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(contains Web links to Flora-On for observed plant species, Web links to high resolution Google satellite-maps (JPG) of plant-hunting regions from the Iberian peninsula; illustrated text in Portuguese language)



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terça-feira, 19 de novembro de 2024

Flowers of South-West Europe revisited (I - Introdução)

“Flowers of South-West Europe - a field guide” - de Oleg Polunin e B.E. Smythies


“Revisitas” de regiões  esquecidas no tempo - “Plant Hunting Regions” - a partir de uma obra de grande valor para o especialista e amador de botânica como da Natureza em geral.



Por
Horst Engels, Cecilia Sousa, Luísa Diniz, Nicole Engels, José Saraiva, Victor Rito
da
Associação “Trilhos d’Esplendor”

Every man carries within himself
a world made up of all that he has seen and loved; and it is to this
world that he returns incessantly, though he may pass through, and
seem to inhabit, a world quite foreign to it.[1]

I - Introdução

1.1. “A la recherche du temps perdu e ?retrouvé?”

Quando era ainda estudante de biologia na Universidade de Bona, entre 1970 e 1978, encontrei um dia numa grande livraria de Bona um livro que acabou de ser publicado nesta altura, livro que gostei imediatamente pela apresentação e que ia acompanhar-me durante toda minha vida. Este livro é o guia de campo “Flowers of South-West Europe[2][3][4]de Oleg Polunin e de Bertram E. Smythies.

 

Já tinha viajado várias vezes para Espanha e Portugal, e fazia me falta um guia de campo para poder identificar as inúmeras espécies de plantas até aí por mim desconhecidas. Este livro foi um achado - e posso afirmar sinceramente que apaixonei-me logo por ele. Primeiro, tinha um quadro em 4 cores da utilização dos terrenos (“Land Use”) da Península Ibérica - quadro com bastantes cores e pormenores. Como um biólogo de campo fica frequentemente ou talvez até quase sempre atraído em primeiro lugar pela estética dos objectos da Natureza, foi de certeza por isso que a apresentação bonita do livro me fascinou imediatamente. Segundo, a obra tinha “23 plant hunting regions”, áreas valiosas de “caça” para um amador botânico como eu, onde se podia encontrar as espécies mais bonitas e raras de plantas da Península Ibérica. E em terceiro lugar, tinha uma descrição pormenorizada, incluindo muitas fotografias, de mais do que 2400 das cerca de 6000 espécies de plantas existentes na área coberta pelo livro. Só a partir de 2012 temos em Portugal numa Flora-On, página Web e Base de Dados na Internet, um instrumento com fotografias para preencher esta lacuna de uma ilustração exaustiva da flora portuguesa - e naturalmente a Flora Iberica, a principal e ainda inacabada flora da Península Ibérica (nem ainda começada nesta altura quando eu era estudante).

 
Oleg Polunin era botânico, Bertram E. Smythies era ornitólogo, inglêses que foram galardiados em 1983 (Polunin) e 1985 (Smythies) com o prémio H.H. Bloomer da Linnean Society. Ambos os premiados já faleceram, Oleg Polunin em 1985, Bertam E. Smythies em 1999. Mas ficam para sempre as obras maravilhosas deles, Flowers of South-West Europe and Flowers of Greece and the Balcans entre outras.  Estas duas obras são floras locais e complementos para o livro Flowers of Europe de Oleg Polunin.
O guia de campo de Polunin & Smythies tem, no entanto, uma base sólida em trabalhos botânicos de Heinrich Moritz Willkomm, um botânico alemão de origem de Sachsen, que fez 3 expedições botânicas para a Península Ibérica (1844-1846; 1850 e 1870)[5][6] em que coleccionou mais do que 30.000 exemplares de plantas. Este Herbário de Willkomm[7] existe ainda hoje na Universidade de Coimbra. Willkomm publica na base deste herbário em colaboração com o botânico dinamarques Johann Martin Christian Lange entre 1861 e 1880 a primeira Flora de Espanha Prodromus Florae Hispanicae (Willkomm & Lange, 1861-1880)[8][9] que constitui uma obra de consulta obrigatório para todos os estudiosos de botânica da Península Ibérica.
A última obra de Willkomm, Grundzuege  der  Pflanzenverbreitung  auf  der  iberischen  Halbinsel.[10], publicada em 1896, serviu certamente de base para o guia de Polunin & Smythies.   Assim o guia de “Polunin & Smythies” é na realidade já uma “revisita” numa sequência de visitas já bastante antigas de botânicos para a Península Ibérica no âmbito de estudos da sua valiosa Flora.

Como os textos originais escritos em inglês e em alemão não são de fácil acesso, gostariamos de apresentar neste blog as “23 plant hunting regions” da obra “Flowers of South-West Europe” de Polunin & Smythies (e algumas mais) e ilustrar estas regiões com mapas para possibilitar uma melhor orientação nestes locais. Também não é sempre fácil encontrar as regiões descritas por Polunin & Smythies por um mapa de estradas, uma vez que os locais descritos são frequentemente sítios isolados e pouco conhecidos. Apenas recentemente com ajuda da pesquisa no Google consegue-se localizar muitas destas regiões e locais com mais facilidade. No entanto, estas regiões com características botânicas valiosas podem também  apresentar ilhas e refúgios de uma agricultura e medicina tradicional, e de outras estruturas sociológicas humanas tradicionais, possivelmente em vias de desaparecimento. Queremos introduzir nesta “revisão” da obra do “Polunin & Smythies” também uma componente nova de observação e interrogação sobre ligações entre Homem e Natureza em regiões não ou pouco perturbados. A conservação da biodiversidade é um dos objectivos primordiais da ecologia actual e passa necessariamente também pela conservação da diversidade das tradições e costumes humanos, tomando em consideração possíveis danos que uma destruição do equilibrio entre Homem e Natureza pode causar. Quase todas paisagens consideradas naturais ou semi-naturais são na realidade um produto e espelho da acção e interacção diversificada do homem.
Mas existem outros factores do que o facilitado acesso às regiões isoladas que contribuem hoje para alterações possíveis no comportamento e nos costumes das pessoas que habitam estas zonas frequentemente isoladas. Em 1846 quando Moritz Willkomm visitou o Algarve e em 1973 quando o “Polunin & Smythies” foi escrito, o Algarve era uma região quase desconhecida por estrangeiros. Ainda em 1971 a ‘Praia de Falésia’ entre Olhos de Água e Vilamoura foi visitada apenas por meia dúzia de turistas excêntricos. Hoje esta praia tem dezenas de milhares de visitantes em cada mês do verão até ao inverno. O “Pinhal  do Conselho” que se estendia atrás da Praia da Falésia era riquíssimo em geófitos e em espécies raras, mas foi destruído pelas urbanizações e campos de golfo dos imobiliários e pela industria selvagem do turismo.[12] Mas também a população “indígena” (como pescadores que não tinham defesas contra esta invasão) foi seriamente danificada ou destruída. Muitos dos jovens pescadores que abandonaram a sua profissão caíram mais tarde no consumo de álcool ou de drogas e destruíram assim a sua vida. Para alguns foi uma quase total perda das suas raízes.
Outro caso de destruição ambiental e possivelmente da flora autóctona da região é o caso da Costa del Sol na Espanha e em particular da parte oriental por sul do Cabo de Gata que há 30-40 anos era uma zona desértica, no entanto com a flora muito rica (2500 espécies de plantas na província de Almeria e ca de 1000 espécies de plantas vasculares apenas no Cabo de Gata. 75% destas 1000 espécies são exclusivos do mediterrânico, 12% são Endemismos africo-ibéricos e 12% só únicos da Península Ibérica. 6 espécies são encontradas exclusivamente no Cabo de Gata.  Esta região sofreu profundas alterações e começou a ter um dinamismo próprio devido à métodos novos e intensivos de agricultura de forma que a área está neste momento parcialmente e em algumas zonas totalmente coberta por plásticos. Visto pelas imagens satélites parece que “nevou no deserto”. As consequências para a flora e fauna e para estruturas sociológicas da população e dos migrantes são ainda desconhecidas. Assim, podemos ficar na espectativa  que as regiões do “Polunin & Smythies”, além do seu valor botãnico, representam provavelmente também uma amostra imparcial de regiões ecologicamente e antropologicamente valiosas e sensíveis e com características bem diferentes do resto da Península Ibérica.

Parte oriental da Costa del Sol (Espanha)

“Neve no deserto” - zona de implantação de estufas na província de Almeria (Espanha)

Temo nós de interrogar se estas transformações da paisagem deixam ainda espaço para uma flora característica e endémica e para uma convivência harmoniosa e saudável dos habitantes desta região com a Natureza?
Aqui um texto (traduzido de alemão para português) sobre o cultivo em estufas nesta área e sobre as condições humanas neste ambiente[13][14] que já deve dar uma resposta parcial à estas perguntas:

Maior estufa do Mundo
Folhas de plástico sujos e cinzentas, até par onde o olhar chega. O "mar de plástico" entre El Ejido e Almeria, no sul da Espanha ocupa uma área de aproximadamente 350 quilômetros quadrados - que é maior do que o Lago de Neusiedl. Nesta paisagem artificial, provavelmente a maior estufa do mundo, crescem tomates, pepinos e pimentões que fornecem comer à metade da Europa - especialmente nos meses de inverno.

 
Condições de trabalho inaceitáveis

Mas neste mar de plástico vivem também os trabalhadores, dezenas de milhares de pessoas, bem camuflados nos seus "Chabolas", barracas de papelão e resíduos plásticos. "... normalmente não maior do que dois metros por dois metros e equipado com uma cama improvisada -, sem electricidade, água e saneamento, sempre com medo de serem presos pela polícia e expulsos do país " (Europäisches BürgerInnenforum, Março de 2005)



96% dos trabalhadores no ramo da agricultura na província de Almería são migrados. Eles provêm dos países Magreb, países por sul do Sahara, da América latina e da Europa de leste. No total são cerca de 96.000 pessoas que trabalham sazonalmente na agricultura nesta região.
Aqui mais umas imagens emocionantes deste drama humano e ecológico no sul-oeste da Península Ibérica:












E também uns exemplos de plantas endémicas do Sul da Península e de África do Norte ou até confinadas à região de Almeria e do Cabo de Gata:



Cistanche phelypaea
Phlomis almeriensis
Sideritis osteoxyla
Rosmarinus eriocalyx
Asteriscus pygmaeus
Euzomodendron bourgeanum









Gostavamos também de saber qual o estado actual de conservação de espécies como estas e qual a tendência provável da sua protecção futura. Podemos comparar o estado actual com o do tempo de “Polunin & Smythies” que é apenas um passado de 30-40 anos - nada em relação às milhares e milhões de anos que estes endemismos e espécies raras precisaram para a sua evolução - e tentar extrapolar para um futuro incerto.
Mas temos outros exemplos de alterações profundas nas estruturas destas regiões do  “Polunin & Smythies”: No Norte de Portugal, na Galiza e na Cordilhera Cantâbrica existem algumas espécies de galináceos, como o urogallo (Tetrao urogallus) - que nidificava provavelmente na Serra do Gerês e que já não se encontra em Portugal há mais do que 100 anos, a charella (Perdix perdix), a perdix-vermelha (Alectoris rufa)  e outros que demonstram todas uma diminuição e declínio alarmante da sua distribuição e densidade populacional. O urogallo cantâbrico (Tetrao urogallus ssp. cantabricus) e a charella ibérica (ou perdix-cinzenta) (Perdix perdix ssp. hispaniensis), endémicas do Norte da Península Ibérica e que encontraram outrora também no Norte de Portugal, encontram-se mesmo actualmente em vias de extinção.

O Tetraz-grande (urogallo) (Tetrao urogallus)

O mesmo é o caso para alguns mamíferos de grande porte como o urso pardo cantábrico Ursus arctus ou o lince-ibérico (Lynx pardina). Sobretudo a fragmentação das paisagens e intensificações na agricultura, mas também o turismo, métodos de caça furtiva, etc. devem causar que estas espécies já não têm o espaço necessário para manter populações viáveis e que se encontram assim em perigo de desaparecer. Estas espécies podem ser salvas talvez apenas por libertação em zonas protegidas após criação em cativeiro.
No entanto e muito no sentido de querer ajudar à própria Natureza, existem grandes esforços de salvação destas espécies. Assim existem sempre esperanças como as notícias no blog IberiaNature indicam:

Urso europeu nas Cantábricas Ursus arctos ssp. arctos (Foto: Javier Naves)


O lince-ibérico (Lynx pardina) que se encontra ainda em poucas regiões do Sul-Oeste da Espanha e de ?Portugal (?Serra da Malcata).


Pelo lado positivo, foram criadas desde a primeira publicação do livro muitas novas zonas protegidas em Portugal e na Espanha. Algumas delas já são Reservas de Biosfera e tomam em conta a interacção humana com a paisagem. Aqui os mapas que mostram a distribuição de reservas que existem actualmente em Portugal e na Espanha:

Zonas de Proteção Especial (ZPE) em Portugal 
no âmbito da “Directiva Aves” da Rede Natura 2000

A política de Conservação da Natureza da União Europeia no interior do seu território baseia-se fundamentalmente em dois documentos: a Directiva do Conselho 79/409/CEE relativa à protecção das aves selvagens ( conhecida por "Directiva das Aves") adoptada em Abril de 1979 e a Directiva do Conselho 92/43/CEE relativa a conservação dos habitats naturais e da fauna e flora selvagens (conhecida por "Directiva Habitats") adoptada em Maio de 1992.
Estas directivas estabelecem as bases para a protecção e conservação da fauna selvagem e dos habitats da Europa apontando para a criação de uma rede ecológicamente coerente de áreas protegidas denominada Rede Natura 2000. Esta última será constítuida por:
1. Zonas de Protecção Especial (ZPE) destinadas a conservar as 182 espécies e sub-espécies de aves contidas no Anexo I da "Directiva das Aves" bem como as espécies migradoras;
2. Zonas Especiais de Conservação (ZEC) que visam conservar os 253 tipos de habitats, 200 animais e 434 plantas constantes dos anexos da "Directiva Habitats". A finalidade primeira desta rede é a de manter ou recuperar habitats e espécies garantindo-lhes um estatuto de conservação favorável.

Desde 1995, Espanha recebeu um número crescente de turistas estrangeiros (no total o número cresceu de 34,9 milhões em 1995 para 52,2 milhões em 2009. Espanha tem actualmente 14 Parques Nacionais que assumam funções significativos educativos e de lazer (em 2008 a rede dos Parques Nacionais de Espanha com cerca de 347.000 ha recebeu 10,2 milhões de visitantes - e 9,9 milhões em 2009). Com este número elevado de visitantes, mesmo as regiões mais remotas começam a ser ameaçadas de serem alteradas e deterioradas por introdução de novas infra-estruturas acompanhantes ao turismo e de novos hábitos e costumes de cultura antropológica, com consequências ainda desconhecidas.  Igualmente as doenças psiquiátricas podem aumentar nestas regiões. E em fim, a própria flora e fauna, até agora nestas ilhas ou refúgios ainda resoavelmente conservada, corre sem sombra de dúvida graves riscos de perda ou de extinção. A situação não é a mesma como na altura quando Polunin e Smythies visitaram estas regiões há 30 ou 40 anos atrás. Devemos tentar compreender se a riqueza florística se mantive até agora e se os costumes e hábitos antropológicos se conservaram também. Para algumas das regiões como o Algarve ou a Costa del Sol temos infelizmente de constatar que isso já não é o caso. Estas regiões (ou uma grande parte delas) são definitivamente e para sempre destruídas sobre aspectos da sua biodiversidade de flora e fauna autóctone admitindo que a evolução de uma espécie nova será um processo lento que demora na regra e no mínimo centenas de milhares de anos. Temos a obrigação de estudar a sistémica dos refúgios biológicos valiosos ainda existentes para poder tentar salvar o que restou até agora - se ainda acreditamos nessa possibilidade.
Mas a mais poderosa arma para esta salvação será um crescente amor para a Natureza, para as plantas e os animais e em fim para o próprio Homem. Este amor tem de ser alimentado pela apreciação da beleza da Natureza, das suas formas, do seu cheiro, do orvalho da manha e do nascer e por do sol. Não são os meios da Informática ou das Novas Tecnologias que podem transmitir estas sensações, apenas podem ajudar na sua transmissão. Na consequência, devemos continuar a visitar estes lugares valiosos com o devido respeito para a sua conservação e para obter uma mais valia e um enriquecimento da nossa mente. Uma das tarefas importantes “em procura de tempo perdido” num reencontro de equilibrio individual será assim sem dúvida a procura para uma deaceleracção da vida tecnológica moderna - um caminho importante na procura de qualidade de vida melhor e de mais felicidade individual e colectivo (veja filme sobre o tema).[15]
Veja à seguir:
        


[1] Citação em Claude Lévi-Strauss (1908-2009), ‘Tristes Tropiques’. (Translated by John Russell). Uma citação de: François-René de Chateaubriand (1768-1848) - Voyage en Italie.
[2] Oleg Polunin, Bertram Evelyn Smythies: Flowers of South-West Europe: A Field Guide. Oxford University Press, 1973
[3] Tradução espanhola do livro: Guía de campo de las flores de España, Portugal y sudoeste de Francia
Author:     Oleg Polunin; Bertram E Smythies     Publisher:     Barcelona : Ediciones Omega, 1977.
[5] Devesa Alcaraz JA & Viera Benítez MC 2001 Viajes de un botánico sajón por la Península Ibérica. Heinrich Moritz Willkomm (1821-1895)  Servicio de Publicaciones de la Universidad de Extremadura, Cáceres. 375 pp PDF
[10] WILLKOMM,  M.  (1896)  -  Grundzuege  der  Pflanzenverbreitung  auf  der  iberischen  Halbinsel.  In  Sammlung  von  Engler,  A.  und  Drud,  O.:  Die  Vegetation  der  Erde. Engelmann. Leipzig. Esta obra foi publicada já post mortem de Willkomm que morreu em 26 de Agosto de 1895.
[12] No entanto, Willkomm já tinha descrito em 1846 este pinhal velho e louvado a beleza e o valor botânico deste pinhal (-> Zona centro do Algarve).

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Flowers of South-West Europe revisited - 24.1 - Alto Alentejo

“Flowers of South-West Europe - a field guide” - de Oleg Polunin e B.E. Smythies
“Revisitas” de regiões  esquecidas no tempo - “Plant Hunting Regions” - a partir de uma obra de grande valor para o especialista e amador de botânica como da Natureza em geral.
Por
Horst Engels, Cecilia Sousa, Luísa Diniz, Nicole Engels, José Saraiva; Victor Rito
da
Associação “Trilhos d’Esplendor”

24.1 Alto Alentejo

 
       

24. Alentejo
Estepe ceralífera
Faixa piritosa ibérica
24.3 Alentejo Litoral

Marvão, Alto Alentejo [1]

2 4.1 Alto Alentejo

D istingue-se a sub-região estatística do Alto Alentejo da província com a mesma designação:
O Alto Alentejo  é uma sub-região estatística portuguesa, parte da Região   Alentejo , que corresponde por completo o   Distrito de Portalegre , exceto o concelho de   Sousel  e também engloba um concelho do   Distrito de Évora ,   Mora . Limitado a norte pelo   Pinhal Interior Sul  e pela   Beira Interior Sul , a leste pela   Espanha , a sul pelo   Alentejo Central  e a oeste pela   Lezíria do Tejo  e pelo   Médio Tejo . Tem uma área de 6.230 km² e uma população estimada em 118.352 habitantes (Censos 2011).
Antiga divisão de Portugal em 6 províncias
Províncias de Portugal em 1936
É então constituído por 29   concelhos , integrando todo o   distrito de Évora  e todo o   distrito de Portalegre . Tem a sua sede na cidade de   Évora .
  1. Distrito de Évora :   Alandroal ,   Arraiolos ,   Borba ,   Estremoz ,   Évora ,   Montemor-o-Novo ,   Mora ,   Mourão ,   Portel ,   Redondo ,   Reguengos de Monsaraz ,   Vendas Novas ,   Viana do Alentejo  e   Vila Viçosa .
  1. Distrito de Portalegre :   Alter do Chão ,   Arronches ,   Avis ,   Campo Maior ,   Castelo de Vide ,   Crato ,   Elvas ,   Fronteira ,   Gavião ,   Marvão ,   Monforte ,   Nisa ,   Ponte de Sôr ,   Portalegre  e   Sousel .
Biogeograficamente o Alentejo insere-se nas províncias Luso-Estremadurense  e   Gaditano-Onubo-Algarviense.
Sinopse biogeográfica de Portugal [2] [3]
Costa et al. (1998) escrevem [4] :
A Província   Luso-Extremadurense  é das maiores da Península Ibérica. Ela divide-se nos sectores Toledano-Tagano  e Mariânico-Monchiquense . Em Portugal encontra-se quase toda ela em solos derivados de materiais siliciosos paleozóicos - maioritariamente xistos ou granitos - e no andar bioclimático mesomediterrânico. Os seus limites no nosso país, em alguns locais são algo difíceis de estabelecer especialmente com o Sector Ribatagano-Sadense . As sua fronteiras são:
a norte - Serras da Lousã, Açor, Estrela, Malcata;
a oeste - uma linha que passa pela Serra da Lousã, leste das serras calcárias de Condeixa a Tomar, Serra da Amêndoa, Amieira (rio Tejo), Ribeira de Sor, Vale do Sorraia, areias miocénicas e plistocénicas, Vale do Sado, Serras de Grândola, Cercal e Espinhaço de Cão;
a sul - os calcários do Barrocal algarvio.
Armeria linkiana *, Asphodelus bentorainhae *, Asparagus acutifolius , Ballota hirsuta , Buffonia willkolmmiana *, Carduus bourgeanus *, Cistus psilosepalus , Cistus populifolius  s.l., Cytisus scoparius var . bourgaei *, Cytisus striatus var . eriocarpus , Cynara tournefortii *, Digitalis mariana , Digitalis purpurea subsp. heywoodii *, Echium rosulatum , Euphorbia monchiquensis *, Genista hirsuta subsp.  hirsuta , Genista polyanthos *, Lavandula viridis *, Lepidophorum repandum , Linaria hirta , Linaria ricardoi *, Marsilea batardae *, Onopordum nervosum , Retama sphaerocarpa , Rhynchosinapsis hispida subsp.  transtagana *, Salix salvifolia subsp.  australis , Sanguisorba hybrida , Securinega tinctoria , Scorzonera crispatula , Scrophularia schousboei *, Ulex argenteus subsp.  argenteus , Ulex eriocladus * e Verbascum barnadesii  são algumas das espécies que tendem a ocorrer maioritariamente nesta Província. Os táxones com * são endémicos do território.
É a área óptima dos estevais pertencentes à aliança Ulici-Cistion argentei . São próprios deste território os sobreirais mesomediterrânicos do Sanguisorbo agrimoniodis-Quercetum suberis , os azinhais do Pyro bourgaenae-Quercetum rotundifoliae  e os carvalhais do Arbuto unedonis-Quercetum pyrenaicae,  na maioria das vezes transformados em montados, bem como os medronhais do Phillyreo-Arbutetum typicum  e viburnetosum tini , os estevais do Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi , Erico australis-Cistetum populifolii  e Polygalo microphyllae-Cistetum populifolii . O tamujal dos leitos de estiagem dos rios torrenciais - Pyro bourgaeanae-Securinegetum tinctoriae  - constitui também uma das suas originalidades sintaxonómicas. Nos montados desenvolvem-se comunidades terofíticas efémeras e de pouca biomassa: Trifolio cherleri-Plantaginetum bellardii , Chrysanthemo myconis-Anthemidetum fuscati , Galactito tomentosae-Vulpietum geniculatae , Trifolio cherlerii-Taeniatheretum caput-medusae  e Medicago rigidulae-Aegilopsietum geniculatae . O pastoreio destas comunidades anuais origina frequentemente um prado vivaz ( Poo bulbosae-Trifolietum subterranei ). O freixial ribeirinho Ranunculo ficario-Fraxinetum angustifoliae  ocorre em todo o território luso-extremadurense português, sendo o amial Scrophulario-Alnetum glutinosae  comum em biótopos ripícolas.
Extrato da Carta biogeográfica de Portugal Continental. Costa et. al. (1998) [5] [6]
Na Carta Biogeográfiaca de Portugal de Costa et al.  (1998) vemos que os sectores Toledano-Tagano  e Mariânico-Monchiquense  da Província Luso-Extremadurense podem ser subdivididados ainda mais:
3A SECTOR TOLEDANO-TAGANO
3A1 SUBSECTOR HURDANO-ZEZERENSE
3A11 SUPERDISTRITO ZEZERENSE
3A12 SUPERDISTRITO CACERENSE
3A2 SUBSECTOR ORETANO
3B SECTOR MARIÂNICO-MONCHIQUENSE
3B1 SUBSECTOR ARACENO-PACENSE
3B11 SUPERDISTRITO ARACENENSE
3B12 SUPERDISTRITO PACENSE
3B13 SUPERDISTRITO ALTO ALENTEJANO
3B2 SUBSECTOR BAIXO ALENTEJANO-MONCHIQUENSE
3B21 SUPERDISTRITO SERRANO-MONCHIQUENSE
3B22 SUPERDISTRITO BAIXO ALENTEJANO
O Sector Toledano-Tagano   divide-se nos Subsectores Hurdano-Zezerense  e Oretano  e  o Sector Mariâno-Monchiquense  nos Subsectores Araceno-Pacense  e Baixo Alentejano-Monchiquense .
Enquanto o Sector Toledano-Tagono caracteriza biogeograficamente e floristicamente partes das antigas províncias (administrativas) Beira Baixa  e Alto Alentejo , o Sector Mariâno-Monchiquense  caracteriza a parte sul da província Alto Alentejo  e a província do Baixo Alentejo .
Costa et al. (1998) [7]  caracterizem o Sector Toledano-Tagano  da seguinte forma:
O Sector Toledano-Tagano  é dominado por solos graníticos, xistosos e quartzíticos e situa-se no andar mesomediterrânico seco a sub-húmido. Cytisus multiflorus , Dianthus scaber  subsp. toletanus , Loeflingia hispanica , Retama sphaerocarpa , Quercus pyrenaica , Halimium ocymoides , Polygala microphylla , e Ornithogalum concinnum  são espécies dominantes na paisagem vegetal, que diferenciam este Sector, em Portugal. É neste território que o “carvalhal-negral” luso-extremadurense - Arbuto unedonis-Quercetum pyrenaicae  - tem maior expansão em Portugal. Além dos bosques e matos próprios da Província, há que considerar os abundantes giestais do Cytiso multiflori-Retametum sphaerocarpae  e o urzal / esteval Halimio ocymoidis-Ericetum   umbellatae . Encontra-se dividida em dois Subsectores: o Hurdano-Zezerense  e o Oretano .

Cytisus multiflorus
Dianthus scaber  subsp. toletanus
Loeflingia hispanica
Retama sphaerocarpa
Quercus pyrenaica
Halimium ocymoides
Polygala microphylla
Ornithogalum concinnum
O Subsector Hurdano-Zezerense  inclui algumas serras que ultrapassam ligeiramente os 1000 metros como as serras de Gardunha, Muradal, Alvelos, Vermelha, e Malcata, o vale do Zêzere ( Superdistrito Zezerense ), a campina de Castelo Branco / Idanha-a-Nova, Penha Garcia, as arribas do Tejo, e a zona de Niza / Fronteira ( Superdistrito Cacerense ). Asphodelus bento-rainhae , Euphorbia welwitschii , Festuca duriotagana , Juniperus oxycedrus , Malcolmia patula , Celtis australis , Halimium alyssoides , Retama sphaerocarpa  e Petrorhagia saxifraga  são plantas diferenciais deste Subsector em face dos territórios portugueses vizinhos, sendo a primeira espécie endémica da Serra da Gardunha. Ao nível superdistrital distinguem-se dois Superdistritos: o Zezerense  e o Cacerense .

Asphodelus bento-rainhae
Euphorbia welwitschii
Festuca duriotagana
Juniperus oxycedrus
Malcolmia patula
Celtis australis
Halimium alyssoides
Retama sphaerocarpa
Petrorhagia saxifraga
O Superdistrito Zezerense  situa-se no andar mesomediterrânico sub-húmido, onde ocorrem os sobreirais climatófilos do Sanguisorbo-Quercetum suberis  e as suas etapas subseriais: Phillyreo-Arbutetum unedonis viburnetosum tini , Erico australis-Cistetum populifolii  e Halimio ocymoidis-Ericetum umbellatae . No mesomediterrânico superior subhúmido a húmido assinala-se o carvalhal Arbuto unedonis-Quercetum pyrenaicae genistetosum falcatae , a sua orla Vincetoxico nigri-Origanetum virentis  e o respectivo mato de degradação Polygalo microphylii-Cistetum populifolii [8] .
O Superdistrito Cacerense  situa-se no andar mesomediterrânico seco a sub-húmido inferior. A vegetação climatófila pertence à série do azinhal Pyro bourgaenae-Quercetum rotundifoliae . São diferenciais deste Superdistrito as orlas nanofanerofíticas retamóides do Cytiso multiflori-Retametum sphaerocarpae , o carrascal Rhamno fontqueri-Quercetum cocciferae  e o esteval Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi . Nas zonas graníticas mais rochosas encontra-se o rosmaninhal Scillo-Lavanduletum sampaionae . Nos alcantis quartzíticos do Tejo, a comunidade permanente edafoxerófila é dominada por Juniperus oxycedrus  ( Rubio longifoliae-Juniperetum oxycedri ), o que constitui um traço característico deste território em face dos vizinhos.
O Subsector Oretano  está representado em Portugal pela Serra de S. Mamede. Esta unidade situa-se no andar mesomediterrânico húmido a sub-húmido, e os solos dominantes têm origem granítica, xistosa e quartzítica. A serra de S. Mamede ultrapassa os 1000 metros de altitude tem uma forte influência oceânica, porque não existe qualquer barreira orográfica significativa até ao oceano Atlântico, ficando por isso exposta aos efeitos dos ventos húmidos dominantes de Oeste e Sudoeste. Não é, por isso de estranhar o aparecimento de certos elementos atlânticos (e carpetano-iberico-leoneses mais oceânicos) na sua flora: Polygonatum odoratum , Quercus robur , Ulex minor , Drosera intermedia , etc.. A Armeria x francoi  ( A. beirana x  A. transmontana ), Aquilegia dichroa , Castanea sativa , Cytisus multiflorus , Euphorbia amygdaloides , Genista falcata , Halimium umbellatum , Linaria triornithophora , Luzula lactea , Pulmonaria longifolia , Quercus x  neomarei , Quercus pyrenaica , Silene coutinhoi , Viola kitaibeliana  subsp. machadeana  são outras espécies que caracterizam este Subsector em face dos vizinhos. É neste Subsector que abundam os carvalhais do Arbuto-Quercetum pyrenaicae , as orlas Vincetoxico-Origanetum virentis linarietosum trionithophorae , Cytisetum multiflori-eriocarpi genistetosum falcatae , e os tojais Halimio umbellati-Ulicetum minoris . Os territórios menos continentais estão ocupados pelos sobreirais do Sanguisorbo-Quercetum suberis  e as suas etapas regressivas Phillyreo-Arbutetum unedonis viburnetosum tini , Erico australis-Cistetum populifolii  e Halimio ocymoidis-Ericetum umbellatae .

Polygonatum odoratum
Quercus robur
Ulex minor
Drosera intermedia
Armeria x francoi  
Aquilegia dichroa
Castanea sativa
Cytisus multiflorus
Euphorbia amygdaloides
Genista falcata
Halimium umbellatum
Linaria triornithophora
Luzula lactea
Pulmonaria longifolia
Quercus x  neomarei
Quercus pyrenaica
Silene coutinhoi
Viola kitaibeliana  subsp. machadeana
O Sector Mariânico-Monchiquense  em Portugal também é essencialmente silicioso, contudo encontram-se algumas áreas dominadas por carbonatos com grau variável de metamorfização. Coyncia transtagana , Erica andevalensis , Euphorbia monchiquensis  e Genista polyanthos # são endémicas deste território. Adenocarpus telonensis , Carthamus tinctorius , Centaurea ornata  subsp. ornata , Cytisus baeticus , Cytisus scoparius  var. bourgaei , Cynara tournefortii , Dianthus crassipes , Echium boissieri , Eryngium galioides , Leontodon salzamanii , Marsilea batardae , Onopordum macracanthum , Onopordum nervosum , Scrozonera crispatula , Serratula abulensis , Serratula barrelieri , Thymelaea villosa  são algumas plantas diferenciais do Sector no contexto da Província. Os sobreirais e os azinhais transformados em montados são predominantes na paisagem vegetal. Consideram-se exclusivos desta área os seguintes sintáxones: Euphorbio monchiquensis-Quercetum canariensis , Sanguisorbo-Quercetum suberis quercetosum canariensis , Phlomido purpureae-Juniperetum turbinatae , Phillyreo-Arbutetum rhododendrotosum baetici  (= Arbuto-Cistetum populifolii ), Genistetum polyanthi , Ulici eriocladi-Ulicetum umbellatae , Cisto-Ulicetum minoris , Lavandulo sampaioanae-Cistetum albidi , Ulici erioclaci-Cistetum ladaniferi , Cisto ladaniferi-Ulicetum argentei  e Rubo ulmifoliae-Nerietum oleander securinegetosum tinctoriae . O salgueiral Salicetum atrocinereae-australis , é uma comunidade que ocorre no leito torrencial dos rios e ribeiras deste Sector.
No nosso país, diferenciam-se-se dois Subsectores no Sector Mariânico-Monchiquense: o Araceno-Pacense  e o Baixo-Alentejano-Monchiquense .
O Subsector Araceno-Pacense  é o mais setentrional e confina com o limite sul do Toledano-Tagano. Situa-se a norte da linha, que passa pelas serras de Monfurado e Mendro (Portel); Moura e Barrancos incluindo ainda a serras da Adiça, Ficalho e todo o vale termomediterrânico do Guadiana a sul do “ Pulo do Lobo” . As rochas predominantes são os xistos e granitos, contudo nesta área surgem os calcários metamórficos (mármores). São endémicas do território as comunidades de Ulex eriocladus  - Ulici eriocladi-Cistetum ladaniferi  e Ulici eriocladi-Ericetum umbellatae . A primeira distribui-se desde Elvas até base da encosta norte da Serra de Ossa, voltando a surgir nas serras da Adiça e Ficalho. O endemismo Digitalis purpurea  subsp. heywoodii , que se encontra nas rochas graníticas de Monsaraz também é exclusivo deste território. Em Portugal assinalam-se três Superdistritos: Aracenense , Pacense  e Alto-Alentejano .
Superdistrito Aracenense  que em Portugal se encontra representado pela serras da Adiça, Ficalho e pelo vale do Guadiana a sul do Pulo do Lobo, é essencialmente termomediterrânico seco, mas pode atingir o mesomediterrânico sub-húmido nas zonas mais altas (St.ª Iria e Contenda Sul). Armeria linkiana , Campanula transtagana , Daucus setifolius , Dianthus crassipes , Erica andevalensis , e Scabiosa stellata  ocorrem nesta área ajudando a caracterizar face aos vizinhos. A série dos azinhais silicícolas termomediterrânicos - Myrto communis-Querceto rotundifoliae   S.  predomina neste território, contudo a paisagem encontra-se dominada por etapas subseriais: o esteval termófilo Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi cistetosum monspeliensis , e o espargueiral / zambujal / carrascal Asparago albi-Rhamnetum oleoidis . Os sobreirais do Sanguisorbo-Quercetum suberis  são menos frequentes e encontram-se nas zonas mais húmidas à semelhança do seu urzal / tojal subserial, neste território: Ulici eriocladi-Ericetum   umbellatae . Nas zonas secas e semi-áridas do vale do Guadiana assinalam-se as maiores originalidades do território em comparação com os outros dois Superdistritos do Subsector: os zimbrais reliquiais edafoxerófilos do Phlomido purpureae-Juniperetum turbinatae , os escovais do Genistetum polyanthi  e o esteval Phlomido purpureae-Cistetum albidi . As comunidades semi-nitrófilas rupícolas do leito rochoso do rio - Centauro ornatae-Festucetum duriotaganae  ( Festucion duriotaganae , Rumicetalia induratae , Phagnalo-
Rumicetea ) tem o seu óptimo biogeográfico nesta unidade biogeográfica.
Em Portugal só uma pequena área raiana da bacia do rio Caia, que inclui aproximadamente os concelhos de Elvas e Campo Maior, pertence ao Superdistrito Pacense . É uma zona plana situada no andar mesomediterrânico sub-húmido, onde se encontram o tojal Ulici eriocladi-Cistetum ladaniferi  e o giestal Retamo sphaerocarpae-Cistetum bourgaei  que resultam da degradação dos azinhais silicícolas do Pyro-Quercetum rotundifoliae . No entanto, nos solos neutros sobre carbonatos metamórficos paleozóicos com pouco calcário activo, a vegetação potencial corresponde aos azinhais do Lonicero implexae-Quercetum rotundifoliae , que por destruição originaram o carrascal Crataego monogynae-Quercetum cocciferae  e o esteval Lavandulo sampaionae-Cistetum albidi . Nos montados sobre solos siliciosos a pastagem vivaz resultante do pastoreio por ovinos corresponde à associação Poo bulbosae-Trifolietum subterranei . Nos solos alcalinos e neutros, assinala-se Astragaleto sesamei-Poetum bulbosae . A vegetação neutro-basófila seminitrófila e ruderal da aliança Taeniathero-Aegilopion geniculatae  ( Bromenalia rubenti-tectori ) serve igualmente para discriminar estes territórios dos seus vizinhos.
Dos três Superdistritos do Sector Arceno-Pacense o Superdistrito Alto Alentejano  é aquele que ocupa maior superfície em Portugal. É uma área quase plana, ondulada, cortada por algumas serras de pequena altitude (Monfurado, Montemuro, Ossa), onde predominam solos de origem xistosa e granítica. Contudo, existe uma área importante de carbonatos metamórficos paleozóicos (mármores devónicos, diabases) em Estremoz, Vila Viçosa e Borba. Quase toda a sua área se situa no andar mesomediterrânico sub-húmido, podendo atingir o termomediterrânico na encosta oeste Serra de Monfurado. Os montados em solo silicioso do Pyro-Quercetum rotundifoliae  e os sobreirais do Sanguisorbo-Quercetum suberis  são dominantes na paisagem vegetal. Quanto aos matos subseriais o escoval Genistetum polyanthi  observa-se ao longo do vale do Guadiana, os estevais do Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi  e o esteval / urzal Erico australis-Cistetum populifolii  e os urzais do Halimio ocymoidis-Ericetum umbellatae  são vulgares em todo o território, ocorrendo ainda o giestal Retamo sphaerocarpae-Cytisetum bourgaei . Neste Superdistrito ocorre, ainda que de modo finícola, o amial Scrophulario-Alnetum glutinosae , sendo o freixial Ficario-Fraxinetum angustifoliae  a comunidade mais comum nas ribeiras e linhas de água, sendo também vulgar o Salicetum atrocinereo-australis  nos leitos torrenciais. Os juncais do Holoschoeno-Juncetum acuti , Trifolio-Holoschoenetum  e Juncetum rugosieffusi  bem como os prados Trifolio resupinati-Caricetum chaetophyllae , Gaudinio fragilis-Agrostietum castellanae , Pulicario paludosae-Agrostietum pourretii  e Loto subbiflori-Chaetopogenetum fasciculati  são comunidades que têm importância neste Superdistrito nos biótopos edafo-higrófilos. Na zona termomediterrânica, junto à Serra de Monfurado ocorre o matagal do Asparago aphylli-Calicotometum villosae  subserial do Myrto-Quercetum suberis . Nos mármores a série da azinheira Lonicero implexae-Querceto rotundifoliae S.  reaparece. 

Para a Região (província antiga) do Alto Alentejo estão registadas neste momento (28/02/2015) 985 espécies (incluindo subespécies) de plantas vasculares na Flora-On:

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Veja à seguir: 24.2 - Baixo Alentejo


[8]   Na porção cacuminal, é de admitir a exsitência teórica de uma pequena área supramediterrânica onde o clímax poderia corresponder ao Sorbo torminalis-Quercetum pyrenaicae . No entanto, o avançado estado de degradação da vegetação não permite realizar inferências seguras sobre a vegetação climatófila.

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