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"Polunin - Flowers of South-West Europe - revisited" (Vol. I - Introdução - 371 pp.) (-> Polunin - Flowers of South-West Europe - revisited" -> View & Download (Vol. II - Portugal - 1559 pp.) -> View & Download

(contains Web links to Flora-On for observed plant species, Web links to high resolution Google satellite-maps (JPG) of plant-hunting regions from the Iberian peninsula; illustrated text in Portuguese language)



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Polunin - Flowers of South-West Europe - revisited - última compilação

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domingo, 30 de setembro de 2012

Flowers of South-West Europe revisited (I.2.2c - A Península Ibérica)

“Flowers of South-West Europe - a field guide” - de Oleg Polunin e B.E. Smythies
“Revisitas” de regiões  esquecidas no tempo - “Plant Hunting Regions” - a partir de uma obra de grande valor para o especialista e amador de botânica como da Natureza em geral.
Por
Horst Engels, Cecilia Sousa, Luísa Diniz, Nicole Engels, José Saraiva
da
Associação “Trilhos d’Esplendor”

I .2   Relevo, Geologia, Clima e Vegetação da Península Ibérica

1.2 Relevo, Geologia, Clima e Vegetação da Península Ibérica

1.2.2c Clima e Tempo - temperaturas

Polunin & Smythies  escrevem (p. 16-17):
Temperatures, like rainfall, show very wide ranges over our area, and very contrasting summer and winter averages. In summer, the south and south-east of Iberia have maximum temperatures, which correspond with the driest regions ofthe peninsula. The July maxima of Málaga and Jaén may be as high as 30°C (86°F) and 35°C (95°F) respectively, but the fall at night is very considerable. The highest average summer temperature is to be found in parts of Extremadura and Andalusia. The central plateau, despite its altitude, is extremely hot in summer, and has maxima of over 38°C (100°F), but again a great fall at night - seldom less than 10°C. By contrast, in the north and west, the influence of the ocean produces a much more equable temperature with lower summer maxima of 21- 27°C and a night drop of only 3-6°C. In winter conditions are in many respects reversed. The coastal regions show the highest temperatures, and from Galicia to the Ebro the winter average is over 8°C, with an average minimum temperature in the colder months of about 4°C. Consequently frosts are extremely rare for the whole of this coastline; it is only in the Basque provinces that they become more prevalent. The south coast of Spain and Portugal remains relatively warm throughout the winter with average winter temperatures of above woe (50°F). The central plateau by contrast has very much lower temperatures with the numbers of days of frost rising steadily from south to north, with Valladolid having up to 70 days of frost during some winters. In the region of Madrid the average minimum temperature of the coldest month (January) is 0°C while in Zaragoza the average winter minimum is as low as -7°C. It is here that one of the lowest temperatures of the península has been recorded, -16°C. In the main mountain ranges of the Iberian peninsula temperatures are much lower. On average there is a fall of about 1/2°'C for every 100 m rise in altitude, and in consequence in the highest mountains and above 2000 m there may be a reduction of 12-18°C, giving continuous temperatures below freezing for four to five months in the year. In the south-west of France, the warmest regions in the winter occur along the Atlantic and Mediterranean coasts, 'where the mean winter temperatures lie between 4-7°C. Moving inland to the Massif Central they fall to between 2-4°C. In summer the coolest regions lie along the Atlantic coast with the July mean at 21°C; further south and inland it increases to 24°C and more on the Mediterranean coast.
Como a pluviosidade, as temperaturas mostram uma amplitude muito grande na nossa área, e médias de verão e inverno são muito diferentes. No verão o sul e sul-este da Península Ibérica tem as temperaturas mais elevadas onde se encontram às áreas mais secas da península. Os máximos de Julho em Málaga  e Jaén  podem ser tão altas como 30ºC (86ºF) e 35ºC (95ºF) respectivé, mas as quedas durante da noite são consideráveis.
A temperatura média de verão mais alta da península encontra-se em partes da Estremadura  e Andaluzia . A Meseta Central , a pesar da sua altitude, é extremamente quente no verão e tem máximas acima de 38ºC (100ºF), mas também quedas acentuadas durante à noite - raras vezes menos do que 10ºC. Ao contrário, no norte e oeste a influencia do Atlântico produz uma temperatura bastante mais equilibrada com máximas baixas no verão de 21-27ºC e quedas de noite de apenas 3-6ºC.
Tabela dos climas da Península Ibérica (from “Polunin & Smythies”, 1973)
No inverno as condições estão reversas em muitos aspectos. As regiões costeiras mostram as temperaturas mais altas, e da Galiza  até ao rio Ebro  a média do inverno é acima de 8ºC com uma média de temperatura nos meses mais frios de cerca de 4ºC. Em consequência geadas são extremamente raras para toda linha costeira; apenas nas províncias basco tornam-se mais frequentes. A costa sul de Espanha e de Portugal mantém-se relativamente quente durante todo inverno com uma temperatura mádia de 10ºC (50ºF). A Meseta Central, ao contrário tem temperaturas bastante mais baixas com um número de dias com geadas, aumentando de sul para norte, com a província de Valladolid  tendo até 70 dias de geada em alguns anos.
Nas regiões de Madrid  a temperatura média do mês mais frio (Janeiro) é 0ºC enquanto em Zamora  o mínimo média é tão baixo como -7ºC. É nesta província onde uma da mais baixas temperaturas (-16ºC) da península foi registada.
Nas regiões montanhosas da Cordilheira Central as temperaturas são muito mais baixas. Na média a baixa de temperatura é 1/2ºC para cada 100m de aumento de altitude e em consequência nas montanhas mais altas acima de 2000m NN a redução de temperatura pode ser 12-18ºC resultando em temperaturas continuamente por baixo do congelamento (4ºC) ao longo de quatro ou cinco meses do ano.
No s ul-oeste da França as regiões mais quentes encontram-se ao longo das costas atlânticas e mediterrânicas onde as temperaturas médias do inverno são entre 4-7ºC. Virando por interior em direcção do Maciço Central,  elas baixam para entre 2-4ºC.
No verão as regiões mais frias encontram-se na costa atlântica  com a média de Julho com 21ºC; mais para sul e para o interior as temperaturas sobem para 24ºC e ainda mais na costa mediterrânica.
Temperaturas actuais à superfície (from “Polunin & Smythies”, 1973)
Veja à seguir: A Vegetação

sábado, 29 de setembro de 2012

Flowers of South-West Europe revisited (I.2.2b - A Península Ibérica)

“Flowers of South-West Europe - a field guide” - de Oleg Polunin e B.E. Smythies

“Revisitas” de regiões  esquecidas no tempo - “Plant Hunting Regions” - a partir de uma obra de grande valor para o especialista e amador de botânica como da Natureza em geral.

Por

Horst Engels, Cecilia Sousa, Luísa Diniz, Nicole Engels, José Saraiva

da

Associação “Trilhos d’Esplendor”

I .2   Relevo, Geologia, Clima e Vegetação da Península Ibérica

1.2 Relevo, Geologia, Clima e Vegetação da Península Ibérica

1.2.2b Clima e Tempo - a chuva

Polunin & Smythies escrevem (p. 10-12):

Climate and Weather

Three main types of climate occur in our area. A predominantly oceanic climate affects the west and north coasts of the Iberian peninsula, the Atlantic coast and mountains of central France and the north Pyrenees, with a moderate equable temperature and high rainfall - a southern variant of the typically oceanic climate found in north-western Europe. A Mediterranean climate affects not only the Mediterranean coast, but also the Atlantic coasts of southern Portugal and southwestern Spain, with hot dry summers and mild moist winters. A continental type of climate affects the high plateau of the Iberian peninsula, which experiences extremes of temperature both daily and seasonally, and very low and unreliable rainfall.

The Iberian peninsula  is such an extensive land mass that it generates weather systems of its own, giving it a climate unlike that of any other region in Europe. It lies between the warmish moist air streams of the north Atlantic, and the warm dry area of North Africa and the Sahara. It also lies in the path of the Atlantic depressions which during a large part of the year are deflected either to the north or to the south, so that for months at a time the ameliorating effect of this moisture-laden air coming in from the Atlantic makes very little impression on the climate of central Spain. In spring and autumn, however, these depressions can penetrate deeply into the peninsula and produce very different kinds of weather. But in general, the climate of the central plateau is continental in character with hot summers and cold winters, while the peripheral regions have largely an Atlantic or Mediterranean type climate which is more equable and humid. The central plateau heats up rapidly in summer under clear skies and long days of sunshine, causing inblowing winds from the Atlantic and Mediterranean . Because of the heat this incoming moist air soon dries and little or no rain falls in the interior . However, there may be intermittent short and very violent thunderstorms with torrential rain, which may result in disastrous floods in the coastal regions. In the winter, by contrast, freezing air settles on the mesetas and heavy snow falls in the mountains. This air may spill down into the Mediterranean coastal strip causing cold spells sometimes late into the spring with serious results for fruit crops along the coast. Springs are earlier on the Costa del Sol where the Andalusian mountains protect the coast from the cold air in land, but they may be surprisingly late on the Costa Brava because of this cold air-mass.

The complexity of the weather is further increased by the position of the new-fold mountain ranges. The Cantabrian mountains , ranging along the north coast of Spain, successfully catch much of the mois ture from the northern and western winds, while immediately to the south of this range the meseta lies in the rain-shadow and receives a very low rainfall. The Pyrenees likewise act as an almost continuous rain-barrier, so that the Ebro depression, to the south of the Pyrenees, is one of the lowest rainfall areas in Spain; and the Andalusian mountains in the south form a barrier to the south-westerly Atlantic winds. It is on ly on the southern and central Portuguese coast that no high mountains stand in the line of incoming moist air streams, which can there penetrate deeper into the peninsula, making the dividing line between the Atlantic and continental climates approximately along the Portuguese-Spanish border, Only in the extreme north-west of the peninsula can the Atlantic weather hold sway throughout the year.

The Massif Central  has a similarly dominating influence on the French part of our area. These highlands act as a rain-barrier and catch a great deal of the moisture coming in from the Atlantic, while the low-lying plain of Aquitaine allows its passage in land unimpeded. The dividing line between the predominantly Atlantic climate to the north and the Mediterranean climate of south-western France is roughly along a line drawn through the Carcassonne gap and the Cevennes. To the south there is the familiar pattern of warm dry summers and mild winters, with rainfall occurring largely in the winter half of the year .

These are the general summer - winter climatic patterns; but quite different conditions prevail at other times of the year producing very variable weather. In spring and autumn the normal pressure systems are disrupted; there may be long periods of instability. Secondary depressions may occur, particularly in autumn along the south-eastern coast of Spain, and the weather may become cloudy and rainy with sudden cloudbursts of great severity.

Secondary depressions to the north of the peninsula in winter and spring may produce a different type of weather still. Colder air is diverted southwards, producing at first mild weather along the north-eastern coast, followed by cold blustery weather and strong winds - the pargorii of the Basque coast, and the tramontana  of the Catalan coast. In winter secondary depressions are formed in the Bay of Biscay causing gales and heavy rain over the Basque country and the western Pyrenees. A further type of weather is produced by large Atlantic depressions which pass over the north-west of the peninsula bringing mist, drizzle, and fog over much of the coast and at times deep into the meseta in winter. In summer, north Portugal and Galicia continue to be deeply affected by these Atlantic depressions.

A Península Ibérica mostra extrema variação tanto na quantidade de precipitação como na sua variação sazonal. Pluviosidades tão baixas como 300mm, ou metade desta quantidade em alguns anos, ocorrem em partes do planalto central e no sul-este; pode haver secas por um período de mais do que sete meses durante o ano. Saragoça na depressão do rio Ebro tem quatro meses secos no inverno e três meses de seca absoluta no verão (veja no mapa dos meses secos).

Tabela dos climas da Península Ibérica (from “Polunin & Smythies”, 1973)

Los Monegros, região desértica no Aragão, Espanha

Meses secos na Península Ibérica (from “Polunin & Smythies”, 1973)

Em contra-partida, as montanhas da Cordilheira Central e do Maciço Central são extremamente húmidas e têm mais do que 2000mm de precipitação por ano. A pluviosidade mais alta existe na Serra da Estrela em Portugal com 2825mm de precipitação por ano. No inverno muito desta precipitação ocorre em forma de neve com altura média de 1,5m à 2m, e neve encontra-se até ao fim da primavera e início do verão.

Pluviosidade Média na Península Ibérica (from “Polunin & Smythies”, 1973)

Torre - Serra da Estrela, Portugal no Inverno

Neve na Serra da Estrela, Portugal

Neve na Serra da Estrela, Portugal

Pluviosidade tem um efeito grande sobre a distribuição das plantas, mais do que qualquer outro factor ambiental. Em consequência, é conveniente de dividir a nossa área em duas regiões de pluviosidade: chuvoso  e árido . Em geral, áreas podem ser consideradas chuvosas quando têm mais do que 600mm de chuva.

Regiões climáticas na Península Ibérica (from “Polunin & Smythies”, 1973)

As seguintes áreas pluviosas  podem ser distinguidas:

A.1  A costa atlântica do Norte da Península Ibérica. Área dominada por intempéries do Oceano Atlântico , com pluviosidade e humidade alta, Invernos amenos, e Verões relativamente frias. Chuvas já pesadas, tornam-se ainda mais intensas para este, as províncias do pais basco recebendo as chuvas mais intensas. Enquanto a presença do sistema de alta pressão dos Açores causa Verões secas na Galiza. Muito do ar carregado com humidade proveniente do Atlântico passa pelas planícies baixas da Aquitânia até ao centro da França e é precipitado em forma de chuva ou neve no Maciço Central.

A.2  A costa atlântica do Centro e Sul de Portugal tem um clima largamente mediterrânico, com chuvas predominantemente de inverno e secas de verão que aumentam de norte para sul. No entanto, a quantidade de chuva flutua bastante de ano para ano e com a proximidade do oceano a temperatura  mantém-se por baixo das temperaturas da costa Mediterrânica.

A.3  O tempo dos Pirenéus . Na primavera este tempo penetra apenas até Pamplona  no sul, mas afecta todo flanco norte dos Pirenéus onde se torna progressivamente menos chuvoso de oeste para este. Os ventos carregados com humidade que provêm do Atlântico causam no seu efeito total chuvas e nevadas fortes com máximos na primavera e outono.

As áreas áridas   em geral têm pluviosidades abaixa de 600mm e são separadas em:

B.1  A zona mediterrânica norte entre o Cabo de la Nao  até o delta do rio Ródano . Recebe a maioria da chuva dos ventos sul-este que seguem atrás depressões que passam pela fenda de Carcassonne  ‘Carcassonne Gap’.

B.2  Do Cabo de la Nao  em direcção oeste até ao Estreito de Gibraltar  encontra-se uma área muito mais árida. O Cabo de Gata  no centro desta área tem a mais baixa pluviosidade de Espanha e uma seca contínua por mais do que sete meses por ano. O clima é mais parecido com o do Norte da África como da Europa e é nesta área de chuva mínima na Espanha onde a maioria das plantas das estepes ocorrem. Em direcção ao oeste na costa da Andaluzia a pluviosidade aumenta progressivamente devido à influencia do Atlântico.

B.3  A região do interior da Andaluzia  a partir da costa também é afectada pelo Atlântico e tem ligeiramente mais chuva do que a zona costeira. Torna-se progressivamente mais seca para o interior, no entanto é por aí onde as temperaturas mais altas da Península Ibérica ocorrem. As montanhas desta região como a Serra Nevada  e a Serra Cazorla , têm chuvas bastante intensas e nevadas fortes no inverno, e neve mantém-se até Abril ou Maio, ou até mais tarde.

C.1  A Meseta Central  da Ibéria tem um padrão de pluviosidade marcadamente continental, com uma máxima baixa na primavera e outra no outono, mas pouco fiável e bastante irregular, e tantas vezes como não ocorrem aguaceiros torrenciais. A pluviosidade raras vezes ultrapassa 500mm com excepção das montanhas; e é no planalto central onde as maiores áreas de estepe de Castela se desenvolvem. Do ponto de vista botânico este clima é parecido com o mediterrânico porque frutos como azeitonas e uvas podem ser cultivados e pensa-se que outrora florestas abertas e carvalhos perenes cobriram muito do terreno antes de serem destruídas pelo homem. Em vez das florestas as áreas não-cultivadas agora são cobertas por matagal  com muitos dos arbustos e das plantas herbáceas do mediterraneo.

Veja à seguir: 1.2.2c Clima e Tempo - temperaturas

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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Flowers of South-West Europe revisited (I.2.2a - A Península Ibérica)

“Flowers of South-West Europe - a field guide” - de Oleg Polunin e B.E. Smythies
“Revisitas” de regiões  esquecidas no tempo - “Plant Hunting Regions” - a partir de uma obra de grande valor para o especialista e amador de botânica como da Natureza em geral.
Por
Horst Engels, Cecilia Sousa, Luísa Diniz, Nicole Engels, José Saraiva
da
Associação “Trilhos d’Esplendor”

I .2   Relevo, Geologia, Clima e Vegetação da Península Ibérica

1.2 Relevo, Geologia, Clima e Vegetação da Península Ibérica

1.2.2a Clima e Tempo

Ocorrem três tipos principais de clima  na nossa área - clima predominantemente oceanico (atlântico) - que se observe e que afecta o oeste e norte das costas da Península Ibérica, as costas atlânticas e montanhas de França central e a parte norte e norte-oeste dos Pirenéus, com temperaturas amenas e pluviosidade alta - uma variante sul do clima oceânico típico encontrado no norte-oeste da Europa.
Segundo, o clima mediterrânico que não afecta apenas a costa mediterrânica, mas também a costa atlântica do Sul de Portugal e sul-oeste da Espanha, com Verões quentes e secas e Invernos temperados e húmidos.
E um tipo de clima continental  que afecta o planalto da Península Ibérica, com extremas de temperatura tanto diariamente como sazonalmente, e muita baixa e irregular pluviosidade.
O Clima da Península Ibérica [1]
A Península Ibérica é uma massa de terra tão extensa que gera um sistema climático próprio que é diferente de qualquer outra região da Europa. Está situada entre as correntes de ar quentes e húmidas do Atlântico Norte  e as áreas secas e quentes da África do Norte  e do Sahara . Também encontra-se nas depressões atlânticas que durante grande parte do ano são desviadas para sul ou para norte de forma que durante meses o efeito de mitigação deste ar carregado com humidade que provém do Atlântico tem muito pouco efeito sobre o clima de Espanha Central.
Na primavera e no outono estas depressões podem, no entanto, penetrar muito para dentro da península e produzir diferentes tipos de tempo e condições metereológicas.
Mas em geral o clima dos planaltos centrais é continental com Verões quentes e Invernos frios, enquanto as regiões periféricas possuem um clima atlântico ou mediterrânico mais ameno e húmido.
Os climas actuais da Espanha
No entanto, o clima não é uma constante - há mudanças no clima que podem ser muito bruscas.
Houve um tempo de arrefecimento “The Little Ice Age” [2]  entre os séculos XV e XIX que afectou todo Hemisfério Norte [3]  incluindo a Espanha.
Serra da Guadarrama, Madrid
e existem ainda hoje evidências como os “poços de neve” na Espanha e dos nevoeiros (os “frigoríficos” ao pê do santuário de Nossa Senhora da Piedade na Serra da Lousã) em Portugal de forma que era possível na altura recolher quantidades de neve no Inverno para transforma-la em gelo por pressão do peso dela própria, mesmo em regiões da península onde hoje não cai neve no inverno.
No livro “ Nuestro porvenir climático”  de Quereda Sala [4]  encontramos a observação:
“...the presence of an extensive network of ice stores known varyingly as neveras, pozos de nieve, ventisqueros and glaceres , which were built and maintained between the 16th and 19th centuries along the Eastern Mediterranean, some in areas where it no longer snows even one day. The storage and distribution of ice was a lively business involving whole sections of the rural population.”
Os “frigoríficos” na Serra da Lousã, Portugal
Santo António da Neve [5]
...No antigo Cabeço do Pereiro, freguesia do Coentral, concelho de Castanheira de Pera, ergue-se uma capela em honra de Santo António. Como foi mandada construir por Julião Pereira de Castro, neveiro-mor da casa Real, passou o local a designar-se por Santo António da Neve. Antigamente, à medida que a neve ia caindo, era recolhida e despejada para dentro dos Neveiros, onde se transformava em gelo. Já com o poço cheio, a neve era coberta com palha e fetos, de modo a conservá-la até ao Verão. Os poços estavam virados para Nascente para que o sol não derretesse a neve. Quando chegava o tempo quente, o gelo era cortado e seguia em grandes blocos para as cortes reais de Lisboa, para que os nossos reis e sua corte pudessem saborear gelados em pleno Verão. O transporte era feito, numa primeira etapa, em ronceiros carros de bois até Constância e, a partir daí, em barcos até Lisboa, onde era entregue no Café Martinho da Arcada. A Rede das Aldeias do Xisto já recriou esta tradição, tal como era feita em tempos antigos...
Os “frigoríficos” na Serra da Lousã, Portugal
Hoje estamos a sentir - sobretudo por um aquecimento global que como tudo indica, está a ser provocado e produzido pela própria espécie humana -, uma mudança do clima no sentido contrário do arrefecimento da idade média, ao nível global e também na Península Ibérica. Este fenómeno do aquecimento global ainda foi totalmente negligenciado e largamento desconhecido na altura quando o “ Polunin & Smythies ” foi escrito.
No entanto, temos de enfrentar um cenário com possibilidades de grande parte da Península Ibérica se tornarem em deserto até o fim deste século (2100) - de forma que toda a flora da península iria também com toda probabilidade sofrer grandes e drásticas alterações. Não podemos por estas previsões de parte e vamos discuti-las neste texto. Por isso, vai haver um capitulo sobre “ mudanças do clima ”; um capitulo que não existia ainda no “ Polunin & Smythies ” e que não era ainda questão científica na altura. Estes tópicos vamos abordar à seguir das observações que “ Polunin & Smythies ” fizeram sobre o clima.
Aqui apenas um cenário publicado pela “ Greenpeace ” - como a paisagem à volta de Valência pode mudar nos próximos 50 à 70 anos se as actuais tendências do aquecimento global continuam:
The fields of Valencia, which have provided Spain with oranges for centuries, as they look now. Agriculture in Spain will be dramatically affected by climate change, with reduced crop yields likely in the Mediterranean, the Balkans and in the south of European Russia due to water shortages and rises in temperature
By 2070, the photos show, the fields have almost completely disappeared [6]
O Mundo 4ºC mais quente [7]
Como se vê no gráfico, um mundo de 4ºC mais quente significava, pelo menos previsto em simulações, alterações do clima ao nível mundial - e o Sul da Espanha tornava-se num deserto como o sahara agora.
Mas voltamos à realidade do “ Polunin & Smythies ” como descrito há 30 anos:
O planalto central aquece rapidamente no verão por baixo de um céu claro e longas dias de luz solar, criando ventos que sopram para o interior a partir do Atlântico e Mediterraneo. Mas devido ao calor este ar húmido proveniente das costas seca rapidamente e pouca ou nenhuma chuva cai no interior. No entanto, podem ocorrer trovoadas intermitentes muito violentas acompanhadas por chuvas torrenciais que resultam em cheias desastrosas nas zonas costeiras.
Rio nas Astúrias depois de uma trovoada
No inverno, pelo contrário, ar congelado assenta sobra as mesetas  e neve cai em abundância nas montanhas. Este ar frio pode descer para as zonas costeiras do mar Mediterrâneo na primavera, e causar danos sérios à fruticulturas e horticulturas ao longo da costa.
As primaveras chegam mais cedo na Costa del Sol  onde as montanhas da Andaluzia protegem a costa contra os ares frios do interior, mas podem chegar surpreendentemente tarde na Costa Brava  devido à massa de ar frio do interior da península.
Tabela dos climas da Península Ibérica (from “Polunin & Smythies”, 1973)
A complexidade climatérica é ainda mais aumentada pela posição das cadeias montanhosas alpinas. A Cordilheira Cantábrica  que se estende ao longo da costa norte da Espanha, apanha com sucesso muito da humidade dos ventos que provêm do norte e do oeste - enquanto imediatamente por sul se estende a meseta na sombra de pluviosidade desta cadeia montanhosa e recebe muito pouco pluviosidade. Os Pirenéus  actuam como uma barreira quase contínua contra a chuva de forma que a bacia do Ebro por sul dos Pirenéus é uma das regiões com a menor pluviosidade da Espanha; e a Cordilheira Bética , as montanhas da Andaluzia no sul da península, formam uma barreira para os ventos sul-oeste. É apenas no sul e centro da costa portuguesa onde montanhas altas impedem a entrada de correntes húmidos de ventos e onde estes podem penetrar mais para o interior da península. Assim se forma uma linha de separação entre climas atlânticos e continentais aproximadamente ao longo da fronteira entre Portugal e Espanha. Apenas no extremo norte-oeste da península pode o tempo atlântico ser dominante durante o ano inteiro.
O Maciço Central  tem uma influencia semelhante sobre a parte francesa da nossa área. Estas terras altas actuam como uma barreira contra a chuva a capturam uma grande parte da humidade que provém do Atlântico enquanto a planície baixa da Aquitânia  deixa a passar para o interior sem impedimentos. A linha divisória entre o clima predominantemente atlântico no norte e o clima mediterrânico no sul-oeste da França encontra-se mais ou menos numa linha entre o ‘Carcassone Gap’ [8]  e as Cevenas. Para o sul existe um padrão familiar de Verões quentes e secas e Invernos amenas, com as chuvas concentradas largamente para o Inverno.
Estes são os padrões gerais dos climas de verão e do inverno; mas condições bastante diferentes predominam em outras estações do ano produzindo condições climatéricas muito variáveis.
Na primavera e no outono os sistemas normais de pressões atmosféricas são interrompidos; longos períodos de instabilidade podem ocorrer. Secundariamente, depressões podem ocorrer, particularmente no outono ao longo da costa sul-este de Espanha, e o tempo pode tornar-se nublado e chuvoso com aguaceiros súbitos e violentos.
Aqui por exemplo a notícia de 29.09.2012 de um temporal forte nesta região:
Según la   Confederación Hidrográfica del Segura  han caído 177,35 litros en las últimas horas en la cabecera de la rambla de Nogalte, en Puerto Lumbreras (Murcia). Durante la mañana del viernes la crecida del río Guadalentín en la ciudad de Lorca alcanzó picos de 2.000 metros cúbicos por segundo, según datos que facilitó durante la tarde de ese mismo día el Ayuntamiento. La riada arrastró a tres personas que han fallecido. Además, a una cuarta persona desaparecida en Sangonera la Verde, también en Murcia. Además, un hombre ha sido hallado muerto en el interior de un vehículo que había caído por un barranco, en la zona de Los Arroyos, en la localidad de Caravaca de la Cruz. Aunque inicialmente se atribuyó su muerte a las trombas de agua, fuentes de emergencias han explicado a  que su fallecimiento se debió a un accidente de tráfico anterior a los torrentes.
Depressões secundárias  no norte da península produzem no inverno e na primavera ainda outro tipo de tempo. Ar mais frio é desviado para sul, produzindo primeiro um tempo ameno ao longo da costa norte-este, seguido por tempo frio e tempestuoso e ventos fortes - os pargorii   da costa basco e os transmontana   da costa catalã. No inverno formam-se depressões secundárias na baía da Biscaia causando vendavais e chuvas fortes no pais Basco e nos Pirenéus ocidentais. Outro tipo de tempo é trazido por grandes depressões atlânticas que passam sobre o norte-oeste da península trazendo neblina, chuvisco e nevoeiro numa grande parte da costa, e ocasionalmente, no inverno, muito para o interior da meseta . No verão, o norte de Portugal e a Galiza continuam a ser afectados muito por estas depressões atlânticas.


Por fim ainda um filme de ARTE que que revela o equilibrio sensível entre a Natureza e o Homem (Gesichter der Arktis) e o perigo que a mudança do clima significa para esta região.



 

[4]   QUEREDA SALA, J. (et al) ( 2001 ): Nuestro porvenir climático. Ed. Athenea y Universitat Jaume
[5]  Nota Histórico-Artistica (De: IGESPAR - PESQUISA DO PATRIMONIO )
Na freguesia de Santo António da Neve subsistem três dos antigos sete poços de neve aí existentes, que serviam para armazenar a neve e conservá-la até ao verão. Nos poços, bastante profundos, era depositada a neve que os trabalhadores calcavam até ficar em gelo, protegendo-a com fetos e palha. De acordo com a Monografia de Castanheira de Pêra ( Kalidás Barreto, 1989) que seguimos, esta actividade encontra-se documentada a partir de 1757, por um alvará de D. José, onde o monarca revela grande preocupação com a "Real Fábrica que se acha no Cabeço do Coentral", ordenando atenção aos nevões e aos possíveis estragos nos poços e solicitando ainda mais trabalhadores para juntar neve. Para além dos poços há também notícia e vestígios de alagoas, ou seja, pequenos tabuleiros para depósito das águas da chuva, depois transformadas em gelo.
Uma vez chegado o verão, a neve era dividida em blocos e enviada para Lisboa, onde era utilizada em gelados, ainda que boa parte não chegasse nas melhores condições, devido os deficientes sistemas de acondicionamento (palha, fetos, caixotes) para uma viagem tão longa.
Exteriormente, os poços são octogonais e um deles circular, cobertos por abóbadas em forma de sino, executadas em pedra da região. A entrada é feita através de uma porta simples, e estreita, cuja abertura teve em consideração a menor intensidade possível de sol nesse local. O interior, muito profundo, apenas era acessível por escadas de madeira.
A actividade junto aos poços era de tal ordem que dificultava a assistência aos serviços religiosos e a deslocação dos trabalhadores à igreja de Coentral prejudicava a Real Fábrica. A solução do problema coube a Julião Pereira de Castro, neveiro-mor da Casa Real que, em 1786, decidiu erguer uma pequena capela no Cabeço do Pereiro. A inscrição que ainda hoje se pode ler assim o refere: "Esta capela do glorioso Santo António de Lisboa a mandou fazer Julião Pereira de Castro reposteiro do nosso reino da câmara de sua Majestade e neveiro de sua Real casa em terra sua ano 1786".
Conhece-se a data da licença do Bispo D. Miguel de Anunciação - 6 de Maio de 1778 -, época em que a capela estaria concluída ou, pelo menos, apta a ser palco das celebrações religiosas.
Trata-se de um pequeno templo de nave única com sacristia adossada à direita. A fachada principal, delimitada por pilastras nos cunhais, é marcada pela abertura do portal, com remate de cornija semicircular, e por duas janelas que o enquadram. Termina em frontão triangular, com cruz na empena e óculo no tímpano, sendo flanqueado pelos pináculos que coroam as pilastras.
(Rosário Carvalho)
[8]  a valley area formed by the tributaries of the Garonne and Aude rivers

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