Blog da Associação Trilhos d'Esplendor.

Download of PDFs (2 Volumes - Eds. 2014):

"Polunin - Flowers of South-West Europe - revisited" (Vol. I - Introdução - 371 pp.) (-> Polunin - Flowers of South-West Europe - revisited" -> View & Download (Vol. II - Portugal - 1559 pp.) -> View & Download

(contains Web links to Flora-On for observed plant species, Web links to high resolution Google satellite-maps (JPG) of plant-hunting regions from the Iberian peninsula; illustrated text in Portuguese language)



Pesquisar neste blogue

Flora da Serra da Boa Viagem - Folha de Cálculo - > 500 Taxa - > 5000 Fotografias, Scans e Chaves

Polunin - Flowers of South-West Europe - revisited - última compilação

Polunin - Flowers of South-West Europe - revisited (Volume I - Portugal) Download PDFs (>300MB)

terça-feira, 10 de setembro de 2013

2.13.2g1 - Serra da Estrela - Anexos




“Flowers of South-West Europe - a field guide” - de Oleg Polunin e B.E. Smythies


“Revisitas” de regiões  esquecidas no tempo - “Plant Hunting Regions” - a partir de uma obra de grande valor para o especialista e amador de botânica como da Natureza em geral.



Por
Horst Engels, Cecilia Sousa, Luísa Diniz, Nicole Engels, José Saraiva, Victor Rito
da
Associação “Trilhos d’Esplendor”



2.13 The Northern Serras of Portugal



2.13 As Serras do Norte de Portugal
2.13.2 Serra da Estrela
    1. Introdução
      1. Geografia, Clima, Geologia, Geomorfologia e Solos
    2. Bioclima, Biogeografia, Vegetação actual e potential
    3. Os Habitats da Serra da Estrela
      1. Florestas
      2. Charnecas e Matos
      3. Formações herbáceas
      4. Ambientes aquáticos
      5. Ambientes rochosos
      6. Turfeiras altas
      7. Habitats rurais
    4. “Cultural Landscapes of Europe” - Serra da Estrela, uma paisagem tradicional
      1. Mudança climática e sucessão vegetational no Holocénico
      2. Acção antropogénica e degradação florestal no Holocénico
      3. Um modelo para a gestão da Serra da Estrela
    5. A Fauna da Serra da Estrela
      1. Observação de Aves na Serra da Estrela
    6. Anexos
      1. O Sítio Estrela
      2. Lista dos Habitats
      3. Introdução à Bioclimática
      4. Introdução à Biogeografia
      5. Introdução à Fitossociologia
Folha de Cálculo: Flora da Serra da Estrela
(Lista provisória de plantas vasculares e não-vasculares)


Mapas das Serras do Norte de Portugal:


2.13.2 Serra da Estrela (Anexos)





Anexo I


O Sítio Estrela


SÍTIO
SERRA DA ESTRELA


CÓDIGO
PTCON0014


DATA E DIPLOMA DE CLASSIFICAÇÃO
Resolução do Conselho de Ministros n.º 76/00 de 5 de Julho


ÁREA
88 291 ha


CÓDIGOS NUT
PT127 – Serra da Estrela - 100%


CONCELHOS ENVOLVIDOS



REGIÃO BIOGEOGRÁFICA
Mediterrânica


RELAÇÕES COM OUTRAS ÁREAS CLASSIFICADAS DE ÂMBITO NACIONAL
Parque Natural da Serra da Estrela (97,8%) Diploma de classificação: Dec.-Lei
557/76, de 16 de Julho. Diploma de reclassificação: Dec. Reg. 50/97, de 20 de
Novembro.


RELAÇÕES COM ÁREAS CLASSIFICADAS DE ÂMBITO INTERNACIONAL
Reserva Biogenética (Conselho da Europa): Planalto Central da Serra da Estrela


CARACTERIZAÇÃO
No Sítio Serra da Estrela, acidente orográfico que em conjunto com as serras do
Açor e da Lousã forma o extremo ocidental da Cordilheira Central, podem
distinguir-se cinco principais unidades paisagísticas: o planalto central, os picos e
algumas cristas que se estendem a partir destes, os planaltos a menor altitude, as
encostas e os vales percorridos por linhas de água. No Sítio encontra-se o ponto
mais alto de Portugal Continental e parte importante de três bacias hidrográficas
(Douro, Tejo e Mondego). A paisagem superior da serra, por ter sofrido uma forte
influência da glaciação quaternária, possui uma morfologia peculiar.
O Sítio apresenta um variado mosaico de habitats, conjugando elementos
representativos de diversas regiões biogeográficas. É, como expectável, a área
mais emblemática de Portugal Continental para valores naturais associados à
altitude, muito deles com carácter exclusivo.
Merecem especial referência os cervunais (6230*), habitat prioritário constituído
por arrelvados de cervum (Nardus stricta), onde ocorre uma importante flora
endémica (e.g. Festuca henriquesii, Leontodon pyrenaicus subsp. herminicus e
Ranunculus abnormis) ou rara (e.g. Alchemilla transiens e Gentiana lutea), os
zimbrais-anões de Juniperus communis (4060), comunidade arbustiva exclusiva
do Serra da Estrela com uma pequena área de ocupação acima dos 1700 m de
altitude, e as charcas e lagoas permanentes orotemperadas (3130), igualmente
exclusivas, onde se pode observar flora de distribuição restrita, caso da relíquia
glaciar Sparganium angustifolium.
De grande importância são também as turfeiras altimontanas (7140), outro
habitat exclusivo, os sensíveis urzais turfófilos (4010), instalados sobre mouchões
ou tapetes muscinais, o habitat prioritário de urzais-tojais meso-higrófilos e
higrófilos (4020*) e os prados dominados por Minuartia recurva subsp. juressi e
Festuca summilusitana (6160), exclusivos dos afloramentos graníticos convexos do
planalto estrelense.
De mencionar ainda as comunidades exclusivamente estrelenses de Sedum
anglicum subsp. pyrenaicum (8230), acantonadas às cotas superiores da Serra,
as comunidades de montanha de caldoneira (4090) (Echinospartum ibericum),
que atingem o seu óptimo neste Sítio, os matos de piorno-serrano (5120) (Cytisus
oromediterraneus, sin. C. purgans auct.), praticamente confinados às vertentes
orientais, acima dos 1400 m, onde atingem um elevado grau de cobertura, as
cascalheiras graníticas de corologia estrelense (8130), onde vegeta flora que,
em Portugal, é exclusiva do Sítio, e os bosquetes de teixo (Taxus baccata) que,
para além da Serra da Estrela, se encontram somente assinalados para outro
Sítio.
É um Sítio muito importante para diversas espécies do género Festuca, caso das
F. summilusitana, F. elegans e F. henriquesii, sendo o único local conhecido para
esta última. Aqui ocorrem também os briófitos Bruchia vogesiaca e Marsupella
profunda e as compostas Centaurea rothmalerana, um endemismo estrelense, e
C. micrantha subsp. herminii. É ainda o Sítio onde se observa o maior número de
efectivos de Narcissus asturiensis.
A região do Planalto Central da Serra da Estrela é o único local de ocorrência
em Portugal da lagartixa-da-montanha (Lacerta monticola), espécie endémica
da Península Ibérica.
Este Sítio inclui linhas de água bem conservadas, de grande importância para a
lontra (Lutra lutra), o lagarto-de-água (Lacerta schreiberi) e particularmente para
a salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica), atendendo a que se trata de
uma área de elevada diversidade genética e de maior vulnerabilidade para a
espécie. Engloba também locais importantes para a conservação da toupeirade-
água (Galemys pyrenaicus), coincidindo com o limite Sul da sua área de
distribuição e integrando populações que se consideram reduzidas e
ameaçadas.
Ocorrem ainda invertebrados de distribuição reduzida, nomeadamente Lucanus
cervus, Geomalacus maculosus, Callimorpha quadripunctaria e Oxygastra
curtisii.


Habitats naturais e semi-naturais constantes do anexo B-I do Dec. Lei n.º 49/2005



3130     Águas estagnadas, oligotróficas a mesotróficas, com vegetação da Littorelletea uniflorae e ou da Isoëto-Nanojuncetea     
3260     Cursos de água dos pisos basal a montano com vegetação da Ranunculion fluitantis e da Callitricho-Batrachion     
3270     Cursos de água de margens vasosas com vegetação da Chenopodion rubri p.p. e da Bidention p. p.     
3280     Cursos de água mediterrânicos permanentes da Paspalo-Agrostidion com cortinas arbóreas ribeirinhas de Salix e Populus alba     
3290     Cursos de água mediterrânicos     intermitentes da Paspalo-Agrostidion     
4010     Charnecas húmidas atlânticas setentrionais de Erica tetralix     
4020*     Charnecas húmidas atlânticas temperadas de Erica ciliaris e Erica tetralix     
4030     Charnecas secas europeias     
4060     Charnecas alpinas e boreais     
4090     Charnecas oromediterrânicas endémicas com giestas espinhosas     
5120     Formações montanas de Cytisus purgans     
5230*     Matagais arborescentes de Laurus nobilis     
5330     Matos termomediterrânicos pré-desérticos     
6160     Prados oro-ibéricos de Festuca indigesta     
6220*     Subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea     
6230*     Formações herbáceas de Nardus, ricas em espécies, em substratos siliciosos das zonas montanas (e das zonas submontanas da Europa continental)     
6410     Pradarias com Molinia em solos calcários, turfosos e argilo-limosos (Molinion caeruleae)     
6430     Comunidades de ervas altas higrófilas das orlas basais e dos pisos montano a alpino     
6510     Prados de feno pobres de baixa altitude (Alopecurus pratensis, Sanguisorba officinalis)     
7140     Turfeiras de transição e turfeiras ondulantes     
8130     Depósitos mediterrânicos ocidentais e termófilos     
8220     Vertentes rochosas siliciosas com vegetação casmofítica     
8230     Rochas siliciosas com vegetação pioneira da Sedo-Scleranthion ou da Sedo albi-Veronicion dillenii     
8310     Grutas não exploradas pelo turismo     
91E0*     Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior (Alno-Padion, Alnion incanae, Salicion albae)     
9230     Carvalhais galaico-portugueses de Quercus robur e Quercus pyrenaica     
9260     Florestas de Castanea sativa     
92A0     Florestas-galerias de Salix alba e Populus alba     
9330     Florestas de Quercus suber     
9340     Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia     
9580*     Florestas mediterrânicas de Taxus baccata     


Espécies da Flora constantes do anexo B-II do Dec. Lei n.º 49/2005 de 24/02


CÓDIGO ESPÉCIE     ESPÉCIE     ANEXOS     
1385     Bruchia vogesiaca     II     
1793     Centaurea micrantha ssp. herminii     II, IV     
1784     Centaurea rothmalerana     II, IV     
1885     Festuca elegans     II, IV     
1890     Festuca henriquesii     II, IV     
1891     Festuca summilusitana     II, IV     
1390     Marsupella profunda     II     
1865     Narcissus asturiensis     II, IV     
1733     Veronica micrantha     II, IV     


Espécies da Fauna constantes do anexo B-II do Dec. Lei n.º 49/2005 de 24/02


CÓDIGO ESPÉCIE     ESPÉCIE     ANEXOS     
1078     Callimorpha quadripunctaria     II     
1088     Cerambyx cerdo     II, IV     
1065     Euphydryas aurinia     II     
1024     Geomalacus maculosus     II, IV     
1083     Lucanus cervus     II     
1041     Oxygastra curtisii     II, IV     
1116     Chondrostoma polylepis     II     
1135     Rutilus macrolepidotus     II     
1172     Chioglossa lusitanica     II, IV     
1249     Lacerta monticola     II, IV     
1259     Lacerta schreiberi     II, IV     
1221     Mauremys leprosa     II, IV     
1301     Galemys pyrenaicus     II, IV     
1355     Lutra     lutra     II, IV     
1308     Barbastella barbastellus     II, IV     
1310     Miniopterus schreibersi     II, IV     
1307     Myotis blythii     II, IV     
1321     Myotis emarginatus     II, IV     
1324     Myotis myotis     II, IV     
1305     Rhinolophus euryale     II, IV     
1304     Rhinolophus ferrumequinum     II, IV     
1302     Rhinolophus mehelyi     II, IV     
1303     Rhinolophus hipposideros     II, IV     


Outras Espécies dos Anexos B-IV e B-V do Dec. Lei n.º 49/2005 de 24/02



 ESPÉCIE     ANEXO     
FLORA     
   Armeria sampaioi     V     
   Arnica montana     V     
   Cladina arbuscula     V     
   Cladina portentosa     V     
   Cladina rangiferina     V     
   Gentiana lutea     V     
   Iris lusitanica     V     
   Lycopodium clavatum     V     
   Murbeckiella pinnatifida ssp. herminii     V     
   Murbeckiella sousae     IV     
   Narcissus bulbocodium     V     
   Narcissus triandrus     IV     
   Rubus genevieri ssp. herminii     V     
   Ruscus aculeatus     V     
   Scilla beirana     IV     
   Scrophularia herminii     V     
   Scrophularia sublyrata     V     
   Senecio caespitosus     IV     
   Sphagnum capillifolium     V     
    Sphagnum compactum     V     
   Sphagnum girgensohnii     V     
   Sphagnum palustre     V     
   Sphagnum recurvum complex     V     
   Sphagnum russowi     V     
   Sphagnum squarrosum     V     
   Sphagnum tenellum     V     
   Spiranthes aestivalis     IV     
   Teucrium salviastrum ssp. salviastrum     V     
   Thymelaea broterana     IV     
           
FAUNA     
   Discoglossus galganoi     IV     
   Bufo calamita     IV     
   Rana iberica     IV     
   Rana perezi     V     
   Triturus marmoratus     IV     
   Felis silvestris     IV     
   Eptesicus serotinus     IV     
   Myotis daubentoni     IV     
   Myotis nattereri     IV     
   Nyctalus leisleri     IV     
   Pipistrellus pipistrellus     IV     
   Plecotus auritus     IV     
   Plecotus austriacus     IV     
   Tadarida teniotis     IV     


PRINCIPAIS USOS E OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO COM RESPECTIVAS PERCENTAGENS



Tipo de uso do solo     Área (ha)     Percentagem (%)     
Áreas agro/ silvo/ pastoris     2839,187     3,22     
Áreas agrícolas arvenses     10494,6     11,89     
Áreas agrícolas arbóreo-arbustivas     3925,343     4,45     
Matos e Pastagens naturais     29277,274     33,16     
Floresta     35638,815     40,36     
Zonas húmidas     310,408     0,35     
Outros (áreas urbanas e industriais, áreas sem coberto vegetal)     5806,062     6,58     



CARACTERIZAÇÃO AGRO-FLORESTAL (INFORMAÇÃO FORNECIDA PELO MADRP NO ÂMBITO DA ELABORAÇÃO DO PLANO SECTORIAL)


Área do Sítio: 88 292 ha (5% Agrícola e 77% Florestal);







1. Dinâmicas Socio-económicas
• Dinâmicas Territoriais: 66% da área do Sítio Rural Frágil
• Propensão para o Abandono - % da SAU do Sítio:
- com Rend.Trabalho < 60% da média da região-16%
- com elevado risco de abandono após desligamento total das ajudas – 14%


2. Sistemas dominantes
Para além da dominância das áreas de espécies florestais é de salientar o peso relevante, em % da
MBT média por exploração, dos sistemas de Culturas Permanentes ou Combinadas (olival e/ou
vinha) (44%) e do sistema especializado Ovinos/Caprinos (15%).


3. Programas / Projectos Específicos


3.1. Medidas de Apoio: no quadro das medidas agro-ambientais que integram o programa RURIS, encontra-se em fase de implementação, desde o início de 2005 o Plano Zonal Agro-Ambiental do Parque Natural da Serra da Estrela, que disponibiliza apoios específicos a sistemas agroflorestais importa


3.2. Produtos de Qualidade
Aos sistemas agro-florestais identificados estão intimamente associados os produtos de qualidade “Queijo da Serra da Estrela” (DOP.), o “Requeijão Serra da Estrela”(DOP), o “Borrego da Serra da Estrela” (DOP) e já em fase de conclusão do processo de reconhecimento, o “Queijo Serra da Estrela Velho”.




INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL E OUTRA LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Plano Nacional da Água - DL nº 112/2002 de 17 de Abril
Plano de Bacia Hidrográfica do Mondego – (Decreto Regulamentar nº 9/2002. DR
51, Série I - B, de 01/03/2002)
Plano de Bacia Hidrográfica do Tejo – (Decreto Regulamentar nº 18/2001. DR 283,
Série I - B, de 07/12/2001)
Rectificação do Plano de Bacia Hidrográfica do Tejo – (Declaração de
rectificação nº 21-E/2001. DR 301, Série I - B - 7º supl., de 31/12/2001)
Plano de Ordenamento de Albufeira de Cova do Viriato - Resolução do
Concelho de Ministros nº 42/2004 de 31 de Março
PDM de Celorico da Beira – ratificação - Resolução do Conselho de Ministros n.º
86/95, de 09 de Setembro
PDM de Covilhã – ratificação - Resolução do Conselho de Ministros n.º 124/99, de
23 de Outubro
PDM de Gouveia – ratificação - Resolução do Conselho de Ministros n.º 108/95,
de 18 de Outubro
PDM de Guarda – ratificação - Resolução do Conselho de Ministros n.º 55/94, de
20 de Julho
PDM de Manteigas – ratificação - Resolução do Conselho de Ministros n.º 54/93,
de 14 de Agosto
PDM de Oliveira do Hospital – ratificação - Resolução do Conselho de Ministros n.º
210/97, de 09 de Dezembro
PDM de Seia – ratificação - Resolução do Conselho de Ministros n.º 121/97, de 24
de Julho
Plano de Desenvolvimento Rural/RURIS (áreas de incidência das diferentes
medidas):
- Regras gerais de aplicação do RURIS - DL nº 64/2004 de 22 de Março
- Alteração do RURIS e dos regulamentos das intervenções
- Regulamento da intervenção "Medidas Agro-ambientais" - Portaria nº
360/2004 de 7 de Abril
- Regulamento da intervenção "Florestação de Terras Agrícolas" - Portaria nº
680/2004 de 19 de Junho
- Regulamento da intervenção "Indemnizações Compensatórias" - Portaria nº
193/2003 de 22 de Fevereiro
Caça - zonas de caça sujeitas a diferentes regimes cinegéticos
Perímetros e matas florestais nacionais (regime florestal total e parcial)
Cadastro de Concessões Mineiras 2001 - DL nº 90/90 de 16 de Março (Lei Base -
Regime Geral); DL nº 87/90 de 16 de Março (Relativo a recursos geotérmicos); DL
nº 88/90 de 16 de Março (Relativo a depósitos minerais); DL nº 270/2001 de 6 de
Outubro (Relativo a massas minerais - pedreiras)
Barragens (Albufeiras Classificadas) - DR nº 37/91 de 23 de Julho; DR nº 2/88 de 20
de Janeiro; DR nº 3/2002 de 4 de Fevereiro


FACTORES DE AMEAÇA
Os principais factores de ameaça identificados para os valores naturais que
justificaram a classificação do Sítio são o abandono da pastorícia tradicional de
percurso, os incêndios e as queimadas, a construção de infra-estruturas, a
crescente pressão turística, a implantação de empreendimentos hidráulicos e
hidroeléctricos, a artificialização de linhas de água e as alterações aos regimes
hídricos naturais, a florestação com espécies arbóreas exóticas, a colheita de
espécies vegetais ameaçadas, a proliferação de flora exótica infestante e a
extracção de inertes.


ORIENTAÇÕES DE GESTÃO
Dada a relevância botânica do Sítio é fundamental a preservação das áreas
mais significativas para a flora e os habitats, nomeadamente as áreas do planalto
central, onde ocorrem as comunidades rupícolas, bem como os habitats típicos
de altitude, caso dos cervunais, lagoachos, sistemas turfosos e arrelvados
húmidos, devendo ser assegurada a perpetuação do mosaico.


Devem ser apoiadas as actividades agro-pastoris tradicionais, sendo identificadas
as práticas mais adequadas à conservação dos valores naturais em causa e
condicionar a realização de queimadas.
De grande importância são também os valores faunísticos que ocorrem, na sua
grande maioria, associados aos sistemas ripícolas e às zonas húmidas. É assim
essencial a manutenção da qualidade da água e a protecção das linhas de
água, conservando e recuperando a vegetação ribeirinha, impedindo a
artificialização de margens, condicionando regularizações, drenagens e
captações de água, e assegurando a manutenção do regime hídrico natural e
das suas flutuações sazonais.
O ordenamento da infra-estruturação e do turismo é sobremaneira importante,
sendo vital estabelecer e zonar as áreas adequadas a esta actividade
económica, definindo capacidades de carga e disciplinando acessibilidades.
As acções de ordenamento e de gestão florestal devem ser orientadas para a
recuperação das florestas climácicas e para uma gradual substituição dos
povoamentos florestais envelhecidos constituídos por espécies exóticas por
arborizações com espécies autóctones. Importa também reforçar a prevenção
contra incêndios.
A extracção de inertes deve ser condicionada e as espécies infestantes
controladas.
Embora o lobo não ocorra actualmente neste Sítio, tendo em conta a
proximidade relativamente a áreas de presença desta espécie, poderá vir a
verificar-se uma ocupação futura desta área.


Agricultura e Pastorícia
- Adoptar práticas de pastoreio específicas
3130; 3270; 4010; 4020*; 5330; 6230*; 6410; 6430; 6510; 9580*; Lacerta
monticola
Centaurea micrantha ssp herminii; Festuca summilusitana (pastoreio de
percurso)
Euphydryas aurinia (baixo encabeçamento, preferencialmente bovinos)
Mauremys leprosa (salvaguardar do pastoreio os locais mais sensíveis)
- Manter práticas de pastoreio extensivo
3280; 3290; 4030; 4060; 5120; 6160; 6220*; 6410; Barbastella barbastellus;
Festuca henriquesii; Miniopterus schreibersi; Myotis blythii; Myotis
emarginatus; Myotis myotis; Rhinolophus euryale; Rhinolophus
ferrumequinum; Rhinolophus hipposideros
- Salvaguardar de pastoreio
91E0*; 9230; 9330; 9340; 9580
- Aumentar a pressão do pastoreio
6230*
- Remover, por corte mecânico, a biomassa aérea não pastoreada
6230*
- Condicionar queimadas
4010; 4020*
Euphydryas aurinia (particularmente nas fases de ovo e crisálida)
- Assegurar mosaico de habitats
Barbastella barbastellus; Miniopterus schreibersi; Myotis blythii; Myotis
emarginatus; Myotis myotis; Rhinolophus euryale; Rhinolophus
ferrumequinum; Rhinolophus hipposideros (bosquetes, sebes e matos,
intercalados com zonas mais abertas de pastagens e zonas agrícolas)
Euphydryas aurinia (áreas mais abertas, de prados e pastagens,
alternadas com zonas não cortadas/abandonadas recentemente)
- Conservar / promover sebes, bosquetes e arbustos
Centaurea rothmalerana (manutenção de sebes de carvalhal)
Euphydryas aurinia; Barbastella barbastellus; Miniopterus schreibersi;
Myotis blythii; Myotis emarginatus; Myotis myotis; Rhinolophus euryale;
Rhinolophus ferrumequinum; Rhinolophus hipposideros (em áreas mais
abertas, com o objectivo de criar locais de refúgio e reprodução)
Lucanus cervus (em especial em áreas mais abertas, de forma a
proporcionar madeira em áreas de presença da espécie)Lutra lutra
(promover a manutenção/criação de sebes e bordaduras de vegetação
natural na periferia das zonas húmidas)
- Promover a manutenção de prados húmidos
Euphydryas aurinia; Festuca henriquesii; Narcissus asturiensis
- Assegurar a manutenção de usos agrícolas extensivos
6430; 6510
- Condicionar a intensificação agrícola
Barbastella barbastellus; Callimorpha quadripunctaria; Chioglossa
lusitanica; Euphydryas aurinia; Geomalacus maculosus; Miniopterus
schreibersi; Myotis blythii; Myotis emarginatus; Myotis myotis; Rhinolophus
euryale; Rhinolophus ferrumequinum; Rhinolophus hipposideros
- Condicionar mobilização do solo
5330; 6220*
- Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas
6230*; 6510; Barbastella barbastellus; Callimorpha quadripunctaria;
Cerambyx cerdo; Chioglossa lusitanica; Euphydryas aurinia; Geomalacus
maculosus; Lacerta schreiberi; Lucanus cervus; Miniopterus schreibersi;
Myotis blythii; Myotis emarginatus; Myotis myotis; Oxygastra curtisii;
Rhinolophus euryale; Rhinolophus ferrumequinum; Rhinolophus
hipposideros
- Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas em áreas
contíguas ao habitat
3130; 3260; 3290; 3270; 3280; 6410; 7140; Chioglossa lusitanica;
Chondrostoma polylepis; Galemys pyrenaicus; Lacerta schreiberi; Lutra
lutra; Mauremys leprosa; Rutilus macrolepidotus
- Outros condicionamentos específicos a práticas agrícolas
4020*; 6510
Euphydryas aurinia (determinar períodos de corte compatíveis com a
manutenção das populações, o que geralmente implica retardar o corte
da vegetação de forma a não coincidir com os períodos larvar-crisálida)
- Outros condicionamentos específicos a práticas agrícolas em áreas contíguas
ao habitat
3260; 3270; 3280; 3290
- Condicionar expansão do uso agrícola
4020*; 5230*; 5330; 9330; 9340
- Incrementar a sustentabilidade económica de actividades com interesse
para a conservação
6220*; 6230*; Narcissus asturiensis


Silvicultura
- Conservar / recuperar povoamentos florestais autóctones
Cerambyx cerdo; Lucanus cervus
Centaurea rothmalerana; Festuca elegans (carvalhais e soutos)
Veronica micrantha (adensamento dos povoamentos e manutenção de
elevados níveis de naturalidade sem qualquer tipo de intervenção no
subcoberto; manutenção dos níveis de escorrência e infiltração das
águas no solo ao longo das vertentes vizinhas; conservar matas
caducifólias e bosques ribeirinhos)
Barbastella barbastellus; Euphydryas aurinia; Geomalacus maculosus;
Miniopterus schreibersi; Myotis blythii; Myotis emarginatus; Myotis myotis;
Rhinolophus euryale; Rhinolophus ferrumequinum; Rhinolophus
hipposideros (com um subcoberto diversificado)
- Conservar / recuperar vegetação dos estratos herbáceo e arbustivo
Barbastella barbastellus; Euphydryas aurinia; Geomalacus maculosus;
Miniopterus schreibersi; Myotis blythii; Myotis emarginatus; Myotis myotis;
Rhinolophus euryale; Rhinolophus ferrumequinum; Rhinolophus
hipposideros
- Promover áreas de matagal mediterrânico
9330; 9340; Rhinolophus euryale; Rhinolophus ferrumequinum; Rhinolophus
hipposideros
- Condicionar a florestação
4020*; 5230*; 5330; 6510; 8220; 9330; 9340; Festuca summilusitana
- Proibir a florestação
4090
- Adoptar práticas silvícolas específicas
5330; 91E0*; 9230; 9260; 92A0; 9330; 9340; 9580*
Festuca elegans (condicionar o corte das formações florestais de cuja
orla a espécie faz parte, bem como a limpeza destas orlas)
- Promover a regeneração natural
91E0*; 9230; 9330; 9340; Veronica micrantha
- Manter árvores mortas ou árvores velhas com cavidades
Barbastella barbastellus; Cerambyx cerdo; Lucanus cervus; Myotis
emarginatus
- Incrementar sustentabilidade económica de actividades com interesse para
a conservação
9230; 9260; 9330; 9340
- Reduzir risco de incêndio
5330; 91E0*; 9230; 9330; 9340; 9580*; Barbastella barbastellus; Callimorpha
quadripunctaria; Cerambyx cerdo; Chioglossa lusitanica; Chondrostoma
polylepis; Euphydryas aurinia; Galemys pyrenaicus; Geomalacus
maculosus; Lacerta monticola; Lacerta schreiberi; Lucanus cervus; Lutra
lutra; Mauremys leprosa; Miniopterus schreibersi; Myotis blythii; Myotis
emarginatus; Myotis myotis; Oxygastra curtisii; Rhinolophus euryale;
Rhinolophus ferrumequinum; Rhinolophus hipposideros; Rutilus
macrolepidotus
Construção e Infra-estruturas
- Condicionar a construção de infra-estruturas
4060; 5230*; 5330; 6160; 6220*; 6230*; 7140; 8130; 8220; 8230; 9330; 9340;
Narcissus asturiensis; Veronica micrantha
Chioglossa lusitanica; Galemys pyrenaicus; Lacerta schreiberi (na
construção de novas estradas ou alargamento das existentes evitar a
proximidade às linhas de água)
- Apoiar tecnicamente o alargamento de estradas e a limpeza de taludes
Veronica micrantha
Chioglossa lusitanica; Galemys pyrenaicus; Lacerta schreiberi (em zonas
adjacentes às linhas de água, de forma a não aterrar/destruir as margens
das linhas de água e a vegetação aí existente)
Euphydryas aurinia (em áreas mais sensíveis efectuar estes trabalhos em
função do ciclo de vida da espécie)
- Condicionar expansão urbano-turística
4060; 5330; 6160; 7140; 8220; 8230; 8310; 9330; 9340; Festuca summilusitana
Chioglossa lusitanica; Lacerta monticola; Lutra lutra; Mauremys leprosa
(ordenar expansão urbano-turística de forma a não afectar as áreas mais
sensíveis)
- Condicionar construção de açudes em zonas sensíveis
3260; 3290; 5230*; 91E0*; Chondrostoma polylepis; Galemys pyrenaicus;
Rutilus macrolepidotus; Veronica micrantha
- Condicionar construção de barragens em zonas sensíveis
3260; 3290; 5230*; 91E0*; Chondrostoma polylepis; Galemys pyrenaicus;
Lacerta schreiberi; Rutilus macrolepidotus; Veronica micrantha
- Assegurar caudal ecológico
3260; Chondrostoma polylepis; Galemys pyrenaicus; Lutra lutra; Mauremys
leprosa; Rutilus macrolepidotus
- Melhorar transposição de barragens /açudes
Galemys pyrenaicus (através de levadas laterais de água ou escadas
para peixes)
Chondrostoma polylepis; Rutilus macrolepidotus (colocação de
passagens adequadas para peixes)
- Reduzir mortalidade acidental
Lutra lutra (passagens para fauna e sinalizadores em rodovias;
implementar dispositivos dissuasores da passagem e entrada da espécie
nas pisciculturas)


Outros usos e Actividades
- Monitorizar, manter / melhorar qualidade da água
3130; 3260; 3270; 3280; 3290; 5230*; 6410; 7140; 8310; Chioglossa lusitanica;
Lacerta schreiberi; Lutra lutra; Mauremys leprosa; Oxygastra curtisii
Galemys pyrenaicus (considerando como valores de referência os limites
previstos nas “Normas de qualidade aplicáveis às águas piscícolas”, de
acordo com o disposto no Decreto-Lei nº 236/98, de 1 de Agosto)
Barbastella barbastellus; Miniopterus schreibersi; Myotis blythii; Myotis
emarginatus; Myotis myotis; Rhinolophus euryale; Rhinolophus
ferrumequinum; Rhinolophus hipposideros (conservação das suas áreas
de alimentação)
Chondrostoma polylepis; Rutilus macrolepidotus (considerando como
valores de referência os limites previstos para as “águas de ciprinídeos”,
de acordo com o disposto no Dec.-Lei nº 236/98, de 1 de Agosto)
- Condicionar captação de água
3260; 7140
Chioglossa lusitanica; Chondrostoma polylepis; Galemys pyrenaicus; Lutra
lutra; Mauremys leprosa; Oxygastra curtisii; Rutilus macrolepidotus (nas
zonas mais sensíveis e durante os meses de menor pluviosidade)
- Condicionar drenagem
4010; 4020*; 6410; 7140; 91E0*; Mauremys leprosa
Chioglossa lusitanica (em zonas mais sensíveis)
- Conservar / recuperar vegetação ribeirinha autóctone
Barbastella barbastellus; Callimorpha quadripunctaria; Cerambyx cerdo;
Chioglossa lusitanica; Chondrostoma polylepis; Galemys pyrenaicus;
Lacerta schreiberi; Lucanus cervus; Lutra lutra; Mauremys leprosa;
Miniopterus schreibersi; Myotis blythii; Myotis emarginatus; Myotis myotis;
Oxygastra curtisii; Rhinolophus euryale; Rhinolophus ferrumequinum;
Rhinolophus hipposideros; Rutilus macrolepidotus
- Condicionar intervenções nas margens e leito de linhas de água
3260; 3270; 3280; 3290; 5230*; 91E0*; 9230; 92A0; Callimorpha
quadripunctaria; Chioglossa lusitanica; Chondrostoma polylepis; Galemys
pyrenaicus; Lacerta schreiberi; Lutra lutra; Mauremys leprosa; Oxygastra
curtisii; Rutilus macrolepidotus
- Regular uso de açudes e charcas
Mauremys leprosa (salvaguardar do gado os charcos temporários; evitar
a mobilização dos charcos temporários localizados em terrenos agrícolas)
- Ordenar acessibilidades
4060; 7140; 9330; 9340
- Interditar circulação de viaturas fora dos caminhos estabelecidos
5230*
- Ordenar actividades de recreio e lazer
4060; 6160; 6230*; 7140
Galemys pyrenaicus; Lacerta monticola; Mauremys leprosa (nas áreas
mais sensíveis, associadas às zonas húmidas)
- Ordenar prática de desporto da natureza
6230*; 8310
Chondrostoma polylepis; Galemys pyrenaicus; Rutilus macrolepidotus
(desportos associados aos cursos de água)
Miniopterus schreibersi; Myotis blythii; Myotis emarginatus; Myotis myotis;
Rhinolophus euryale; Rhinolophus ferrumequinum; Rhinolophus
hipposideros; Rhinolophus mehelyi (espeleologia)
- Reduzir mortalidade acidental
Barbastella barbastellus; Rhinolophus euryale; Rhinolophus ferrumequinum;
Rhinolophus hipposideros (evitar o uso de vedações rematadas no topo
com arame farpado)
- Regular dragagens e extracção de inertes
8130; 8220; 8310; Oxygastra curtisii
Galemys pyrenaicus (interditar a extracção de inertes nas linhas de água,
durante o período de reprodução da espécie, entre Março e Julho)
Mauremys leprosa (interditar a extracção de inertes nas zonas
coincidentes com áreas de reprodução)
Chondrostoma polylepis; Rutilus macrolepidotus (interditar extracção de
inertes nos locais de reprodução da espécie, em qualquer época do
ano; nos restantes locais, condicionar durante a Primavera)
- Interditar deposições de dragados ou outros aterros
Chondrostoma polylepis; Galemys pyrenaicus; Rutilus macrolepidotus (em
áreas mais sensíveis)
- Moderar a aplicação de sal nas vias públicas
3130; 6230*; 7140
Orientações específicas
- Efectuar desmatações selectivas
5330; 6220*; 6230*; 6410
- Efectuar gestão por fogo controlado
4030; 5120; 5330; 6160; 6220*; 6410
- Definir zonas de protecção para a espécie / habitat
Veronica micrantha
- Estabelecer programa de repovoamento / reintrodução
Veronica micrantha
- Criar novos locais de reprodução, conservar/recuperar os existentes
Chioglossa lusitanica (conservar/recuperar minas e galerias já
identificadas)
- Condicionar ou interditar corte, colheita e captura de espécies
4060; 5230*
- Criar alternativas à colheita de espécies, promovendo o seu cultivo
3130; 5230*
Narcissus asturiensis (se se verificar procura comercial da espécie,
incentivar o cultivo de Narcisos, estabelecendo um selo de certificação e
envolvendo as populações locais)
- Controlar a predação e/ou parasitismo e/ou a competição inter-específica
3130; 6230*
- Impedir introdução de espécies não autóctones /controlar existentes
3270; 4030; 5230*; 5330; 6220*; 8220; 9330; 9340
Callimorpha quadripunctaria; Chioglossa lusitanica; Chondrostoma
polylepis; Euphydryas aurinia; Galemys pyrenaicus; Oxygastra curtisii;
Rutilus macrolepidotus (implementar programas de controlo e
erradicação de espécies vegetais exóticas invasoras das margens das
linhas de água e encostas adjacentes, promovendo a sua substituição
por espécies autóctones)
Lacerta schreiberi (remover espécies vegetais exóticas pelo menos numa
faixa de 50 m para cada lado das linhas de água)
Mauremys leprosa (controlar introduções furtivas de espécies animais
potenciais competidoras)
- Condicionar o acesso
7140; 8310
Miniopterus schreibersi; Myotis blythii; Myotis emarginatus; Myotis myotis;
Rhinolophus euryale; Rhinolophus ferrumequinum; Rhinolophus
hipposideros (quando se justifique, colocar vedações que, permitindo a
passagem de morcegos, evitem a entrada de visitantes nas épocas do
ano em que o abrigo se encontra ocupado)
- Consolidar galerias de minas importantes
Miniopterus schreibersi; Myotis blythii; Myotis emarginatus; Myotis myotis;
Rhinolophus euryale; Rhinolophus ferrumequinum; Rhinolophus
hipposideros
- Desobstruir a entrada de abrigos
Miniopterus schreibersi; Myotis blythii; Myotis emarginatus; Myotis myotis;
Rhinolophus euryale; Rhinolophus ferrumequinum; Rhinolophus
hipposideros (grutas, minas ou algares)
- Impedir encerramento de grutas, minas e algares com dispositivos
inadequados
Miniopterus schreibersi; Myotis blythii; Myotis emarginatus; Myotis myotis;
Rhinolophus euryale; Rhinolophus ferrumequinum; Rhinolophus
hipposideros (como portas compactas ou gradeamentos de malha
apertada)
- Criar caixas de abrigo
Barbastella barbastellus; Myotis emarginatus
- Manter as edificações que possam albergar colónias /populações
Myotis emarginatus; Rhinolophus ferrumequinum; Rhinolophus
hipposideros
- Manter / recuperar habitats contíguos
6410; 6430; 91E0*
Veronica micrantha (conservar os carvalhais que constituem o habitatorla)
Galemys pyrenaicus (assegurar corredores ecológicos)
Chondrostoma polylepis; Rutilus macrolepidotus (assegurar continuum
fluvial)
- Preservar os maciços rochosos e habitats rupícolas associados
Narcissus asturiensis
- Recuperar zonas húmidas
Mauremys leprosa




CONDIÇÕES E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INCIDÊNCIAS AMBIENTAIS














Anexo II - Natura 2000 Habitats (biótopes)


Considering micro-biotopes, Corine and Natura 2000 biotopes the Estrelean territory
comprises well over 200 biotopes. Here only biotopes are presented that are listed
in Annex I of the 'Habitats' Directive. These biotopes require the designation of
Special Areas of Conservation and are considered to be of particular interest within
the 15 member states of the European Union . Those marked with asterisk* have
priority status.



Habitats de água doce
Fresh water habitats (Chapter 5):


31 Águas paradas




32 Água corrente


Charnecas e matos das zonas temperadas
Temperate heath and scrub (Chapter 3):




Matos esclerófilos

51 Matos submediterrânicos e temperados


Matagais arborescentes mediterrânicos
Mediterranean scrub (Chapter 2 and 3):

52 Matagais arborescentes mediterrânicos


Formações herbáceas naturais e seminaturais
Natural and semi-natural grasslands
(Chapter 4 and 7):


61 Prados naturais

62 Formações herbáceas secas seminaturais e fácies arbustivas

64 Pradarias húmidas seminaturais de ervas altas

65 Prados mesófilos


Turfeiras altas, turfeiras baixas e pântanos
Raised bogs and mires and fens
(Chapter 5):

71 Turfeiras ácidas de Sphagnum

7110* Turfeiras altas activas
7120* Turfeiras altas degradadas ainda susceptíveis de regeneração natural



Habitats rochosos e grutas
Rocky habitats and cans (Chapter 6):

81 Depósitos de vertente rochosos


82 Vertentes rochosas com vegetação casmofítica



83 Outros habitats rochosos


Florestas
Forests (Chapter 2):


91 Florestas da Europa temperada


92 Florestas mediterrânicas caducifólias





93 Florestas esclerófilas mediterrânicas

95 Florestas de coníferas das montanhas mediterrânicas e macaronésias

9540 Pinhais mediterrânicos de pinheiros mesógeos endémicos



veja:

Anexo às fichas dos habitates de pinhal: 2180, 2270 e 9540










Anexo III:



Introdução à bioclimatologia


Bioclimatologia, no contexto das ciências naturais, é a ciência que lida com as relações entre o clima e a distribuição dos seres vivos na Terra, e que procura determinar quais os valores dos parâmetros climáticos que condicionam o desenvolvimento das plantas e assim delimitam a distribuição geográfica das comunidades. Frequentemente, os conceitos de bioclimatologia e de fitoclimatologia – cujo objecto de estudo se restringe às relações entre clima e vegetação – confundem-se, uma vez que as formações vegetais constituem a maior parte da biomassa dos ecossistemas terrestres.
Estabelecer uma classificação bioclimática implica o reconhecimento de áreas da superfície terrestre uniformes no que respeita a um conjunto de características climáticas determinantes para os seres vivos e, consequentemente, que têm também elementos florísticos e faunísticos característicos. O botânico Salvador Rivas-Martínez propôs um sistema hierárquico de classificação bioclimática mundial a que chamou Classificação Bioclimática da Terra. Para a classificação do clima de determinado local segundo este sistema é necessário conhecer os valores de alguns índices bioclimáticos. Estes são formulados a partir de parâmetros climáticos de uso corrente, combinados em índices de cálculo aritmético simples. Este sistema de classificação divide o globo em cinco macrobioclimas, dois dos quais estão representados em Portugal: mediterrânico e temperado. O macrobioclima mediterrânico é caracterizado pela existência de um período seco de Verão com uma duração de, pelo menos, dois meses; o temperado ocorre em locais de clima fresco, sem secura estival. Adicionalmente, em cada bioclima reconhecem-se intervalostermotipos e ombrotipos  – com base nos regimes de temperatura e de água disponível para as plantas, aos quais, geralmente, correspondem tipos de vegetação distintos. Estes são baseados, respectivamente, nos valores do índice de termicidade compensado e no índice ombrotérmico.


Os termotipos correspondem a classes de variação de temperaturas (expressas pelo Índice de Termicidade Compensado) cujos limites se revelam determinantes para as plantas, traduzindo as limitações que a temperatura, por ser ou muito elevada ou muito baixa durante um determinado intervalo de tempo, impõe ao seu desenvolvimento vegetativo. Os danos causados por temperaturas acima do limite de tolerância de uma determinada planta consistem em desarranjos metabólicos das células que as constituem e no aumento da transpiração, o que pode levar à desidratação ou morte da planta. A exposição a temperaturas baixas provoca também desregulação do metabolismo celular e dá origem a formação de gelo nos tecidos, o que causa morte celular.


Os ombrotipos traduzem intervalos de disponibilidade de água no solo para as plantas, correspondendo a classes do Índice Ombrotérmico Anual, que combina dados de precipitação e de temperatura. Estes índices assumem que uma determinada quantidade de chuva é mais eficazmente aproveitada pelas plantas se a temperatura for baixa, uma vez que, nestas condições, as perdas de água por evaporação directa e por transpiração são menores. As plantas têm mecanismos que lhes permitem manter o seu conteúdo em água, mesmo em situações de seca, embora dentro de certos limites. Se estes limites forem ultrapassados, estes mecanismos de protecção deixam de funcionar, ocorrem excessivas perdas de água e os tecidos colapsam.





--------


No macrobioclima Tropical, onde não há grande variabilidade na temperatura ao longo do ano, os bioclimas estão definidos só pela precipitação (medido como Io).
Os bioclimas dentro dos macrobioclimas Mediterrânico e Temperado são definidos pelos dois índices, Ic e Io.
Dentro dos macrobioclimas Boreal e Polar, é o Ic que mais define os bioclimas. O índice de continentalidade define se o clima é hipercontinental, continental, oceânico ou hiperoceânico. O limite entre os bioclimas oceânico e continental está em Ic=21:
  • Hiper-oceânico (0-11)
  • Oceânico (11-21)
  • Continental (21-65)
Em relação aos limites impostos pelo índice ombrotérmico, permitem dividir os bioclimas em pluviais, pluvisazonais, xéricos, desérticos e hiperdesérticos. A combinação destes tipos e os anteriores originam os 28 bioclimas definidos pelo Prof Rivas-Martinez. As variantes bioclimáticas reconhecidas, baseadas em diferenças nos padrões de precipitação, são: Estépica, Submediterrânica, Bixérica, Antitropical e Pluviserotinal.


Estépica: Dentro dos macroclimas Mediterrânico, Temperado, Boreal e Polar.
Esta variante caracteriza-se pelo alto grau de continentalidade com seca de Verão atenuada mas com seca durante o Inverno. Está caracterizada pelos seguintes valores: Ic>18, Ps > 1.2 Pw, 0.1 < Io < 4.6 e Ps <2 a="" adaptadas="" aparecem="" as="" cios="" com="" comunidades="" de="" dentro="" do="" e="" estepes="" fito="" gua="" inverno.="" limita="" m="" macroclima="" mais="" menos="" nos="" num="" o.="" o="" pelo="" picas="" pode="" reconhecida="" s="" ser="" solst="" span="" t="" tipo="" ts="" vegeta="" vegetais="" ver="" xer="">Temperado, nas florestas de estepes de Eurásia ou pradarias na América do Norte. No Mediterrânico é comum a vegetação estépica de carácter desértico e xérico. Finalmente nos macroclimas Boreal e Polar temos este tipo de vegetação nas tundras e taigas, adaptadas à baixa chuva de Verão.


Submediterrânica: Só aparece no macroclima Temperado. Caracterizada pela existência de pelo menos um mês de verão onde P<2t 2.5="" 2="" a="" aparecem="" as="" caracter="" comunidades="" de="" desse="" dois="" dos="" ecoton="" entre="" macroclimas="" mais="" menor="" meses="" nas="" nicas="" o="" odo="" os="" ou="" per="" porque="" precipita="" que="" s2="" secos="" span="" sticas="" submediterr="" temperatura="" ts2="" vegetais="" ver="" vezes="" zonas="">Temperado e Mediterrânico. A vegetação climácica típica seria as florestas marcescentes de folha caduca ou florestas de coníferas xerofíticas.




.:: Conceitos sobre Bioclimatologia
   
O texto apresentado nesta página é um extracto de:
Mesquita, Sandra Cristina Paul Fernandes (2005). Modelação bioclimática de Portugal Continental. Dissertação apresentada para obtenção do grau de Mestre em Sistemas de Informação Geográfica. Lisboa: Instituto Superior Técnico.    
   


A enorme variabilidade climática que se observa na superfície terrestre determina uma igual variação nas condições de habitabilidade da Terra, tanto para a flora e a fauna como para o próprio Homem. Assim, a variação das condições climáticas pode ser encarada na perspectiva dos organismos vivos, como mais ou menos propiciadora de ambientes favoráveis à vida.


Neste contexto surge a Bioclimatologia, como ciência que estuda as relações entre o clima e a distribuição dos seres vivos na Terra.


Bioclimatologia é definida por Rivas-Martínez et al. (1999) como a ciência ecológica que lida com as relações entre o clima e a distribuição dos seres vivos na Terra. O seu objectivo é determinar a relação entre certos valores numéricos de temperatura e precipitação e as áreas de distribuição geográfica de espécies de plantas e de comunidades vegetais.


Estabelecer uma Classificação Bioclimática implica o reconhecimento de porções da superfície terrestre com um conjunto de características climáticas que estão de acordo com determinado modelo e onde se encontram elementos florísticos e faunísticos característicos (Fernández, 1997).


Como salientam Rivas-Martínez et al. (1999), um bom modelo de classificação bioclimática mundial deverá definir uma tipologia bioclimática quantificável que traduza uma relação estreita entre formações vegetais (uma vez que estas constituem a maior parte da biomassa dos ecossistemas terrestres) e variáveis climáticas, expressas por parâmetros ou por índices facilmente calculáveis. De acordo com estes autores, à medida que as fronteiras das séries de vegetação vão sendo conhecidas e cartografadas, os valores limite dos elementos climáticos que os determinam podem ser estatisticamente calculados. O método tradicional para o fazer é através da comparação de cartas de vegetação natural potencial com mapas de isolinhas dos vários parâmetros ou índices considerados relevantes.


Como consequência directa da elevada correlação entre bioclima e vegetação surge a possibilidade de, para qualquer ponto da Terra, prever o tipo de vegetação natural que aí ocorre a partir de dados bioclimáticos ou, alternativamente, produzir uma caracterização bioclimática a partir da vegetação desse local (Rivas-Martínez et al., 2001). Ou seja, uma vez definido um modelo bioclimático, a cartografia das unidades bioclimáticas presentes em determinado território é possível através de duas abordagens distintas: a partir de um conhecimento profundo da vegetação natural desse território ou com base nos dados climáticos disponíveis para essa área. Amigo e Ramírez (1998) referem-se ao processo paralelo de delimitação de unidades bioclimáticas e vegetacionais como uma análise da relação entre ‘contentor’ e ‘conteúdo’, constituindo uma base para a definição de tipos de vegetação como indicadores climáticos. Tradicionalmente, os cientistas da vegetação fazem cartografia bioclimática com base no conhecimento da vegetação natural potencial dos territórios que estudam.


A abordagem da cartografia bioclimática a partir do clima é mais comum noutras áreas científicas (agronomia, silvicultura, saúde), quando se estuda um território muito alterado em que a vegetação natural é pouco informativa, ou para escalas de trabalho intermédias, em que se exige ainda um nível de detalhe elevado, mas o território a cartografar é já demasiado extenso para se utilizar a abordagem anterior. Nestes casos, a tipologia bioclimática é definida através de parâmetros climáticos, directamente, ou através de índices bioclimáticos, calculados a partir dos anteriores – índices complexos que combinam de forma variada parâmetros de temperatura, humidade, insolação, etc., por vezes também altitude e latitude.



Índices bioclimáticos


É globalmente reconhecido que os dados climáticos em bruto são insuficientes para caracterizar o clima como principal condicionante ao desenvolvimento da vegetação (Tuhkanen, 1980). Recorre-se por isso a índices bioclimáticos, que combinam e sintetizam a informação de base e reduzem a dimensionalidade da informação climática. Deseja-se que os índices sejam de formulação simples, de tal forma que a sua interpretação seja possível, e válidos para todo o globo, ou pelo menos para uma grande região deste.


Índices térmicos
Índices pluviométricos e ombrotérmicos
Índices de continentalidade



Classificações bioclimáticas


As classificações bioclimáticas definem tipologias baseadas em parâmetros ou índices bioclimáticos semelhantes aos anteriores. Neste contexto, duas abordagens são possíveis: uma empírica, fundada num profundo conhecimento dos ecossistemas; outra mais teórica, baseada num conhecimento mais detalhado da variação dos elementos climáticos e no modo como estes afectam os seres vivos (Tuhkanen, 1980). A primeira abordagem parte de um conhecimento profundo dos limites vegetacionais e consiste na procura de fronteiras climáticas que correspondam a esses limites. A segunda, menos comum, tira partido dos limites climáticos que se reconhecem como determinantes para o desenvolvimento da vegetação, como, por exemplo, os limites de ocorrência de geada ou limites mínimos de precipitação.


Classificação Bioclimática da Terra (Rivas-Martínez, 1996-2004)


Esta Informação foi actualizada pela versão de 23 de Abril de 2004 do Sistema de Classificação Bioclimática de Rivas-Martínez.


Rivas-Martínez baseia conceptualmente o seu sistema de classificação bioclimática nos seguintes pressupostos (Rivas-Martínez, 2001a):


1. Deve existir uma relação de reciprocidade entre bioclima, vegetação e unidades biogeográficas.


2. Entre os paralelos 23ºN e S o fotoperíodo pode ser considerado constante e a radiação solar é quase zenital, pelo que, nesta região, o macrobioclima é sempre Tropical. Entre os paralelos 23º e 35º (N e S) distribuem-se os macrobioclimas Tropical, Temperado e Mediterrânico, consoante o regime de precipitações. Para lá dos paralelos 66º N e S, devido à grande diferença entre a duração do dia e da noite durante os solstícios, o macrobioclima é Boreal ou Polar.


3. A continentalidade - diferença entre as temperaturas médias dos meses mais quente e mais frio - tem uma influência de primeira magnitude na distribuição da vegetação, pelo que determina as fronteiras entre muitos bioclimas.


4. O ritmo anual da precipitação é tão importante para a vegetação como a quantidade da mesma. Este factor determina não só os macrobioclimas, mas também as variantes bioclimáticas.


5. Existe um macrobioclima Mediterrânico determinado apenas pela existência de um período seco estival, período este que pode estender-se ao longo do ano.


6. Os bioclimas de montanha são variações dos climas que existem no seu sopé; a flora correspondente a estes bioclimas resultou, na sua maioria, da adaptação (especiação) da flora dos territórios que os circundam. Como tal, constituem variações térmicas altitudinais dos bioclimas em que se inserem, pelo que não se considera a existência de um macrobioclima de montanha.


7. O continente euro-asiático é atravessado por um conjunto quase contínuo de sistemas montanhosos com orientação este-oeste, com origem na orogenia alpina. Este cordão de altitudes elevadas constitui uma barreira à migração de plantas, fenómeno essencial para a recolonização dos territórios, após períodos de grandes alterações climáticas. Como tal, é necessário considerar a cota dos 2 000 m como fronteira entre o macrobioclima Tropical e os macrobioclimas Mediterrânico e Temperado, nos territórios asiáticos (70º a 120ºE) entre os paralelos 26º e 35ºN. 8. Para além dos desertos polares e de montanha, reconhecem-se os bioclimas Tropical Desértico e Mediterrânico Desértico, ambos com precipitações escassas que ocorrem, respectivamente, nos quatro meses após o solstício de Verão e no período entre os equinócios de Outono e de Primavera.


Para a classificação do clima de determinado local segundo o sistema conhecido por ‘Classificação Bioclimática da Terra’ é necessário conhecer alguns parâmetros e índices. Estes não são mais do que um conjunto de parâmetros e de índices térmicos, hídricos e de continentalidade de formulação muito simples, definidos de modo a permitir a sua aplicação e comparação a nível mundial.



Bibliografia:


Amigo, J. & Ramírez, C. (1998). A Bioclimatic Classification of Chile: Woodland Communities in the Temperate Zone. Plant Ecology. 136: 9-26.


Fernández, T. (1997). Bioclimatologia. In Izco, J., E. Barreno, M. Brugués, M. Costa, J. Devesa, F. Fernández, T. Gallardo, X. Llimona, E. Salvo, S. Talavera, B. Valdés. Botánica. McGraw-Hill. Madrid: 607-682.


Rivas-Martínez, S., Sánchez-Mata, D. & Costa, M. (1999). North american boreal and western temperate forest vegetation (syntaxonomical synopsis of the potential natural plant communities of North America II). Itinera Geobotanica. 12: 5-316.


Rivas-Martínez, S., Penas, A. & Díaz, T. (2001). Bioclimatic Map of Europe – Thermoclimatic Belts. Cartographic Service, University of Léon. Spain.


Rivas-Martínez, S. (2001a). Bioclimatic Map of Europe – Thermotypes. Cartographic Service, University of Léon. Spain.


Tuhkanen, S. (1980). Climatic Parameters and Indices in Plant Geography. Acta Phytogeographica Suecica. 67: 1-105.









Anexo IV


.:: Conceitos Fundamentais de Biogeografia



O texto apresentado nesta página é um extracto de:

COSTA, J. C , C. AGUIAR, J. H. CAPELO, M. LOUSÃ & C. NETO (1998). Biogeografia de Portugal Continental. Quercetea 0: 5-56
*


A Biogeografia é um ramo da Geografia que tem por objecto a distribuição dos seres vivos na Terra. A Fitogeografia restringe o seu domínio às plantas. A Biogeografia é uma ciência que relaciona o meio físico com o biológico, servindo-se da informação gerada por ciências afins como a Corologia vegetal, a Geologia, a Bioclimatologia e a Fitossociologia. O estabelecimento de um modelo tipológico hierárquico do território (sistemas de eco-regiões), com expressão espacial, é um dos objectivos da Biogeografia. Devido ao seu carácter fixo e ao facto de representarem a maior parte da biomassa terrestre, uma parte significativa das tipologias biogeográficas baseia-se na análise da distribuição actual e/ou pretérita de diferentes táxones vegetais indígenas, usualmente de plantas superiores, e da distribuição espacial, a diferentes escalas, das respectivas comunidades. Neste sentido, tende a dar-se à Biogeografia uma conotação estreita com a Fitogeografia. Na abordagem Geobotânica da Fitogeografia, sobretudo entre os fitossociólogos da Europa continental, e consoante a metodologia seguida neste trabalho, os sintaxa, sigmasintaxa e geosigmasintaxa são determinantes na construção das tipologias biogeográficas.


As categorias, divisões ou hierarquias principais da Biogeografia são: o Reino, a Região, a Província, o Sector, o Distrito, o Mosaico Tesselar e a Tessela. Se necessário, é possível subdividir (Subdistrito, Subsector, Subprovíncia, etc.) ou agrupar (Superdistrito, Superprovíncia, etc.) algumas destas unidades. Estas categorias são espaços geográficos de superfície contínua - à excepção da Tessela - que incluem todos os acidentes orográficos e variações litológicas que podem surgir na sua área. Tais territórios têm sempre uma flora (elemento florístico), vegetação, litologia, geomorfologia, solos e paleo-história particulares.


A categoria biogeográfica elementar ou de menor divisão é a Tessela: trata-se de um território de maior ou menor extensão ecologicamente homogéneo, isto é, que possui um único tipo de vegetação potencial e uma só sequência de comunidades vegetais de substituição. A Tessela é a única unidade biogeográfica que se pode repetir de modo descontínuo: é a expressão territorial da série de vegetação (fig. 1 e fig. 2).



 
Fig. 1


Fig. 2




O Mosaico Tesselar é um conjunto de Tesselas afins no mesmo domínio climácico, mas com uma vegetação distinta relacionada com variações de um mesmo factor ecológico. Na sua definição clássica, o Distrito é um território onde existem Mosaicos Tesselares singulares relacionados com condições edáficas particulares e uma paisagem vegetal particular, frequentemente associada a uma utilização tradicional do solo pelo Homem, em função da sua fertilidade. O Distrito não possui normalmente um clímax particular, todavia podemos aí encontrar alguns restos de vegetação relíquia especializados que lhe pertencem (comunidades características) ou que estejam em limite geográfico i.e. finícolas (comunidades diferenciais). Os limites do Distrito são portanto fisiográficos, edáficos e/ou paisagísticos. Actualmente, caso os territórios a isso sejam propícios, há a tendência de associar uma geossérie (fig. 3) característica a cada Distrito. É então ao nível do Distrito que a Fitossociologia paisagista se acopla à Biogeografia.


Fig. 3


O Sector possui um cortejo florístico específico (característico ou diferencial) e eventualmente espécies endémicas. Tem ainda catenas e andares de vegetação com organização particular. Possui elementos que lhe são próprios e por vezes mesmo domínios climácicos especiais.
A Província tem sempre elementos florísticos endémicos próprios, catenas e andares de vegetação particulares com elementos endémicos. Existem nela obrigatoriamente domínios climácicos únicos. A Região possui um elemento florístico endémico importante, catenas e andares de vegetação originais com territórios climácicos próprios.
A Região possui um bioclima e tipos de solos particulares. Em alguns Sectores e Províncias, especialmente nas áreas de relevo acidentado, podem ser encontradas ilhotas de vegetação relíquia pertencentes a outra Região não muito afastada. Estas ilhotas de agrupamentos relíquia normalmente subsistem graças a condições topográficas especiais.


A maioria dos autores considera seis Reinos nas terras emersas: Holártico, Paleotropical, Neotropical, Capense, Australiano e Antárctico. Cada um destes territórios tem uma flora e fauna distintas com táxones de categoria superior endémicos. Esta diversificação biogeográfica não é só explicada pelas condições ambientais actuais de cada um deles mas também pelas diferentes convulsões ao longo da história geológica do nosso planeta, pela deriva dos continentes, pelo isolamento geográfico, paleoclimatologia, etc. Os Reinos apresentam uma elevada diferenciação florística, inclusivamente ao nível de família. O Reino Holártico, no qual estamos situados, engloba a Europa, norte de África, parte da Ásia e a América do Norte. Apesar da recente separação entre a Eurásia e a América do Norte existe entre eles uma diferenciação florística notável pelo menos ao nível específico.


….



(A substituição espacial e temporal das comunidades vegetais naturais
numa tessela é denominada sucessão ecológica, que inicia, geralmente, sobre
terra virgem, abarca várias etapas intermédias e termina numa comunidade
madura (evolução progressiva) ou no sentido inverso (regressiva).
A série de vegetação (conjunto de comunidades iniciais, intermédias e
maduras) de um território geográfico e ecologicamente homogéneo, tem uma
associação (cabeça de série) que representa a vegetação potencial natural (ou clímax) e integra as etapas de substituição arbustivas e herbáceas,
constituindo a unidade da Sinfitossociologia (sigmetum ou sigmassociação).
Distingue-se dois tipos de séries:
a) Séries climatófilas: Dependem do clima e traduzem a potencialidade
do território.
b) Séries edafófilas: Estão, normalmente, relacionadas com o solo e a
topografia do terreno onde ocorrem.
Subdividem-se em:
- Edafoxerófilas, que se encontram em zonas secas (encostas muito
inclinadas onde a ocorrência superficial é bastante elevada).
- Edafo-higrófilas, associadas a depressões e margens dos cursos de
água (teor de humidade edáfica superior à média do território).
A etapa madura (cabeça de série) de uma série climatófila é um clímax
climatófilo e na série edafófila, uma comunidade permanente.)















Anexo V



MÉTODO FITOSSOCIOLÓGICO DE BRAUN-BLANQUET OU CLÁSSICO
SIGMATISTA (ANÁLISE DA VEGETAÇÃO)


Compilado e actualizado por:
Marízia Menezes Dias Pereira


ÉVORA
2011


  • Índice
  • 1. Introdução e breve referência histórica
  • 2. Metodologia fitossociológica.
    • 2.1. Etapa analítica.
      • 2.1.1. Homogeneidade florística.
      • 2.1.2. Área mínima e inventário florístico.
      • 2.1.3. Os coeficientes.
        • 2.1.3.1. Grau de cobertura
        • 2.1.3.2. Abundância
        • 2.1.3.3. Dominância
        • 2.1.3.4. Quantidade
        • 2.1.3.5. Sociabilidade.
    • 2.2. Etapa sintética.
      • 2.2.1. Os quadros fitossociológicos
      • 2.2.2. Frequência
      • 2.2.3. Fidelidade
        • a) Espécies características
        • b) Espécies transgressivas ou diferenciais
        • c) Espécies companheiras:
        • d) Espécies acidentais:
    • 2.3. Os sintáxones (ou agrupamentos vegetais).
      • 2.3.1. Características florísticas
      • 2.3.2. Características estruturais
      • 2.3.3. Características ecológicas.
      • 2.3.4. Características dinâmicas.
    • 2.4. Unidades taxonómicas de vegetação (sistemática dosagrupamentos vegetais).
      • 2.4.1. Sintáxones inferiores.
        • Associação:
        • Fragmento de associação:
        • Subassociação:
        • Variante:
        • Fácie:
        • Comunidade:
      • 2.4.2. Sintáxones superiores.
        • Aliança:
        • Ordem:
        • Classe:
    • 2.5. Fitossociologia integrada (sucessional ou Sinfitossociologia).
    • 2.6. Geosinfitossociologia.
      • a) Microgeosigmetum:
  • 3. Bibliografia



1. Introdução e breve referência histórica.

A paisagem é um termo muito utilizado, quer na linguagem científica ou técnica, quer no dia-a-dia. Como significado mais comum, podemos empregar a definição que consiste na extensão de território que se abrange de um só lance de vista e que se considera pelo seu valor artístico.
Foi a partir do meado do séc. XIX, que a paisagem se tornou objecto de estudo científico, a par da concepção artística. Até a actualidade, ultrapassou várias etapas, numa trajectória irregular e divergente, que segundo Asensi (1996) podemos destacar quatro principais:


1.ª Início no séc. XIX, com os naturalistas, geógrafos e ecologistas;


2.ª Primeira metade do séc. XX com os geógrafos e geobotânicos;


3.ª Após a 2ª Guerra Mundial, com os novos conhecimentos de botânica ecológica, geografia física, planeamento territorial e teoria geral dos ecossistemas;


4.ª A partir dos anos 60, com a separação da escola da ecologia da paisagem e da paisagem integrada (mais geográfica e de maior projecção na Fitossociologia).


Na concepção de paisagem, a vegetação é uma componente de grande importância, não só como elemento estético ou visual, mas também como objecto científico. Muitos autores que tentaram sistematizar a paisagem, referem que a vegetação é o melhor ponto de partida para delimitar as unidades homogéneas ou unidades de paisagem, do ponto de vista das associações ou agrupamentos vegetais.
O conceito de associação vegetal como uma comunidade vegetal adaptada a condições ecológicas uniformes e de fisionomia homogénea foi proposto pela primeira vez por Flahault e Schroter, em 1910, no Congresso de Botânica de Bruxelas. Aceite por unanimidade como definição de uma unidade básica de vegetação, contribuiu de um modo significativo para o avanço da Fitossociologia como ciência. Mais tarde em 1935, no Congresso Internacional de Botânica de Amesterdão chegou-se, finalmente à conclusão de que o termo associação seria mais apropriado para designar unidades de vegetação, determinadas por espécies características e diferenciais, definindo também o conceito de fidelidade. No Congresso de Botânica de Estocolmo, realizado 15 anos depois, ficou estabelecido um acordo entre as duas escolas divergentes: a de Upsala e a de Zurich-Montpellier tendo sido reconhecida a importância de reunir as associações vegetais relacionadas floristicamente, em categorias de ordem superior, respectivamente em alianças, ordens e classes. Em 1945, no Congresso de Paris, Guinochet, Lebrun e Molinier, definiram a Fitossociologia como o estudo das comunidades vegetais do ponto de vista florístico, ecológico, dinâmico, corológico e histórico, dando um carácter mais amplo. Nas décadas de 1960 e 1970, esta nova ciência teve um grande desenvolvimento, sobretudo devido ao impulso de R. Tüxen e a sua escola (Géhu & Rivas-Martinez, 1981).
A Fitossociologia que estuda as comunidades vegetais, as suas interrelações e a sua dependência face ao meio vivo e não vivo (Braun-Blanquet, 1979), é uma ciência com vocabulário e conceitos próprios, imprescindíveis para a compreensão de publicações científicas (Foucault, 1986). Na opinião de Loidi (2000: 8) “El estudio fitosociológico de las comunidades vegetales, basado en el conocimiento de su composición florística que permite sus sistematización y nomenclatura (sin taxonomía), y que incluye el conocimiento de sus condicionamientos ecológicos (edáficos, climáticos y antrópicos), de su repartición geográfica (biogeografia) y de su dinamismo, resulta básico por proveernos de una descriptiva de la vegetación profundamente biológica que integra la ecología e la fitodiversidade. Así, la fitosociología sigmatista ofrece:


Un soporte idóneo para los estudios funcionales en las comunidades vegetales;
El elemento de documentación y diagnóstico fundamental para: la inventariación de recursos naturales el análisis paisajístico y su eventual reconstrucción la ordenación del territorio la conservación de la diversidad y de la calidad ambiental.”

2. Metodologia fitossociológica.

No estudo do método de Braun-Blanquet ou clássico sigmatista, recorreuse a bibliografia variada, destacando as obras de Aguiar & Honrado (2001), Braun-Blanquet (1979), Diaz Gonzalez (1996), Foulcault (1986), Géhu & RivasMartínez (1981), Gillet et al. (1991), Guinochet (1973), Pavillard (1935) e RivasMartínez (1996). Na análise das associações vegetais, considera-se duas etapas: “a primeira a analítica em que se efectua os inventários das espécies no terreno em estudo; a segunda a sintética de comparação analógica de inventários pelas técnicas dos quadros (ou ordenação) e a elaboração do sistema fitossociológico” (Costa, 1991: 23).

2.1. Etapa analítica.

2.1.1. Homogeneidade florística.

À primeira vista a análise da vegetação natural pode parecer muito simples. No entanto, numa observação mais cuidada, distinguimos as cores, as formas ou as estruturas diferentes (fisionomia) que de acordo com Foulcault (1986), é o primeiro critério que individualiza as diferentes comunidades a estudar. O segundo, mais restrito, é a homogeneidade repetitiva de combinações florísticas e de características ecológicas e dinâmicas estacionais. Para tal é necessário percorrer a área a estudar em todas as direcções de forma a assinalar a ausência ou presença das espécies vegetais e tipos de habitat, de modo a excluir as zonas de transição entre as comunidades.
De preferência, as superfícies a inventariar devem ser seleccionadas em zonas onde se aprecia diferenças nítidas nas condições correspondentes a determinada mancha de vegetação. O aperfeiçoamento metodológico pela procura da boa homogeneidade permite obter inventários com elevado valor bioindicador, particularmente importante na avaliação biológica do território. Devem ser rejeitados os que não correspondem a este critério por serem complexos, evitando os erros na identificação dos sintáxones (Géhu & Rivas-Martínez, 1981). Os efectuados em pequenas superfícies, no interior de agrupamentos mal estruturados, empobrecidos ou nos estádios iniciais, devem ser considerados como fragmentos. Por princípio, evitase a multiplicidade de inventários em estações muito próximas excepto, nos casos de regiões com agrupamentos de dimensões consideráveis.

2.1. 2. Área mínima e inventário florístico.

As superfícies a analisar devem estar de acordo com a comunidade a estudar, podendo variar de alguns cm2 para as comunidades de epífitas (líquenes), passando por agrupamentos de terófitos (8 a 16 m2) e até centenas de m2 para bosques ou florestas climácicas. Quer isto dizer que a superfície a inventariar (inventário florístico), terá a extensão suficiente para que nela possam estar presentes, todas as espécies vegetais que, em geral, coabitam no habitat em causa. Contudo, não poderá exceder determinados limites para que não figure no mesmo inventário, uma mistura de dois ou mais tipos de vegetação.
Mas para que a amostragem seja a mais correcta possível, realizase o cálculo da chamada “área mínima”. Para o efeito define-se, em primeiro lugar, uma pequena área de base (1 m2), em que se anota todos os taxa vegetais presentes. Em seguida duplica-se contiguamente a área anterior e acrescentase ao elenco florístico inicial os novos taxa. Procedese com igual critério a duplicações sucessivas e as anotações de novas presenças, até ao ponto em que, duplicando a última área, praticamente deixam de aparecer novas espécies. A área correspondente a tal ponto é adoptada nos inventários florísticos para o mesmo tipo de vegetação, salvo raras excepções, para os locais em que a área mínima deve ser alterada.
A apreciação da dimensão da superfície/número de espécies fazse, normalmente, por observação de uma curva de variação num gráfico (fig. 1), onde estão registados num eixo horizontal (abcissas), os sucessivos valores
das superfícies duplicadas, enquanto que na vertical (ordenadas), se encontra
anotado o número de espécies diferentes presentes em cada uma delas.
 
Fig. 1 – Curva de variação (área mínima).
Da união dos pontos assim obtidos, resulta uma curva (áreaespécies) que inicialmente é ascendente mas que a partir de certo valor da superfície, se torna paralela – área mínima – ao eixo horizontal. Com a continuação da duplicação sucessiva das áreas, a curva torna novamente a ascender devido ao aparecimento de novas espécies (fig. 2), por vezes em grande número (zonas de transição), definindo a área máxima (Foucault, 1986).

 Da união dos pontos assim obtidos, resulta uma curva (áreaespécies) que inicialmente é ascendente mas que a partir de certo valor da superfície, se torna paralela – área mínima – ao eixo horizontal. Com a continuação da duplicação sucessiva das áreas, a curva torna novamente a ascender devido ao aparecimento de novas espécies (fig. 2), por vezes em grande número (zonas de transição), definindo a área máxima (Foucault, 1986).
 
Fig. 2 – Curva de variação da área mínima e máxima.
O inventário florístico é uma ficha apropriada em que numa das faces, se apontam as informações acerca do local, o número e a data de execução do inventário. Assinalase igualmente a área mínima adoptada, exposição, inclinação, bem como a altitude do local. Além destes elementos, na mesma face, figuram o tipo de vegetação (prado, arrelvado, mato, matagal ou bosque),
o grau de cobertura do solo expresso em percentagem e ainda, todas as informações facilmente determináveis sobre o habitat: tipo de solo, humidade, pH e presença ou ausência de carbonatos. A outra face da ficha está reservada para a inscrição de todos os taxa presentes na área mínima, anotando para cada um, os dois índices fundamentais: quantidade e sociabilidade, que serão caracterizados mais adiante. Cada inventário assim elaborado constitui uma amostra-tipo da comunidade em estudo.

2.1.3. Os coeficientes.

2.1. 3.1. Grau de cobertura.
O valor deste coeficiente relativo às espécies, expresso em percentagem, corresponde à superfície coberta pela vegetação, projectandose sobre o solo, o conjunto de todos os indivíduos da área estudada. Por exemplo, quando se diz que o grau de cobertura de uma comunidade vegetal é de 75% significa que, aproximadamente 25% da superfície tem o solo a descoberto (Guinochet, 1973).
Em comunidades vegetais com vários estratos diferenciados, este grau é atribuído em separado a cada um tratando-se, em geral, de uma cobertura de projecção das espécies, isto é, a cobertura do solo pelas plantas. Este valor é satisfatório, quando se trata de superfícies pequenas (até 18 m2), tornando-se difícil de calcular e agravando consideravelmente o risco de erro, quando aumenta a área mínima e o número de estratos. A mesma superfície pode apresentar valores diferentes de grau de cobertura se o mesmo estudo for realizado em diferentes épocas do ano, devido em grande parte, ao ciclo biológico das espécies componentes.
2.1.3.2. Abundância.
É uma noção elementar de avaliação aproximada do número de indivíduos de cada taxa, de uma área considerada. No entanto, tornase difícil a sua determinação devido a frequentes variações nos valores de quantidade e densidade dos indivíduos vegetais, local e temporariamente. Para facilitar o seu cálculo, utilizase uma escala repartida por cinco termos que expressam o grau de abundância relativa, tal como:
Raro ................................ menos de 5 plantas por unidade de superfície
Pouco comum ................. 5 a 14 plantas por unidade de superfície
Comum ........................... 15 a 29 plantas por unidade de superfície
Abundante ...................... 30 a 99 plantas por unidade de superfície
Muito abundante ............ 100 ou mais plantas por unidade de superfície
Este coeficiente é um tanto aleatório pelas circunstâncias antes referidas, às quais se poderá acrescentar a forma de propagação de determinadas plantas.

2.1.3.3. Dominância.

Trata-se de um termo recente, utilizado pela primeira vez em 1918 por Braun-Blanquet (Pavillard, 1935). Consiste num cálculo elementar dos taxa que compõem um agrupamento vegetal e que são dominantes, isto é, espécies que só ou em companhia de outras do mesmo tipo biológico constituem a parte principal do agrupamento. A importância relativa de cada espécie é proporcional à área mínima do inventário e à superfície delimitada pela projecção horizontal da parte aérea de todos os indivíduos.

2.1.3.4. Quantidade.

Os valores deste coeficiente são fundamentais porque resultam da combinação da abundância e dominância, traduzido num só coeficiente o número de taxa por unidade de superfície e o respectivo aspecto da dominância. Para facilitar a atribuição destes valores, utiliza-se a seguinte escala:
5 Indivíduos cobrindo mais de 75 % da área/amostra
4 Indivíduos cobrindo de 50 a 75 % da área/amostra
3 Indivíduos cobrindo de 25 a 50 % da área/amostra
2 Indivíduos cobrindo de 5 a 25 % da área/amostra
1 Indivíduos cobrindo menos de 5% da área/amostra
+ Indivíduos raros ou muito raros na área/amostra
Quando se trata de estratos diferenciados da vegetação, os valores da quantidade são atribuídos separadamente, por estratos, a cada uma das suas componentes, podendo no seu conjunto ultrapassar os 100 %. No caso de comunidades uni-estratificadas a quantidade deve ser inferior a esse valor.

2.1.3.5. Sociabilidade.

Refere-se à forma como as plantas da mesma espécie vivem associadas entre si, expressandose pelos seguintes índices:
5 Em povoamentos densos
4 Em pequenas colónias ou tapetes
3 Em pequenas manchas
2 Em grupo ou grupos
1 Em indivíduos isolados
São raras as espécies que apresentam um modo de agrupar os rebentos ou indivíduos (grau de sociabilidade), de um modo fixo, de acordo com a sua forma de crescimento. O grau de sociabilidade da maioria das espécies é influenciado pelas condições dos seus habitats. Muitas plantas com raiz fasciculada condicionam a disposição dos seus rebentos de acordo com a comunidade vegetal em que crescem e pelo seu estado de desenvolvimento.
A reprodução vegetativa é um factor importante, que contribui de algum modo para um elevado grau de sociabilidade, pela formação de massas compactas de vegetação. As espécies pulviniformes apresentam a vantagem em relação aos indivíduos isolados, na competição pelo espaço, devido ao facto dos rebentos partirem em todas as direcções de um eixo central (caule), renovando-se constantemente.
Outro aspecto importante é a oscilação das condições ecológicas do habitat, a que muitas espécies estão sujeitas, nomeadamente em solos degradados, zonas de cultivo abandonadas, etc., provocando desequilíbrios e alterando os graus de sociabilidade.

2.2. Etapa sintética.

2.2.1. Os quadros fitossociológicos.

Depois de terem sido feitos, os inventários são submetidos a uma selecção prévia de acordo com as afinidades florísticas e, posteriormente, reunidos em quadros.
No cabeçalho inscreve-se todas as informações referentes à identificação do inventário florístico: número de ordem, altitude média, exposição, área mínima (m2), grau de cobertura (%), inclinação (%) e número de espécies. Apontase também nas linhas horizontais todas as espécies e nas colunas verticais, os respectivos índices de quantidade e sociabilidade, por ordem decrescente de presenças.
A construção de um quadro fitossociológico fazse por etapas sucessiva de comparação de inventários, reunidos em diferentes quadros (detalhados) até ao estabelecimento do quadro definitivo (sintético), onde as espécies estão agrupadas por categorias fitossociológicas:
I Quadro bruto: que agrupa os inventários segundo a ordem pela qual foram realizados;
II Quadro de presenças: que ordena as espécies em função do seu grau de presença decrescente;
III Quadro ordenado: que reúne os inventários semelhantes com grupos de espécies constantes;
IV Quadro definitivo: que classifica e ordena as espécies por
categoria fitossociológica e, dentro de cada categoria, por grau
de presença decrescente;
A presença de espécies características, indicadoras de certos agrupamentos vegetais, permite fixar, com alguma probabilidade de acerto, a comunidade vegetal presente. De acordo com esta regra e com pesquisa bibliográfica em trabalhos que analisaram tipos de vegetação semelhante, constróise um quadro (sintético) que já traduz uma análise definitiva. Na lista das espécies anota-se, em primeiro lugar, por ordem decrescente de presenças, as características da associação e/ou as unidades superiores (aliança, ordem e classe) e em segundo, as restantes espécies designadas por “outras espécies” ou “companheiras”.
A fim de evitar o uso de trinómios nos quadros fitossociológicos, abrevia-se os táxones, ficando, por exemplo: Asplenium billotii (Asplenium obovatum subsp. billotii), Salix australis (Salix salviifolia subsp. australis), Rumex hispanicus (Rumex bucephalophorus subsp. hispanicus), entre outros.
Para que a caracterização de um sintáxone esteja completa, Foucault (1986) propõe que o quadro fitossociológico (sintético) seja acompanhado por um texto explicativo abordando, sempre que possível, os seguintes tópicos:
a) Fisiografia: localização na paisagem natural e fazer referência a outros agrupamentos vegetais de contacto;
b) Sinflorística: caracterização florística do sintáxone, espécies características e diferenciais de outros sintáxones mais próximos;
c) Fisionomia: referência às estratificações, dominâncias, tipos biológicos e fenologias;
d) Sinecologia: descrição dos factores ecológicos abióticos e bióticos do habitat do sintáxone;
e) Sindinâmica: localização dos sintáxones temporalmente na série evolutiva da região;
f)     Sincorologia: distribuição fitogeográfica em relação à Península Ibérica, Região Mediterrânica e Europa;
g) Sinsistemática: caracterização sintaxonómica do agrupamento vegetal em relação à associação, aliança, ordem e classe.
2.2.2. Frequência.
Trata-se de um carácter de natureza quantitativa, que permite obter os valores aproximados da densidade dos indivíduos de uma comunidade vegetal. É determinado a partir dos inventários florísticos, no qual se conta o número de vezes que cada taxa está presente no total dos inventários do quadro fitossociológico, expresso em percentagem. Segundo Géhu & RivasMartínez (1981) as percentagens de presença de uma espécie num quadro são habitualmente divididas em sete categorias denominadas “classes de presença”, segundo a escala:
V


> 80 %
IV
61
a
80 %
III
41
a
60 %
II
21
a
40 %
I
11
a
20 %
+
6
a
10 %
r


< 6 %


Aplica-se esta escala em quadros com seis ou mais inventários. Se forem em número inferior a seis, indicamos apenas a sua frequência absoluta.


2.2.3. Fidelidade.
Exprime o grau de ligação das espécies a um agrupamento vegetal, isto é, traduz a constância da presença de determinada planta ou plantas sempre que se verificam determinadas condições no habitat, o qual permite definir os agrupamentos vegetais. Num quadro fitossociológico podese distinguir as espécies características, transgressivas, diferenciais, companheiras e acidentais.


a) Espécies características: São táxones (espécies, subespécies, variedade e forma) que estão ligadas exclusivamente a um agrupamento vegetal determinado ou a um sintáxone a nível de associação, aliança, ordem ou classe;
b) Espécies transgressivas ou diferenciais: Tratase de espécies características de um sintáxone que, por vezes se encontram noutros sintáxones na mesma divisão. Neste caso, deve ser atribuído o nível hierárquico superior a que correspondem.


Por exemplo: a Pistacia lentiscus, pertencente a Quercetea ilicis é característica da aliança Asparago albiRhamnion oleoidis e da Ericion arboreae e portanto, característica da Pistacio lentisci Rhamnetalia alaterni;


c) Espécies companheiras: Estão presentes em muitos agrupamentos vegetais de vária índole fitossociológica;


d) Espécies acidentais: São espécies estranhas ou raras, procedentes de outras comunidades ou relíquias de outras que ocuparam o mesmo local.
2.3. Os sintáxones (ou agrupamentos vegetais).
A metodologia fitossociológica permite definir, limitar e hierarquizar os agrupamentos vegetais. Géhu & RivasMartínez (1981) referem que os sintáxones, independentemente da sua hierarquia, possuem um conjunto de características tais como: florística, estrutural, ecológica e dinâmica.


2.3.1. Características florísticas.
Na classificação com base florística, reúnese numa comunidade, os inventários florísticos semelhantes entre si, não entrando em conta com a dominância. Estas características são expressas pelos quadros fitossociológicos, eventualmente acompanhados pelas cartas de análises factoriais de correspondência (vegetação).


2.3.2. Características estruturais.
a) Fisionomia e estrutura: Estão condicionadas pela forma biológica das espécies (epífitos, terófitos, hemicriptófitos, criptófitos, caméfitos e fanerófitos) e pelas respectivas estratificações. É possível distinguir quatro estratos principais: muscinal, herbáceo, arbustivo e arbóreo, os quais traduzem de um modo sucinto, a estrutura vertical da vegetação. Cada estrato é constituído por massa vegetal compreendida entre determinados limites de altura, sendo vulgar encontrar dois ou mais intimamente relacionados tornandose um só, facto que acontece frequentemente com os estratos herbáceo e arbustivo ou arbóreo e arbustivo. O conjunto de todos os estratos de uma comunidade vegetal pode ser um bom indicador do seu estado de equilíbrio, resultante de um longo processo de selecção, adaptação ou tolerância recíproca das espécies vegetais.
b) Fenologia da floração: Estuda o espaço de tempo que transcorre do início até ao acaso da floração de uma planta. Este período coincide com a época do ano mais favorável no território para a identificação dos táxones e com o apogeu dos insectos, essenciais para a polinização da maior parte deles. A análise das fenofases (estudo dos diferentes estados de desenvolvimento das plantas) neste caso, da floração é importante para alguns agrupamentos de vivazes (geófitos primaveris e outonais) ou de terófitos (substituição de relvados primaveris pelos outonais). Segundo Géhu & RivasMartínez (1981) é possível quantificar e representar graficamente o ritmo de floração de cada agrupamento.
2.3.3. Características ecológicas.
Cada agrupamento pertence a uma estação, a um habitat de onde depende, mas que também pode influenciar. Na sua análise devese ter em conta três factores:
a) geográficohistórico;
b) físico (climático, fisiográfico, geológico e edáfico);
c) biótico (fito e antro);
O conjunto das condições estacionais (ecológicas) compatíveis com a existência de agrupamento vegetal, determina a sua amplitude ecológica.
2.3.4. Características dinâmicas.
Admitese, normalmente, que a dominância natural dos agrupamentos vegetais é progressiva se tem por base, a evolução de estruturas simples (uniestratificadas) a complexas (pluriestratificadas) com tendência para alcançar um estádio final de maturidade (potencial ou clímax) semiestável, sob determinadas condições ecológicas do habitat.
No entanto, principalmente pela acção negativa do homem (cortes, desbastes, queimadas e pastoreio) a dinâmica pode tornar-se regressiva, se os agrupamentos correspondentes à vegetação potencial ou clímax são substituídos por outros (etapas de substituição) originando um processo de sucessão degradativa que poderá conduzir eventualmente à desertificação.
Quando por razões edafoclimáticas e geomorfológicas particulares, os agrupamentos vegetais mantêm durante muito tempo a sua individualidade sem evoluir são, segundo Géhu & RivasMartínez (1981) considerados
permanentes, não correspondendo ao clímax local.
a) Unidades de sucessão: Todas as sucessões na vegetação baseiamse na substituição de indivíduos que pode ser rápida, quando a espécie dominante avança de forma compacta ou quando as condições ambientais sofrem uma alteração repentina.
No entanto, as modificações das condições do habitat devido aos factores externos e à própria vegetação são muito lentas, o que favorece a vitalidade de algumas espécies enquanto que outras ficam desfavorecidas e, por vezes, excluídas. As espécies melhor adaptadas às novas condições do habitat são mais vigorosas e competidoras pelo espaço, solo e alimento que se reflecte na produtividade de diásporas (sementes e rebentos) e de formas vitais (fisionomia).
Sucessão progressiva: Leva ao aumento da complexidade e da biomassa.
Sucessão regressiva: Conduz à simplificação, por perda de biomassa.
Sucessão primária: Colonização e estabelecimento das espécies pioneiras em zonas que nunca tiveram cobertura vegetal (vulcões, dunas costeiras).
Sucessão secundária: Ocorre após a destruição da vegetação original (pode ser devido à acção humana ou causa naturais) e o fenómeno que tem lugar é uma recuperação.
Sucessão alógena: Causada por modificações externas nas condições ambientais (rios, estuários).
Sucessão autógena: Causada por modificações do meio provocado pela actividade das plantas.
Segundo Weaver & Clements (1944), os mecanismos da sucessão são:
Nudação (alteração): Criação de uma superfície de terra desprovida de vegetação.
Migração (dispersão): Chegada de propágulos (diásporas, esporos, sementes, etc.) ao habitat.
Excese: Estabelecimento e crescimento de novas e de velhas espécies.
Reacção (facilitação): Alteração do habitat pelas espécies presentes.
Competição (interferência): Ordenação das espécies ao longo do tempo.
Estabilização: Estabelecimento do clímax.


Distinguem-se os seguintes modelos de sucessão:
Facilitação: São as modificações do meio físico impostas pelo desenvolvimento da comunidade vegetal. Numa sucessão progressiva é de prever uma coevolução pedogenética, em que o solo se enriquece em nutrientes e evolui no sentido de maior profundidade, do aumento dos números de horizontes e do teor de matéria orgânica. Num habitat melhorado verificase a morte por competição.
Tolerância: Produz-se uma sequência previsível porque as diferentes espécies têm distintas estratégias para exportar os recursos. As espécies tardias podem tolerar os recursos menores e eliminam por competição as espécies iniciais. Existe redução de sombra e nutrientes e a germinação de sementes é suprimida, quando as pioneiras morrem. A morte por competição prevalece quando aparecem novas invasoras.
Inibição: Aplicase quando as espécies evitam a invasão dos competidores. As espécies tardias vãose instalando gradualmente, substituindo as pioneiras conforme vão morrendo. Persistem os adultos, apesar da competição, da lenta acumulação de espécies de vida longa, de morte por ciclo vital ou por alteração.
Etapa: Segundo Braun-Blanquet (1979) é a unidade sucessional de menor categoria definida pelo critério florístico (facilmente identificada pela substituição das espécies). De acordo com a posição temporal na série evolutiva distinguese três etapas: iniciais, intermédias e finais.
As iniciais, colonizadoras de novas terras, correspondem, geralmente à vegetação simples, uniestratificada e constituída por criptogâmicas, algas, fungos, líquenes e musgos. O número de etapas intermédias está dependente não só das condições edafoclimáticas, mas também pela presença de algumas espécies dinamicamente importantes na evolução da vegetação. Nas etapas finais, a vegetação encontrase madura e equilibrada.
Fase: Corresponde à dinâmica interna de um agrupamento vegetal, a pequenas substituições de espécies, podendo ser progressiva se aproxima do estádio óptimo e regressiva se sofre um distanciamento.
Em alguns casos, é possível conferir à fase, um estatuto sintaxonómico, como unidade inferior da associação (subassociação).
Série: De acordo com Géhu & RivasMartínez (1981), tratase de sequências e combinações de estádios (iniciais, transitórios e finais) ou de agrupamentos vegetais até à etapa madura, com óptimos bioclimáticos, biogeográficos e edáficos bem determinados.
Uma série normal iniciase, geralmente, sobre terra virgem, abarca várias etapas intermédias e termina na comunidade final, madura. A sua ordenação baseiase no princípio do desenvolvimento evolutivo: modo e duração do processo de desenvolvimento, número de etapas que se sucedem e seu paralelismo, assim como a coincidência da etapa climácica.
b) Clímax: Diversos autores têm interpretado o conceito de clímax e a sua possível aplicação na vegetação natural. Seleccionou-se três teorias que, a nosso ver, melhor o definem: Braun-Blanquet (1979) entende por clímax, a comunidade final de uma região, determinada climaticamente, representando o equilíbrio dinâmico entre o clima, geomorfologia, solo e vegetação; Géhu & RivasMartínez (1981) consideram como um ecossistema maduro, estável, representando o termo final da dinâmica natural em condições edáficas medianas enquanto que Gillet et al. (1991) definem como o estádio maduro de sucessões de biocenoses, constituintes de um complexo espaçotemporal de fases pioneiras, transitórias e terminais, em equilíbrio dinâmico com as flutuações periódicas do meio exógeno e endógeno.
A partir da definição de clímax são relevantes os termos:
Subclímax ou clímax edáfico: São os agrupamentos permanentes de solos húmidos (por exemplo, os bosques ripícolas);
Paraclímax: Comunidades que, em consequência das condições edáficas extraordinárias diferem do clímax potencial regional, não evoluindo (por exemplo, os agrupamentos de solos pobres);
Préclímax ou pleisoclímax: Matagais edafoxerófilos naturais que ainda não alcançaram o estado de maturidade e equilíbrio;
Monoclímax: Tendência em convergir todas as séries até um clímax, em situações climáticas extremas (por exemplo, precipitações muito elevadas);
Clímax alterado: Entende-se como um estado relativamente estável, que deve a sua existência à acção antropozoogénica (pastoreio intensivo, cortes, fogo, ...);
Grupo climácico: Representado pelas diferentes séries que poderão existir num território climaticamente homogéneo.
c) Comunidades permanentes: São aquelas que, por algum motivo não alcançaram o estádio final climaticamente possível, mantendose durante muito tempo estável, conservando as características fitossociológicas. Diferenciamse das comunidades climácicas porque sob determinadas condições do habitat, sem alteração climática, podem sofrer uma evolução posterior, enquanto que nas climácicas esta evolução não se efectuará se não houver modificação do clima (BraunBlanquet, 1979).


d) Vegetação natural potencial: A vegetação actual influenciada pelo homem desde os tempos antigos, só em casos excepcionais pode representar a vegetação natural real. De um modo geral tem sofrido pressões antropozoogénicas, mais ou menos constantes que, se deixarem de agir sobre ela, não voltará ao seu estado natural, isto é, a comunidade madura original. Além disso, a degradação do solo pode ter sido tão acentuada que resultará impossível restabelecer o equilíbrio biológico primitivo, instalandose no seu lugar uma vegetação final distinta.
Segundo Tüxen (1956), a vegetação potencial natural é o estádio final que esta pode alcançar correspondendo, na Europa central e Região Mediterrânica, ao conjunto de comunidades permanentes naturais e climácicos.
e) Vegetação primitiva: É a que existia antes da intervenção do homem.
f) Vegetação relíquial ou fóssil: Corresponde às porções de vegetação instaladas a quando de outros climas e que, devido ao clima actual são incapazes de se instalar em caso de destruição. Encontramse geralmente, em habitats especializados como as cristas, arribas, turfeiras, etc..
g) Vegetação actual: É aquela que se observa na paisagem presente.
h) Vegetação actual natural: Não apresenta influência humana;
i) Vegetação actual seminatural: É aquela em que a estrutura não está alterada e a sua biomassa é autóctone (montado, mato, prado).
j) Vegetação artificial: A biomassa é de origem exterior ao local (culturas).
2.4. Unidades taxonómicas de vegetação (sistemática dos agrupamentos vegetais).


Tal como acontece em Taxonomia Vegetal, na Fitossociologia existe uma classificação e uma nomenclatura própria. Assim, as unidades fitossociológicas as associações vegetais possuem afinidades entre si que permite agrupá-las, segundo Braun-Blanquet (1979), em unidades taxonómicas inferiores (associação, fragmento de associação, subassociação, variante, fácie e comunidade) e em superiores (alianças, ordens e classes).


2.4.1. Sintáxones inferiores.
Associação: É a unidade básica da Fitossociologia, definida por um conjunto de indivíduos que têm em comum as características florísticas, ecológicas, dinâmicas e corológicas.
Fragmento de associação: É uma mancha de vegetação que pertence a uma associação, mas que não se desenvolveu totalmente devido, principalmente a influências externas (competição pelo espaço, habitat desfavorável, influência do homem e animais), representando um aspecto empobrecido dessa associação.
Subassociação: Diferencia-se da composição típica da associação pela presença de espécies diferenciais, isto é, por táxones que não aparecem no tipo principal ou que o fazem de forma esporádica. Têm de ter uma área de distribuição ou um andar bioclimático próprio.
Variante: É um pequeno desvio do tipo que pode merecer alguma atenção. Não tem espécies diferenciais constantes mas, diferencia-se, frequentemente, pela maior abundância de determinados táxones.
Fácie: Caracteriza-se por uma combinação particular de espécies, mais ou menos casual, dentro de uma associação ou subassociação.
Comunidade: É um agrupamento, geralmente pobre em espécies, caracterizado pela dominância de uma espécie e constância de um grupo delas.
2.4.2. Sintáxones superiores.
Aliança: Unidade imediatamente superior a associação, onde reúne as associações semelhantes, do ponto de vista ecológico, caracterizadas por espécies características da aliança.
Ordem: As alianças florística e ecologicamente próximas, isto é, relacionadas por espécies características comuns, são reunidas em ordens. Têm amplitudes ecológicas grandes e só se modificam quando há alterações profundas no habitat, tais como acidificação do solo, alterações prolongadas do nível da toalha freática, interferências humanas drásticas, entre outros.
Classe: Reúne as ordens floristicamente semelhantes. As espécies características da classe têm grandes amplitudes ecológicas e, neste cortejo, estão incluídas as espécies características das ordens, alianças e associações.
Em alguns casos, é necessário introduzir unidades intermediárias, tais como:
Subaliança: entre a associação e a aliança.
Subordem: entre a aliança e a ordem.
Subclasse: entre a ordem e a classe.
2.4.3. Nomenclatura das unidades hierárquicas.
No que respeita à nomenclatura, existe um código de regras internacionalmente adoptadas pelos fitossociólogos – Código de Nomenclatura Fitosociológica – que está compilado na obra de Barkman et al. (1988). A grande maioria aceita a seguinte escala de unidades de base florística e os respectivos sufixos:
Unidade
sufixo
exemplo
Classe
etea
Quercetea ilicis
Ordem
etalia
Quercetalia ilicis
aliança
ion
Quercion ilicis
associação
etum
Quercetum ilicis
subassociação
etosum
Quercetum ilicis pubescentetosum
variante
-
Quercetum ilicis pubescentetosum, variante de Quercus coccifera
fácie
-
-



Formação dos nomes dos sintáxones: De acordo com o Código de Nomenclatura Fitossociológica, devese ter em conta:
O nome de uma associação ou de um sintáxone de unidade superior é formado a partir do(s) nome(s) científico(s) validamente publicado(s) de uma ou duas espécies ou de táxones infraespecíficos, que formam parte da diagnose original, acrescentando a desinência da unidade ao radical do nome do género.
Se um nome de um sintáxone está formado por duas plantas pertencentes a géneros diferentes, a desinência da unidade só se coloca no radical do segundo nome genérico, enquanto o primeiro nome do género termina numa vogal de união;
Quando pertencem ao mesmo género, a unidade de desinência deve aparecer no primeiro género e a vogal de união na primeira espécie.
Por exemplo:
Uma só espécie:
Género
espécie
( etum)
(genitivo)
Quercus
rotundifolia

Quercetum
rotunfifoliae



Duas espécies de géneros diferentes:
género 1
espécie 1
género 2
espécie 2
(o)
(genitivo)
(etum)
(genitivo)
Myrtus
communis
Quercus
rotundifolia
Myrto
communis
Quercetum
rotundifoliae


Duas espécies do mesmo género:
Género
espécie 1
género
espécie 2
(etum)
(o)

(genitivo)
Salix
atrocinerea
Salix
australis
Salicetum
atrocinerea

australis


2.5. Fitossociologia integrada (sucessional ou Sinfitossociologia).
A sinfitossociologia tem como objectivo o estudo dos aspectos estruturais, sindinâmicos, ecológicos e corológicos da paisagem vegetal, assim como os epiontológicos (diz respeito à uma secção da fitogeografia que analisa a génese da vegetação) e catenais (RivasMartínez, 1976).
No que respeita à metodologia, Géhu & RivasMartínez (1981) propõem a identificação e a selecção das tesselas (catenas) para a realização de sininventários.
Sininventários: É uma lista dos agrupamentos vegetais (subassociações, associações e alianças) presentes numa superfície inventariada, com apontamentos dos coeficientes e informações ecológicas e paisagísticas.
Área de amostragem: Deve ser procurada no interior de uma tessela, de modo a que a totalidade ou a maioria dos sintáxones que constituem a sequência sucessional em estudo esteja presentes. É necessário uma observação prévia da área a estudar antes da selecção das áreas de amostragem.
Selecção: Para evitar a inventariação de etapas sucessionais de diferentes séries de vegetação, é importante seleccionar áreas de amostragem com as seguintes condições:
Presença da vegetação potencial; Fisiografia homogénea; Mínima variação altitudinal entre os extremos da área de amostragem
Hemerobia: De acordo com Aguiar & Honrado (2001), Nos territórios que apresentam um elevado grau, isto é, com uma longa história de utilização humana, a maioria das tesselas estão muito antropizadas e, consequentemente, a selecção das áreas de amostragem é problemática, porque é difícil encontrar tesselas que apresentem a vegetação potencial ou a maioria das etapas subseriais.
Localização: As áreas de amostragem devem situar no centro das tesselas e estendelas até incluírem as etapas seriais identificadas e evitar trocas, isto é, substituição de uma etapa subserial de um dado sentido sucessional por outra no mesmo sentido sucessional.
Inventariação: Listagem de todas as comunidades presentes. Para além de todas as fitocenoses seriais, é vantajoso apontar outras que existem na tessela: orlas herbáceas e comunidades nitrófilas dependentes das actividades agrícolas ou de estrume e pisoteio animal.
Coeficientes: A cada sintáxone da lista da área de amostragem é atribuído o valor do índice de abundânciadominância que, por sua vez, podem ser acompanhados pela informação referente à disposição espacial no terreno, como se pode observar no Quadro 1:
Escala de abundânciadominância de Braun-Blanquet (1932):


r
Indivíduos raros ou isolados;

+
Indivíduos pouco abundantes, de muito fraca cobertura;

1
Indivíduos bastante abundantes mas de fraca cobertura
2
Indivíduos muito abundantes ou cobrindo pelo menos 5 % da
área mínima;
3
Número qualquer de indivíduos cobrindo de 25 a 50 % da área
mínima;
4
Número qualquer de indivíduos cobrindo de 50 a 75 % da área
mínima;
5
Número qualquer de indivíduos cobrindo de 75 % da área
mínima;


   
Disposição espacial: O : Forma espacial (exemplo: prado)
/ : Forma linear (exemplo: silvado) Ø : Forma espaçolinear, em franja larga . : Forma pontual ☼ : Forma dispersa
Sininv. 1: Serrinha; Sininv. 2: Nogueirinha.
A substituição espacial e temporal das comunidades vegetais naturais numa tessela é denominada sucessão ecológica, que inicia, geralmente, sobre terra virgem, abarca várias etapas intermédias e termina numa comunidade madura (evolução progressiva) ou no sentido inverso (regressiva).
A série de vegetação (conjunto de comunidades iniciais, intermédias e maduras) de um território geográfico e ecologicamente homogéneo, tem uma associação (cabeça de série) que representa a vegetação potencial natural (ou clímax) e integra as etapas de substituição arbustivas e herbáceas, constituindo a unidade da Sinfitossociologia (sigmetum ou sigmassociação).
Distingue-se dois tipos de séries: a) Séries climatófilas: Dependem do clima e traduzem a potencialidade do território.
b) Séries edafófilas: Estão, normalmente, relacionadas com o solo e a topografia do terreno onde ocorrem.
Subdividem-se em:
Edafoxerófilas, que se encontram em zonas secas (encostas muito inclinadas onde a ocorrência superficial é bastante elevada).
Edafohigrófilas, associadas a depressões e margens dos cursos de água (teor de humidade edáfica superior à média do território).
A etapa madura (cabeça de série) de uma série climatófila é um clímax climatófilo e na série edafófila, uma comunidade permanente.
A nomenclatura é, normalmente, a da etapa madura (cabeça de série), alterando o sufixo latino etum para eto e acrescentando no final S. ou a palavra sigmetum. A denominação das séries é feita, de acordo com Ladero (1996), a partir de uma frase diagnostica em que se indica os factores ecológicos e geográficos mais significativos. Apesar de existirem nas séries, várias unidades que vão desde a faciação até à hipersérie, só consideramos a série como unidade superior:
Andar bioclimático; Corologia; Ombroclima; Afinidades edáficas; Espécie dominante e a cabeça de série da comunidade madura;
Como exemplo apresentamos uma série proposta por Ladero (1996):
Série termomediterrânica rifenha, lusoextremadurense e algarviense subhúmidahúmida, silicícola, da azinheira (Quercus rotundifolia). Myrto communis-Querceto rotundifoliae sigmetum.


Myrto communis-Quercetum rotundifoliae. Azinhal.
Asparago albi-Rhamnetum oleoidis. Zambujal.
Ulici eriocladi-Cistetum ladaniferi. Tojal-esteval.
Genisto hirsutae-Cistetum. Esteval. Helianthemetea. Arrelvados terofíticos.


2.5.1. Exemplo de uma série climatófila.
1. Série termomediterrânica, mariânicomonchiquense e lusoextremadurense, seca-subhúmida, silicícola da azinheira (Quercus rotundifolia). Pyro bourgaeanae-Querceto rotundifoliae sigmetum.
Nas áreas termomediterrânicas de ombroclima subhúmido da Serra de Monfurado, os azinhais cuja cabeça de série pertencem a Pyro bourgaeanae-Quercetum rotundifoliae, apresentam como espécies características além do Quercus rotundifolia, o Myrtus communis, a Osyris lanceolata, a Phillyrea angustifolia ea Pistacia lentiscus (Quadro 2).
A primeira etapa de substituição é um matagal espinhoso de Asparago aphylli-Calicotometum villosae que, em zonas mais protegidas representam a orla dos bosquetes, enquanto que nas mais abertas e xéricas, é praticamente dominada por sargaçais (Cisto-Lavanduletea). No estrato herbáceo predominam espécies dos arrelvados vivazes (Phlomido lychnitidis-Brachypodietum phoenicoidis) e anuais (Trifolio cherleri-Plantaginetum bellardii) (fig. 3).


12 34 Fig. 3 – Série termomediterrânica, mariânico-monchiquense e luso-extremadurense, seca-subhúmida, silicícola da azinheira (Pyro bourgaeanae-Querceto rotundifoliae sigmetum).
1Pyro bourgaeanae-Quercetum rotundifoliae; 2– Asparago aphylli-Calicotometum villosae; 3 – Comunidade de Cistus salvifolius e Cistus crispus; 4Trifolio cherleri-Plantaginetum bellardii;
2.5.2. Exemplo de uma série edafófila.


1. Série edafohigrófila, termomesomediterrânica, iberoatlântica, ripária do amieiro (Alnus glutinosa). Scrophulario scorodoniae-Alneto glutinosae sigmetum.
Amiais, cuja etapa madura corresponde a Scrophulario scorodoniae-Alnetum glutinosae e que crescem nas margens com elevada humidade edáfica, sendo substituídos pelos freixiais de Ficario ranunculoidis-Fraxinetum angustifoliae, em ribeiras que sofrem prolongada estiagem estival (Quadro 3). Além dos amieiros (Alnus glutinosa) que se destacam pela dominância, chama a atenção a variedade de trepadeiras (Hedera helix subsp. canariensis, Tamus communis, Clematis campaniflora, Lonicera periclymenum subsp. hispanica, Rosa canina e Rosa pouzinii) e algumas espécies pouco vulgares na região (Holcus mollis subsp. mollis e Viola riviniana) (fig. 4).


A primeira etapa de substituição são os silvados de Lonicero hispanicaeRubetum ulmifolii e nas orlas sombrias e húmidas os arrelvados vivazes de Juncetum rugosoeffusi e de Trifolio resupinati-Caricetum chaetophyllae.
Quadro 3 Etapas de regressão e espécies características territoriais dos amiais (Scrophulario scorodoniae-Alneto glutinosae sigmetum)
 Quadro 3 Etapas de regressão e espécies características territoriais dos amiais (Scrophulario scorodoniae-Alneto glutinosae sigmetum)





Fig. 4 – Série edafo-higrófila, termo-mesomediterrânica, iberoatlântica, ripária do amieiro (Scrophulario scorodoniae-Alneto glutinosae sigmetum).
1–Scrophulario scorodoniae-Alnetum glutinosae; 2– Lonicero hispanicae-Rubetum ulmifolii; 3– Juncetum rugoso-effusi; 4– Trifolio resupinati-Caricetum chaetophyllae.
2.6. Geossinfitossociologia.
Segundo Géhu & Rivas-Martínez (1981), a Geossinfitossociologia é a verdadeira Fitossociologia paisagística, onde interpretamos a paisagem vegetal, que é constituída por séries de vegetação (climatófilas e edafófilas), de um território biogeográfico. Estas dispõemse ao longo de gradientes ecológicos (por exemplo, humidade edáfica), substituindo-se naturalmente, organizandose em geosséries.
No que respeita à metodologia aplicada e à semelhança da Fitossociologia sigmatista, também distinguimos duas etapas:
a) Etapa analítica: Efectua-se os geossininventários, em áreas homogéneas, que devem ser efectuados num Sector, Distrito ou outra unidade biogeográfica, numa área ampla que abarque várias séries de vegetação ou sintáxones, quando não existe informação suficiente para definir as séries.
b) Etapa sintética: Identifica-se a geossérie, de acordo com a bioclimatologia e a biogeografia da unidade biogeográfica. Segundo ALCARAZ ARIZA (1996), é necessário cumprir três condições:


  1. Localizar em zonas com macrobioclima homogéneo (andar bioclimático ou combinação de termotipo e ombrotipo).
  2. Revestir substratos com características físicas e químicas semelhantes.
  3. Estar circunscritas numa unidade geomorfológica, determinada por um ou por grupos de gradientes ecológicos relacionados entre si.
O gradiente ambiental mais generalizado é a erosão e a escorrência hídrica, ao longo da estrutura geomorfológica mais vulgar: cumeada encosta vale. De acordo com Rivas-Martínez (2002) o conjunto de séries de vegetação de uma tessela (ou catena) pode ser reduzido ao modelo ideal:
A estação mais xérica coincide com a cumeada ou a zona mais elevada (série edafoxerófila).
A mais húmida será a zona de vale (série climatófila).
A situada entre ambas, corresponderá à encosta (série higrófila ou edafohigrófila).
A erosão que põe a rochamãe a descoberto e efectua a decapitação gradual do solo é mais intensa na cumeada, por causa dos declives. A escorrência hídrica, oblíqua ou perpendicular, arrasta de cima para baixo, ao longo da encosta, os elementos solúveis, coloides e água, que se depositam no vale. Segundo Alcaraz Ariza (1996), nas encostas verifica-se uma compensação entre o fornecimento de sedimentos e a escorrência hídrica, razão pela qual se instala a série climatófila, correspondente ao piso bioclimático do território; a cumeada caracterizase, frequentemente, por uma xericidade maior do que a determinada pelo andar bioclimático da região, enquanto que o vale apresenta um solo profundo e jovem.
É importante referir, que outros gradientes podem determinar tipos de paisagens diferentes da série climatófila territorial, de acordo com o factor ambiental preponderante: ribeiras (higrófila ou edafohigrófila), sapais (halófila), dunas (psamófila), entre outras.
Na denominação da geossérie, além do adjectivo climatófilo ou edafófilo, devese ressaltar alguns pormenores do habitat em que se encontra: andar bioclimático, tipo de solo e biogeografia (exemplo: Geossérie climatófila mesomediterrânica subhúmida basófila, luso-extremadurense).
Em relação à escala espacial, é importante referir que não se pode aplicar os conceitos de série e geossérie, às microcatenas de vegetação que ocupam pequenas áreas e que são condicionadas pelo microrelevo ou por condições edáficas especiais. Para estes casos, tais como margens de linhas de água permanentes, lagos, sapais, dunas, rochedos, etc., RivasMartínez (1996) introduziu o conceito de microgeosigmetum.
a) Microgeosigmetum: segundo Rivas-Martínez (2002), são catenas de comunidades vegetais constituídas por pequenas séries de vegetação (microsigmetum) de maior ou menor extensão. Dependem das condições climáticas, microtopográficas ou edáficas especiais, que dão origem a um grande número de habitats povoados por comunidades vegetais permanentes pouco estratificadas e que poderão alcançar o equilíbrio dinâmico. Nestas circunstâncias, a relação com as etapas maduras (cabeça de série e etapas de substituição) não é possível.
A Geossinfitossociologia está hierarquizada num sistema de unidades, desde a unidade base (geosigmetum), passando pela aliança (geosigmion) até à ordem (geosigmetalia). O geosigmetum (geosigmassociação ou geossérie) é, segundo Rivas-Martinez (1987), construído com os sigmetum ou séries contíguas e, também com os estádios ou comunidades vegetais seriais, delimitados por uma unidade fitotopográfica da paisagem (vale, planície, cumeada, etc.), numa unidade biogeográfica (Distrito ou Sector).
Na opinião de Aguiar & Honrado (2001: 32): “o estudo dos complexos de vegetação não serial, exteriores aos conceitos de geossérie e de microgeosigmetum, é útil na fitossociologia aplicada ao ordenamento do território e da maior importância na discriminação de séries e, sobretudo, de geosséries de vegetação em territórios com um elevado grau de hemerobia.
Estes estudos podem ser efectuados com uma metodologia muito semelhante à aplicada nos estudos do microgeosigmeta: Identificar no interior de uma tessela, áreas onde um ou vários factores ecológicos relacionadas determinam a estrutura dos complexos de vegetação.
Inventariar todos os sintáxones presentes.
Aplicar a escala de abundânciadominância de Braun-Blanquet.
2.6.1. Exemplo de um esboço de uma geossérie.
1. Geossérie termomediterrânica, subhúmida a húmida, silicícola, gaditanoonuboalgarviense e lusoextremadurense dos sobreirais de Asparago aphylliQuerceto suberis Geosigmetum.
Confirmamos o domínio dos sobreirais da série climatófila do Asparago aphylli-Querceto suberis S. na Serra de Monfurado, principalmente em encostas ou áreas planas, pouco expostas, em substrato silícioso.
A série dos azinhais de Pyro bourgaeanae-Querceto rotundifoliae S. encontrase nas cumeadas, em zonas mais xéricas.
As geosséries ripícolas, instaladas nos vales, estão dependentes da oscilação do lençol freático e do carácter torrencial das ribeiras. Na Serra de Monfurado, marcam presença os freixiais de Ficario ranunculoidis-Fraxineto angustifoliae S., os amiais de Scrophulario scorodoniae-Alneto glutinosae S.e os salgueirais de Saliceto atrocinereo-australis S. (fig. 5).
Fig. 5 – Transecto da geossérie termomediterrânica, subhúmida a húmida, silicícola, gaditano-onubo-algarviense e luso-extremadurense dos sobreirais de Asparago aphylli-Querceto suberis Geosigmetum.


2.6.2. Exemplo de uma geossérie e complexos de vegetação.
No Quadro 4, apresentamos um excerto adaptado de um estudo geossinfitossociológico realizado por Aguiar (2001), na Serra de Nogueira e no Parque Natural de Montesinho.
Geossérie climatófila supramediterrânica supratemperada oeste carpetana e orensano-sanabriense subhúmida a hiperhúmida silicícola do Holco mollis-Querceto pyrenaicae Geosigmetum
Quadro 4  -  Holco mollis-Querceto pyrenaicae Geosigmetum


3. Bibliografia
Aguiar, C. F. G. (2000) Flora e Vegetação da Serra de Nogueira e do Parque Natural de Montesinho. Dissertação apresentada ao Instituto Superior de Agronomia para efeito de prestação de provas de doutoramento. Universidade Técnica de Lisboa. Instituto Superior de Agronomia. Lisboa.
Aguiar, C. & Honrado, J. J. (2001) – Introdução à Fitossociologia. 2º Curso de Iniciação à Fitossociologia. Fédération International de Phytosociologie / Associação Lusitana de Fitossociologia. ISA/UTL, Lisboa.
Alcaraz Ariza, F. (1996) – Fitosociología integrada, paisage y biogeografía. Avances en Fitosociologia Advances in Phytosociology. (AEFA). Servicio Editorial de la Universidad del País Vasco.
Asensi, A. (1996) Fitosociologia y paisage. (Una aproximación histórica). Avances en Fitosociologia Advances in Phytosociology. (AEFA). Servicio Editorial de la Universidad del País Vasco.
Barkman, J. J.; Moravec, J. & Rauschert, S. (1988) – Código de Nomenclatura Fitosociológica. Opusc. Bot. Pharm. Complutensis, 4.
Braun-Blanquet, J. (1932) – Plant Sociology. McGrawHill, Londres (versão inglesa).
Braun-Blanquet, J. (1979) Fitossociologia. Bases para el estudio de las comunidades vegetales. Ed. Blume. Madrid.
Costa, J. C. A (1991) – Flora e Vegetação do Parque Natural da Ria Formosa. Dissertação apresentada ao Instituto Superior de Agronomia para efeito de prestação de provas de doutoramento. Universidade Técnica de Lisboa. Instituto Superior de Agronomia. Lisboa.
Diaz González, T. E. (1996) – Introducción a la Metodologia Fitosociológica y Sinfitosociológica. 1.º Curso Europeu de Fitossociologia Teórica e Aplicada. ALFA/AEFA, Lisboa.
Foucault, B. (1986) Petit Manuel D’Initiation a la Phytosociologie Sigmatiste. Societé Linneene du Nord de la France (Amiens) et Laboratoire de Botanique, Faculte Pharmacie (Lille II). (Mémoire N.º 1). CRDP d’Amiens, France.
Géhu, J. M. & RivasMartínez, S. (1981) – Notions fondamentales de phytosociologie in Syntaxonomie. J. Cramer. Vaduz.
Gillet, F.; Foulcault, B. & Julve, P. (1991) – La phytosociologie synusiale intégrée: objects et concepts. Candollea, N.º 46, Conservatoire et Jardin Botaniques de Genéve.
Guinochet, M. (1973) – Phytosociologie. Masson e Cie., Éditeurs. Paris.
Ladero, M. (1996) – As cabeças de série da vegetação portuguesa. I Curso Europeu de Fitossociologia teórica e aplicada. ISA – UTL, Lisboa.
Loidi, J. (2000) – Reflexiones sobre la Fitosociologia en el momento actual. Comunicação apresentada no II Encontro de Fitossociologia. ALFA/AEFA, Escola Superior Agrária de Castelo Branco.
Pavillard, J. (1935) – Eléments de sociologie végétale (Phytosociologie). Hermammet Cie., Éditeurs, Paris.
Rivas-Martínez, S. (1976) – Sinfitosociologia, una nueva metodología para el estudio del paisaje vegetal. Anales Inst. Bot. Cavanilles 33: 179188.
Rivas-Martínez, S. (1987) – Nociones sobre Fitosociologia, Biogeografía e Bioclimatologia in M. Peinado & Rivas-Martínez (eds.) La Vegetación de España. Universidad de Alcalá de Henares. Madrid: 1745.
Rivas-Martínez, S. (1996) – La fitosociologia en España. Avances en Fitosociologia: 149174. Servicio Editorial de la Universidad del País Vasco.
Rivas-Martínez, S. (2002) – Fitosociologia Dinámico-Catenal (Fitosociologia Integrada o Paisajista). Folia Botanica Matritensis 19: 15. Universidad de Leon.
Tüxen, R. (1956) – Die hentige potentielle natürliche Vegetation als Gegenstand der Vegetationskartierung. Angew. Pflanzensoz. 13, Stolzenau/Weser.
Weaver, J. & Clements, F. (1944) – Ecologia Vegetal. Acme Agency, Buenos Aires.













































































Veja à seguir: 13. The Northern Serras of Portugal ()











Sem comentários:

Submitir informação sobre uma espécie de plantas

Seguidores