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(contains Web links to Flora-On for observed plant species, Web links to high resolution Google satellite-maps (JPG) of plant-hunting regions from the Iberian peninsula; illustrated text in Portuguese language)



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Polunin - Flowers of South-West Europe - revisited - última compilação

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sábado, 21 de setembro de 2013

Flowers of South-West Europe revisited - 2.12b - Beira Litoral (cont.)


“Flowers of South-West Europe - a field guide” - de Oleg Polunin e B.E. Smythies
“Revisitas” de regiões  esquecidas no tempo - “Plant Hunting Regions” - a partir de uma obra de grande valor para o especialista e amador de botânica como da Natureza em geral.
Por
Horst Engels, Cecilia Sousa, Luísa Diniz, Nicole Engels, José Saraiva, Victor Rito
da
Associação “Trilhos d’Esplendor”
Extrato do “ Mapa de Solos e da Vegetação da Península Iberica .” -  Moritz Willkomm (1852) [1] [2]




Plantação de Pinus pinaster no Pinhal de Leiria [3]

2.12 Beira Litoral - A Bacia Lusitanica  (cont.)



2.12 O Pinhal de Leiria - Beira Litoral
2.12.1 Cabo carvoeiro e Pinhal de Leiria
2.12.2 Vegetação potencial da Beira Litoral
2.12.3 Geologia - A região carstica da Bacia Lusitanica
2.12.4 Estuário do Mondego
2.12.5 Cabo Mondego e Serra da Boa Viagem
2.12.6 Dunas de Mira, Gândara e Quiaios
2.12.7 Terras de Sicó

2.12.3 Geologia - Bacias mesozoicas e cenozoicas

A área da Beira Litoral é caracterizada geologicamente e geomorfologicamente pela evolução de uma bacia sedimentar, a Bacia Lusitânica , que evoluiu à partir do Mesozóico, há cerca de 250 Ma. Também existem pequenas áreas de bacias mais recentes, do Cenozoico, na área da Beira Litoral.
O complexo de vegetação   G75 [24]   (Meso-Mediterranean basiphilous Quercus faginea   subsp. broteroi -forests) encontra-se na zona onde os sedimentos jurássicos da Bacia Lusitânica deixaram relevos com margas e calcários, frequentemente com estruturas típicas cársicas como grutas, lapías e dolinas. Zonas típicas destas paisagens cársicas encontram-se em Pedreiras, Serra de Aire, Candeeiros, Sicó, Andorinha, Coimbra, Varride e Serra da Boa Viagem.
Outras áreas geológicas mais recentes têm arenitos grossos, médios o finos ou são caracterizadas por depositos de areias móveis em forma de dunas. Muitas destas dunas foram arborizadas e o Pinhal de Leiria  é um exemplo destas actividades humanas para estabilizar melhor os relevos da zona costeira da Beira Litoral.




Quadro estratigráfico, de eventos e de ciclicidade da Bacia Lusitânica (parcialmente baseado
em sínteses de Wilson et al., 1990; Azerêdo et al., 2003; Duarte et al., 2004; Rey et al., 2006). [25]






Componentes principais da Geologia da Península Ibérica [26]

Bacias cenozoicas



Quando seguimos mais para Norte ao longo da costa atlântica chegamos à cidade da Figueira da Foz , pérula e cidade mundana balneárea da Beira Litoral, situada na margem direita do Mondego e do seu estuário. Também encontramos aí, para norte da Figueira, a Serra da Boa Viagem  e o Cabo Mondego  como promontório desta serra. De facto são os calcários, margas e arenitos da Serra de Boa Viagem que permitem atribuir a esta região uma elevadíssima biodiversidade em espécies de plantas e animais, numa área muita reduzida, aproximadamente triangular - a do “ Triângulo do Cabo Mondgo ”. [27] [28] [29]




Figueira da Foz


É nesta área em que encontramos num espaço de menos do que 100km2 ecosssistemas muito diversificados como estuário mediterrânico/atlântico, salinas e sapais, recifes marinhos, prados em solos de calcários como falésias e arribas e com plantas raras e às vezes até endémicas de Portugal, e dunas fixas e móveis com depressões e lagoas intradunares.
As dunas móveis e fixas, em estado de boa conservação, seguem ao norte da serra da Boa Viagem e estendem-se ao longo da costa atlântica até Aveiro na area protegida das Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas [30] [31]
Nos espaços dunares das Dunas de Mira, Gândara, Gafanhas e Quiaios encontram se as Lagoas de Quiaios , de uma beleza extraordinária e de uma riqueza ornitológica reconhecida e riqueza florística muito elevada. Estas lagoas ecologicamente vulneráveis são afloramentos do lençol freático, sem afluentes e de pouca profundidade, e podem secar quase completamente em anos com pouca pluviosidade. 
Aqui umas impressões fotográficas desta paisagem bela e diversificada do Triângulo do Cabo Mondego :
Praia de Quiaios visto do Cabo Mondego, Beira Litoral [32]




Lagoas dunares de Quiaios [33]








A Ponte de Figueira da Foz e os sapais da Ilha de Murraceira






Salinas na Ilha da Murraceira, Figueira da Foz
Antigo palheiro para armazenamento de sal na Ilha da Murraceira
Flamingos na Ilha da Murraceira (area protegida pela Convenção de Ramsar)
Recifes do Cabo Mondego, Figueira da Foz








Atlântico e Recifes do Cabo Mondego
Pessoas nos recifes do Cabo Mondego na apanha de “frutos do mar”
Cabo Mondego no Inverno

A Serra da Boa Viagem visto a partir das dunas. Em frente camarinhas ( Corema album )
Farol do Cabo Mondego






As pradarias das falésias da Serra da Boa Viagem






As pradarias na parte da Bandeira, mirador na Serra da Boa Viagem. A Bandeira oferece uma boa vista para as Dunas de Quiaios, Mira, Gândara e Gafanhas
Iris lusitanica , endemismo da Península Ibérica








Senecio doronicum  ssp. lusitanicum , endemismo da Costa atlântica portuguesa. 

 
Também existe aqui na Serra da Boa Viagem a Doronicum plantagineum , uma composta raríssima que se encontra mais frequente apenas em zonas serranas da Europa Central.




Doronicum plantagineum  (ssp. ? emarginatum )








Frutos de Doronicum plantagineum  (ssp. ? emarginatum )










Dunas arborizadas de Quiaios








Riquo tapete de liquenes nas Dunas arborizadas de Quiaios
As Lagoas das Dunas de Quiaios






Stilleben








Drosera intermedia , planta insectivora, nas Lagoas de Quiaios 
 
Myrica faya , reminiscência da antiga flora da Laurissilva  da Macaronésia






Lagostins de Água doce ( Procambarus clarkii ) introduzidas da Ámérica do Norte
Incrustações no fundo da Lagoa das Braças, visível em período de seca



Outra paisagem muito diferente, mas não menos fascinante do que a costa atlântica da Beira Litoral encontra -se nas regiões de Condeixa (onde se encontram também as ruinas romanas da velha cidade romana de Conimbriga) na direcção de Penela. Dirigindo-se para a aldeia de Rabaçal e Alvorge, entre-se numa paisagem mediterrânica de extraordinaria beleza, para um vale jurássico enorme, chamado geologicamente o ‘ Corte de Rabaçal ’, limitado pelos lados por encostas ingremes e com algumas montes no meio do vale que parecem ser colocadas aí de proposito nesta paisagem invulgar para embelizar ainda mais estas Terras de Sicó


Zonas com depósitos de calcário na Bacia Lusitanica  de Portugal. [34]
O ‘Corte de Rabaçal’ [35]


São os olivais, vinhas, figueiras, pequenas plantações de ciprestes e sobretudo os ‘tomillares’ com Thymus zygis  que caracterizem esta paisagem única. E é esta erva aromática dos Labiatae , Thymus zygis , chamada “ Erva Santa Maria ” pelo povo, que deve dar o sabor maravilhoso e muito característico ao queijo de Rabaçal, uma especialidade única de Portugal  - antes produzido em artesanato, agora fabricado em massa e subvencionado pelo programa Feder [36]  (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional - Europa) - perdendo assim bastante da qualidade original que teve.
  



 
Thymus zygis   - a “Erva Santa Maria” dos ‘tomillares’ de Rabaçal
Thymus zygis ssp.  sylvestris








Thymus zygis  ssp. sylvestris






Vista para Zambujal no Corte de Rabaçal pelo mirador da aldeia Chancas.








Vista para Rabaçal e o Castelo de Germanelo (ao fundo) a partir do mirador da aldeia Chancas. À direita ao fundo o Monte Jeromelo . [37]








O Monte Jerumelo, Rabaçal










O Monte Jerumelo, Rabaçal
Encontram-se aqui na Primavera nesta paisagem que se apresenta verde apenas no Inverno e na Primavera, mas queimada e seco no Verão e Outono,  espécies de cormófitas como órquideas e outras geófitas raras além das anuais que tornam a paisagem num quadro colorido como numa pintura de Renoir ou de Cezanne..
















































 Além de algumas espécies endémicas de Portugal como a Arenaria conimbricense  tem aqui a   Iris planifolia um dos seus raros núcleos de distribuição em Portugal. A Iris planifolia  encontra-se a partir de Novembro e está apenas no tempo de Inverno até Fevereiro-Março em floração.










Arenaria conimbricense








Iris planifolia
Iris planifolia








Flora rupícola com Arenaria conimbricense  e Sedum album 


 
Nesta terra de calcários encontram-se também muitas espécies de orquídeas com:










Orchis italica








Ophrys lutea








Ophrys speculum








Orchis papilionacea








Orchis papilionacea








Orchis papilionacea













Ophrys lutea




E encontram-se aqui espécies que têm a distribuição principal no Baixo Alentejo ou no Algarve. O solo e o clima com temperaturas elevadas no Verão permitem que estas espécies penetram nestas paisagens do complexo G75  (G75 - Middle Portuguese meso-Mediterranean basiphilous Quercus faginea  subsp. broteroi -forests with Arisarum simorrhinum ). Assim encontra-se no Rabaçal a Cleonia lusitanica , Hypericum tomentosum ,   Prangos trifida  e Smyrnium oleraceum , Phlomis lychnitis  e Nigella damascena  entre outras espécies termófilas.






Phlomis lychnitis






Cleonia lusitanica








Cleonia lusitanica








Hypericum tomentosum






Hypericum tomentosum




 

Nigella damascena








 Prangos trifida



 
Prangos trifida 





 Em Coimbra existe também a espécie rara Bupleurum lancifolium  que já está indicado por Coutinho [38]  para o Alentejo e Centro do Pais.



Bupleurum lancifolium

Bupleurum lancifolium




  Smyrnium oleraceum


Existem aqui em todo lado no Vale de Rabaçal os sinais dos romanos. Um vale que passa por Fonte Coberta, uma pequena aldeia perto de Zambujal, liga o Vale de Rabaçal com Condeixa-a-Velha com as ruinas da antiga cidade romana de Conimbriga. Vale muito a pena a visita das Ruínas e do   Muséu Monográfico de Conimbriga  com o esplêndido espólio de artefactos da cultura romana deste sítio. 

Mas também existem neste vale que pertence às Terras de Sicó, umas aldeias abandonadas, já em ruínas, com uma arquitectura tradicional. Espólios valiosíssimos e esquecidas pelos tempos como a aldeia de Tamasinhos  perto de Fartosa onde vive neste momento apenas uma única pessoa.
Algumas fotos de Tamasinhos :







































Apresentamos ainda alguns links para amostragens da FLORA-ON  das plantas registadas para esta região antes de partir para as serras do Centro Interior, para a Serra da Lousã  e a Serra da Estrela  (com aproximadamente 2000m de altitude a serra mais alta de Portugal) - serras que já fizeram parte do Sistema Central e da Orogenia hercínica  (varisca) e que pertencem ao escudo velho da Península Ibérica:


Ilha das Berlengas -  Quadrícula  MD56
Peniche - Quadrícula  MD65
Serra d’El Rei - Quadrícula  MD75
Obidos - Quadrícula  MD85
Caldas da Rainha - Quadrícula  MD86
Mira de Aire 1 - Quadrícula  ND17
Mira de Aire 2 - Quadrícula  ND27
Mira de Aire 3 - Quadrícula  ND37
Cabo Mondego - Quadrícula  NE04
Praia de Quiaios -  Quadrícula  NE05
Serra da Boa Viagem - Quadrícula  NE15
Lagoas de Quiaios -  Quadrícula  NE16
Montemor - Quadrícula  NE24
Coimbra - Quadrícula  NE45
Rabaçal - Quadrícula  NE43
Pombal - Quadrícula  NE31

Veja à seguir : 13. The Northern Serras of Portugal (Serra da Est​rela, do Marão, do Gerês)

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