipedia.
[4] Arnaldo Rozeira. A flora da Província de Trás-os-Montes e Alto Douro: (Estudo de distribuição geográfica.). Instituto de Botânica Dr. Goncalo Sampaio, 1944. 203 pp.
[5] AGUIAR, C. (2002), Flora e Vegetação da Serra de Nogueira e do Parque Natural de Montesinho. Dissertação de Doutoramento em Engenharia Agronómica. Universidade Técnica de Lisboa.
[6] CRESPÍ, A., A. Sampaio E CASTRO & S. BERNARDOS (2005), Flora da Região Demarcada do Douro. João Azevedo Editores. Mirandela.
[7] GONÇALVES, D. A. (1985), A Rega de Lima no Interior de Trás-os-Montes, Alguns Aspectos da sua Energética. Vila Real. IUTAD.
[8] VÁRIOS (1988). Carta dos Solos, Carta da Utilização Actual da Terra e Carta da Aptidão da Terra do Nordeste de Portugal, versões preliminares (trabalho efectuado por Agroconsultores e COBA para o Projecto n° 12 PDRITM). UTAD, Vila Real. v +224 pp. + Cartas
[9] Extratos de PROT-TMAD (2006)
[10] Extrato de PROT-TMAD (2006)
[11] ARAÚJO, Maria da Assunção (1991), Evolução geomorfológica da plataforma litoral da região do Porto, Universidade do Porto, Porto.
[12] RIBEIRO, Orlando (1987), O Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico, 5ªEdição, Liv. Sá da Costa, Lisboa.
[13]  Extrato de PROT-TMAD (2006)
[14] AGROCONSULTORES e COBA (1991), Carta dos solos, carta do uso actual da terra e carta da aptidão da terra do Nordeste de Portugal, UTAD.
[15] AGROCONSULTORES e COBA (1991), Carta dos solos, carta do uso actual da terra e carta da aptidão da terra do Nordeste de Portugal, UTAD.

[16] Foto da Autoria de Pedro Guimarães
[17] From: Bicho, N et al. (2007) - Journal of Archaeological Method and Theory, Vol. 14, No. 1, March 2007
[18] Foto:  © Fernando Romão (fromao@sapo.pt)
[19] http://viagemavoltadavida.blogspot.pt/2010/11/aguia-de-bonelli.html







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