“Flowers of South-West Europe - a field guide” - de Oleg Polunin e B.E. Smythies
“Revisitas” de regiões esquecidas no tempo - “Plant Hunting Regions” - a partir de uma obra de grande valor para o especialista e amador de botânica como da Natureza em geral.
Por
Horst Engels, Cecilia Sousa, Luísa Diniz, Nicole Engels, José Saraiva, Victor Rito
da
Associação “Trilhos d’Esplendor”
2.13 The Northern Serras of Portugal
2.13 The Northern Serras of Portugal
2.13.1 Serra da Lousã, do Açor e Encosta oeste da Serra da Estrela (Loriga)
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Folhas de Cálculo:
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Bases de Dados:
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Mapas: Serra da Lousã
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2.13.1 Serra da Lousa (I)
Logo na saída de Coimbra ao longo do rio Ceira em direcção para a Lousã, na Estrada Nacional N17 (a antiga estrada da Beira que leva à Guarda), reparamos na mudança abrupta da flora em terras de xistos e grauvaques. Aparecem aqui Rumex induratus e Dianthus lusitanus nas paredes e rochedos da margem da estrada nacional.
Dianthus lusitanus
Rumex induratus numa encosta que está na recuperação de um incêndio
Rumex induratus
Além de estufas e hortas com citrinos e outras árvores de cultivo comercializados nesta região com clima ameno no inverno e quente no verão, infelizmente também existem aqui as plantações extensas de eucalipto (Eucalyptus globulus) e encostas invadidas por Acacia dealbata, espécie originariamente ornamental que se tornou uma autêntica praga na Serra da Lousã e que está em vias de destruir grande partes da floresta autóctona.
Acacia dealbata - planta invasora em Portugal
A Serra da Lousã, com solos de xistos e grauvaques, não é uma região fértil para a agricultura e horticultura, mas a floresta tem servido para comercialização e produção de carvão a partir das extensas florestas de castanha (Castanea sativa), de Quercus sp. (Q. robur, Q. pyrenaica e Q. suber) e de outros espécies num clima ainda bastante influenciado pela proximidade do oceano atlântico. Também a industria de lanifícios e textil tem sido muito importante no passado para a região.
Existem na Serra da Lousã, na Serra do Açor e nas encostas oeste da Serra da Estrela (sobretudo nas proximidades de Loriga) ainda pequenas enclaves de florestas com espécies relíquias de azereiro (Prunus lusitanica), do loureiro (Laurus nobilis) e de azevinho (Ilex aquifolium) provenientes da antiga floresta de Laurissilva que tornam a região interessante para o botânico e estudiador da biodiversidade. Mas é o turismo que se tornou recentemente a esperança desta região.
Doutor Jorge Paiva da Universidade de Coimbra escreve sobre a floresta sempre-verde relíquia da Laurissilva e as espécies que sobreviveram na Serra da Lousã:
O actual coberto vegetal da Serra da Lousã, à semelhança da generalidade das montanhas portuguesas, pouco tem a ver com o que se supõe ter sido o seu revestimento florístico natural original. Na zona atlântica, que abrange todo o Norte do País e um pouco da zona central, ainda ocorrem elementos residuais da floresta sempre-verde dos climas temperados – a Laurisilva – que à 5 M.A. antes das glaciações e com um clima relativamente quente e húmido, teria coberto as costas do Mediterrâneo norte-ocidental:
- o Azereiro (Prunus lusitanica L. subsp. lusitanica);
- o Azevinho (Ilex aquifolium L.);
- o Feto-real (Osmunda regalis L.);
- o Folhado (Viburnum tinus L. subsp. tinus);
- a Hera (Hedera helix L.);
- o Loendro ou Adelfeira (Rhododendron ponticum L. subsp. baeticum (Boiss.&Reut.) Hand.-Mazz);
- o Loureiro (Laurus nobilis L.);
- o Medronheiro (Arbutus unedo L.).
Alguns destes elementos sempre-verdes subsistem na Serra da Lousã nos recantos húmidos e frescos, nas matas ribeirinhas, ou abrigados nas florestas caducifólias de Carvalhos (Quercus spp.) ou de Castanheiros (Castanea sativa Miller) que substituíram a floresta sempre-verde e que teriam constituído a “última” cobertura florestal natural da Serra. Assim segundo PAIVA, (1988):
...”a Serra da Lousã deveria ter sido um imenso carvalhal constituído predominantemente pelo carvalho-alvarinho (Quercus-robur L.) e talvez também, nos pontos mais altos, pelo negral (Quercus pyrenaica Willd.), com sobreirais (Quercus suber L.) nas zonas de climas mais temperados e secos. Testemunhos destas formações são os resquícios de carvalhos que se encontram nalguns vales da Serra da Lousã.(...)
Dr. Jorge Paiva, O Coberto Vegetal da Serra da Lousã in Jornadas de Cultura e Turismo, (16-17 de Julho de 1988), Câmara Municipal da Lousã, Lousã, 1988
Azevinho (Ilex aquifolium - à direita)
numa ribeira na Serra da Lousã
Azereiro (Prunus lusitanica) (Fonte: WIkipedia)
Castanheiro antigo (Castanea sativa) perto de Candal
Hoje as “Aldeias do Xisto” são uma atração turística valiosa - depois de uma recuperação de casas antigas largamente abandonadas durante o período da emigração pós-guerra.
Aqui algumas fotos de um passeio feito em 2005 - a partir do Castelo da Lousã para a aldeia de Talasnal (um caminho em que se sube a partir da Central Hidroeléctrica (a mais antiga de Portugal) num sotão antigo de castanheiros até a aldeia de Talasnal), altura em que a recuperação das casas antigas de Talasnal já tinha começado. Mas ve-se nas imagens que a maioria das ruinas ainda estava cobertas de eras - tinha-se começado também nesta altura de criar um sistema de canalização de água para esta aldeia.
Castelo da Lousã (Castelo de Arouce)
Dianthus lusitanus nos rochedos de xisto
Dianthus lusitanus
Central Hidroeléctrica da Ermida
Trilho pelo sotão para Talasnal - a partir da Central Hidroeléctrica
Jasiona ?montana com uma borboleta
Jasiona ?montana com uma borboleta
Ermida da Senhora da Piedade
Prunella grandiflora
por baixo de Genista falcata
Prunella grandiflora
Aquilegia vulgaris subesp. dichroa
Ruina de casa no caminho para Talasnal
Ruinas de casas cobertas com hera (Hedera helix) da aldeia Talasnal
Ruina de casa coberta com era da aldeia Talasnal
Parte de Talasnal em vias de recuperação
Casa antiga com varanda - balaústres (grades) em madeira de castanho
A varanda da casa em pormenor
Corrimão em castanho
de uma escada
A seguir uma série de fotos de Candal que também teve muitas obras paisagísticas e de recuperação de casas.
Fonte da aldeia de Candal, Serra da Lousã
Casas de Xisto em Candal
A Ribeira de Candal com obras paisagísticas bem integradas e um
habitat rico em fetos e outras plantas ribeirinhas
Sotão antigo (Sotão do Porto Estieiro) de castanheiros (Castanea sativa)
Casa de xisto bem integrada na paisagem
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