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(contains Web links to Flora-On for observed plant species, Web links to high resolution Google satellite-maps (JPG) of plant-hunting regions from the Iberian peninsula; illustrated text in Portuguese language)



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Polunin - Flowers of South-West Europe - revisited - última compilação

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terça-feira, 24 de setembro de 2013

2.13.2c3 - Formações herbáceas - Serra da Estrela




“Flowers of South-West Europe - a field guide” - de Oleg Polunin e B.E. Smythies


“Revisitas” de regiões  esquecidas no tempo - “Plant Hunting Regions” - a partir de uma obra de grande valor para o especialista e amador de botânica como da Natureza em geral.


Por
Horst Engels, Cecilia Sousa, Luísa Diniz, Nicole Engels, José Saraiva, Victor Rito
da
Associação “Trilhos d’Esplendor”


2.13 The Northern Serras of Portugal



2.13 As Serras do Norte de Portugal
2.13.2 Serra da Estrela
    1. Introdução
      1. Geografia, Clima, Geologia, Geomorfologia e Solos
    2. Bioclima, Biogeografia, Vegetação actual e potential
    3. Os Habitats da Serra da Estrela
      1. Ambientes rochosos
      2. Turfeiras altas
      3. Habitats rurais
    4. “Cultural Landscapes of Europe” - Serra da Estrela, uma paisagem tradicional
      1. Mudança climática e sucessão vegetacional no Holocénico
      2. Acção antropogénica e degradação florestal no Holocénico
      3. Um modelo para a gestão da Serra da Estrela
    5. Observação de Aves na Serra da Estrela
Folha de Cálculo:
Flora da Serra da Estrela  (Lista de plantas vasculares e não-vasculares)


Mapas das Serras do Norte de Portugal:


2.13.2 Serra da Estrela





Cervunal na Nave de Santo António, Serra da Estrela.
Nas margens do cervunal urzal (cor roxo) com (Calluna vulgaris) - em estado de floração.




Pastoreio num cervunal, perto da Lagoa Comprida (Serra da Estrela)

C3. Formações herbáceas


Introdução


Pradarias são compostos de gramíneas e ervas anuais, bi-anuais e perénes. Tal como as formações com coberto arbustivo e árvores, as pradarias são normalmente formações antropogénicas devido à intervenção do homem quer por fogo e queimas e desmatamentos das florestas ou por cortes e pastorício.


Prados desenvolvem formações climax onde o crescimento de árvores e arbustos é inhibido devido ao clima ou condições edáficas desfavoráveis. Prados naturais existem nos cumeados acima da zona arborizada nas montanhas, em solos com teores de sal muito elevados (estepes salgados) e em solos pobres e com baixa pluviosidade (estepes).
Prados temporais, na regra pequenos e em em forma de mosaicos, provavelmente surgiram devido à fogos naturais e nas planícies inundadas ou em florestas recentemente destruidas.
Além destes biótipos naturais muitas das componentes de pradarias devem ter evoluidas nas margens de florestas e em sítios rochosos.


A Serra da Estrela deve ter possuido alguns sítios com condições favoráveis para pradarias naturais. Animais herbívoros como roedores e ungulados devem ter pastado e mantido estas pradarias.
Desde que as florestas naturais foram abertas e a fauna natural substituída por um número elevado de animais domésticos, as pradarias ganharam uma extensão considerável. As pradarias que agora ocorrem na Serra da Estrela são todas mais ou menos semi-naturais (antropogénicas). A sua variação não depende apenas de clima, solo, altitude e topografia, mas também dos sistemas agro-pastoris. Na realidade, este sistema tem produzido uma variedade grande de pradarias, algumas com uma diversidade muito elevada de espécies. Pastagens influenciam a estrutura e composição da vegetação, em função da intensidade, do ritmo e da espécie de gado. Pradarias podem ser categorizados em função do seu estado de nutrição (oligotrófico, mesotrófico, eutrófico), de drenagem (seco, húmedo), da forma de vida ( anual, bianual, peréne), estado de artificialização (natural, semi-natural) e de adubação (adubado, semi-adubado, não-adubado). Uma outra distinção importante é entre prados cortados na época de crescimento para forragem (e possivelmente pastoreado fora dessa época) e prados pastoreados durante o ano inteiro.


Na generalidade, podem ser caracterizados quatro principais tipos de pradarias: (1) prados terofíticas; (2) prados secos perénes; (3) cervunais (Nardus) e (4) pastagens incluindo os lameiros.


...Grasslands basically consist of annual, biennial or perennial grasses and herbs. Like shrublands grasslands are mainly man-made by clearing and burning, and maintained by mowing and grazing.
Grasslands only constitute climax formations where shrub and tree-growth is inhibited by climate or soil conditions. Natural grasslands exist above the timberline in mountains, on saline soils, and on poor soils in areas with low rainfall (“steppe''). Temporal grasslands, mostly small and patchy, are likely to have occurred in burned forests caused by natural fire and on the natural flood plains wherever floods recently scoured away the tree-cover.
Apart from these natural biotopes, many of the components of the present grasslands may have originally grown in small numbers in verges of forests and on rocky sites. They could invade new areas after the forests had been cleared.
The Serra da Estrela may have hosted natural grasslands in few restricted places with favourable site conditions. Natural grazers such as rodents and ungulates may have grazed and therefore maintained these grasslands. Since the virgin forests have been cleared and the natural grazers have been replaced by large numbers of domestic livestock, grasslands gained considerable extension. Grasslands that now occur in the Estrela are all more or less semi-natural. Their variation depends not only on climate, soil, altitude and topography, but also on the agro-pastoral system. In fact this system has brought about a rich variety of grasslands, some of which with a high species diversity. Grazing influences the structure and composition of the vegetation, depending on the intensity, the rhythm and the kind of live stock. Grasslands may be categorized according to their nutrient status (oligotrophic, mesotrophic, eutrophic), drainage status (dry, wet), predominated life-from (annual, perennial), naturalness (natural, semi-natural), and intensity of agricultural improvement (improved, semi-improved, unimproved). Another important distinction is between meadow that is cut in the growing season and may be grazed outside it, and pasture that is usually open to grazing all year round…
...Four major groups of grasslands are distinguished: 1) therophytic grasslands, 2) dry perennial grasslands, 3) Mat-grass swards and 4) meadows…(Jan Jansen, 2002. p.115)


Descrição geral dos prados


F. Catarino et. al. (2001) e Jan Jansen (2002) escrevem no Relatório final sobre  “O Pastoreio nas Serras da Estrela e Malcata”  e no “Geobotanical Guide of the Serra da Estrela”:


Para uma descriçäo geral das comunidades pratences da Serra da Estrela, temos que ter em consideraçäo, as sequências altitudinais dos níveis mais baixos para a plataforma superior e, de zonas húmidas para as mais secas. Por outro lado, tomou-se necessário definir e seleccionar os tipos de comunidades herbáceas, assim como áreas mais representativas no Parque Natural da Serra da Estrela, ou pelo menos as que apresentam maior Valor natural, ou com uma gestäo mais equilibrada.


Assim foi decidido focar este estudo, nos diferentes tipos de cervunais (Nardetea), pastagens e prados naturais de grande diversidade, assim como nas pastagens relativamente ricas em nutrientes pertencente à classe Molinio-Arrhenatheretea. Estas duas classes têm um valor alimentar importante para a nutriçäo do gado e, säo as menos intervencionadas.


Outro tipo de prados com uma estrutura mais aberta, heterogénea e fragmentada como säo os arrelvados terófitos (Helianthemetea) e os Xerófitos do cimo da serra (Festucetea indigestae) ou das encostas (Stipo gìganteae-Agrostietea castellanae).




1. Prados terofíticos


Os prados terofíticos säo dominados por especies herbáceas e gramíneas anuais. Muitas destas especies säo invasoras e podem fazer parte de comunidades de terrenos arados.


Os elementos terofíticos ou anuais apresentam uma estrategia de vida típica de ambientes secos tais como solos abertos, sujeitos a climas (sub-)Mediterrâneos. Estas espécies produzem grandes quantidades de sementes, permanecendo dormentes até ao retorno da estaçäo favorável.




Raunkiær's life forms (from Wikipedia):
5-6. Geophytes. * 7. Helophyte. * 8-9. Hydrophytes. Therophyte, aerophyte and epiphyte not shown.


Na Serra da Estrela a maioria das especies anuais produzem sementes na primavera, ou inicio do veräo, morrendo e desaparecendo seguidamente. Durante o período das chuvas começam a germinar e no final do inverno, primavera ou veräo florescem. A maioria têm que produzir sementes antes da chegada da estaçäo seca.


Nestes prados instala-se naturalmente e progressivamente Vegetaçäo arbustiva e espécies florestais, excepto em solos pouco profundos ou aÍloramentos rochosos. O pastoreio e as queimadas previnem este desenvolvimento, originando clareiras que sâo colonízadas prontamente por plantas anuais que existem no solo, como banco de sementes. Isto explica a existência quase constante de espécies anuais nestas situaçöes.


Na Serra da Estrela existem vários tipos de prados terófitos. Säo eles os prados pioneiros que frequentemente ocorrem nos solos pouco proñmdos e arenosos na vegetaçäo pós-fogo ou nas clareiras de todos os tipos de matos, ou ainda nos solos compactos na berma de estradas. Na Vegetaçâo circundante a enclaves rochosos ou solos esqueléticos e concavidades, muitas vezes integram espécies suculentas ou anuais.


Com o aumento de altitude a diversidade especíñca vai diminuìndo e só um pequeno número de plantas anuais atingem o cimo da serra. Devido à sua natureza efémera os prados teróñtos apresentam uma composiçäo florística muito variável.


Therophytic grasslands are dominated by annual herbs and grasses. Many of these species may also be found in weed communities of arable lands. Therophytes or annuals display a life-form that is typical of dry environments such as open soils under a (sub-)Mediterranean climate. They often produce a large quantity of seed and remain dormant until a favorable season returns. In the Estrela
most of the annuals produce seed in spring or early summer and die shortly afterwards. In the course of the rainy season they start to germinate, and by late winter, spring or early summer they start flowering. Mostly they have produced seed before the dry period begins. Natural development would lead to scrub and forest except in very shallow soils in rocky environments. Grazing and burning prevent such a development, originating open space that is quickly colonized by annuals, often present in the soil seedbank. This explains why annuals are nearly always present in these situations.
In the Estrela various kinds of therophytic grasslands occur. Among them are pioneer grasslands often occurring on shallow sandy soils in post-fire vegetation or in gaps of all kinds of shrublands, or on compact soils along roads. Vegetation of rocky environments and shallow gravels often include succulent annual species. With increasing altitude species diversity decreases and a small number of annuals mount up to the summit. Due to their ephemeral character therophytic grasslands vary frequently in species composition. Therefore it is decided not to describe the various subtypes..... (Jan Jansen, 2002)


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As espécies vasculares preferenciais destas comunidades de prados terófitos säo:


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Agrostis truncatula subsp. truncatula
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Agrostis truncatula subsp. duriaei
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Aira caryophyllea subsp. multiculmis
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Plantago bellardi
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Rumex acetosella subsp. angiocarpous
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Sedum pedicellatum subsp. lusitanicum
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2. Prados xerofíticos


2.1 Prados secos perenes


As plantas xerófitas säo elementos que apresentam grande capacidade de resistência à secura. Para reduzirem a transpiraçäo e perda de água, apresentam folhas pequenas e anas, as paredes celulares dos tecidos tornam-se mais espessas e desenvolvem diversos tipos de tricomas e pêlos. Para absorvem a água do substrato, desenvolvem com frequência sistemas radiculares extensos e/ou fortes.


Podem ser distinguidos dois principais grupos de prados xerofíticos na Serra da Estrela: um está melhor representado nas vertentes e é caracterizada pela presença de gramíneas formando tufos altos; o outro desenvolve-se preferencialmente na plataforma superior e é caracterizada pela presença de Festuca summilusitana, uma espécie protegida integrada no Anexo da Directiva 92/43/EEC. Esta espécie forma arrelvados permanentes nas zonas mais altas e, onde as disponibilidades em água säo menores.


Xerophytes are plants that show capacity to withstand drought. To reduce transpiration they may have small leaves. thick-walled cells and hairs. To take up water from the soil they often develop extended and/or deep root systems.
Two major groups of xerophytic grassland types are described here. One is best developed on plateaus and is characterized amongst others by the presence of Festuca summilusitana. The other is best developed on slopes and characterized by the presence of tall tufted grasses.... (Jan Jansen, 2002)


2.2 Prados secos dos vertentes (Stipo-giganteae-Agrostis castellanae)


Os prados altos xerófitos da Serra da Estrela são caracterizados pela presença das seguintes espécies:




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Prados com Festuca elegans e Stipa gigantea


1. Os prados com Festuca elegans (aliança: Festucion elegantis) säo dominados por esta gramínea, representam uma espécie protegida incluída no Anexo II da Directiva do Conselho da Europa 92/43/EEC. Esta espécie ocorre em solos bem drenados em áreas de grande precipitaçäo e geralmente em declives. Os prados com F. elegans constituem uma fase degradada dos carvalhais pirenaicos.










2. Os prados de baracejo (Stìpa gigantea) säo dominados por formações graminoides e cespitosas altas. Este tipo de formação está relacionado ou é característico de estepes, prados secos geralmente de zonas continentais. Os prados de Stipa gigantea desenvolvem-se geralmente em solos relativamente profundos ou em ambientes sub-rupícolas, quase sempre em zonas secas e vertentes quentes, nos níveis de media a baixa altitude.




Stipa gigantea, perto do ‘Rodeio Grande’ (Serra da Estrela)




Stipa gigantea, perto do ‘Rodeio Grande’ (Serra da Estrela)




Stipa gigantea




Stipa gigantea



Stipa gigantea




Rodeio Grande, Serra da Estrela
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2.3 Prados secos dos planaltos e cimos (Festucetea indigestae, Koelerio-Corynephoretea pro parte, Sedo-Scleranthetea pro parte).


Os prados xerófitos do cimo da Serra da Estrela podem ser caracterizados pela presença de Festuca summilusitana, uma espécie Ibérica do complexo de Festuca ovina. Esta graminea pode suportar o frio e a secura destes ambientes, razão porque muitas vezes são denominados prados psicro-xerófotos. "Psychro" de frio "xerophytic" resistente à secura. Em comparação com outros tipos de prados da Sena da Estrela e, devido às condições severas onde ocorrem os prados psicro-xerófitos integram uma flora liquénica bastante rica. A vegetação xerófita do planalto superior desenvolve-se melhor em solos desagregados do Planalto Central, mas também pode ocorrer além circunscrita a cimos frios ventosos e secos em cristas a mais baixas altitudes mas, nestes casos sempre em formações fragmentadas. Em todos estes ambientes o desenvolvimento de matos está fortemente inibido, sem falar na instalação de espécies arbóreas. Na realidade a vegetação xerófita do cimo da serra, corresponde a clareiras e zonas abertas entre as formações arbustivas que sobrevivem, formando um mosaico com arrelvados planos entre áreas com vegetação em coxim (convexas).










As plantas que se desenvolvem nestes prados do cimo da serra estão sujeitas a ventos extremamente fortes e forças criogénicas que, vão sendo cada vez mais intensas com o aumento da altitude.


Xerophytic summit grasslands in the Estrela are characterized by the presence of Festuca summilusitana, an Iberian species of the Sheep's fescue complex (Festuca ovina group). They are able to cope with cold and dry environments, reason why they are sometimes called psychro-xerophytic grasslands. ' Psychro' means cold, "xerophytic" drought resistant. Compared to all the other grasslands in the Estrela and due to the harsh conditions under which they occur, psychro-xerophytic grasslands support the richest lichen flora.
Xerophytic summit vegetation is best developed on the gravelly soils of the Planalto Superior, but it also occurs around the cold and dry wind-swept summits and ridges of lower altitudes, however in a fragmentary assemblage. In all these environments the development of scrub, not to mention trees, is strongly inhibited. Therefore xerophytic summit vegetation fills the open space in between surviving shrubs; so both formations show a mosaic-like pattern in plateaus and dome-shaped (convex) areas.
Plants growing in these summit grasslands are subjected to strong winds and cryogenic forces that both become more important with increasing altitudes. The low temperatures slow down the chemical weathering of the minerals and thus slow down the formation of soil material. Since the small amount of material is washed down by run-off or blown away by the strong winds, summit grasslands have to survive on minimal nutrients and grow slowly, not only due to the prevailing cold but also to the scarcity of nutrients that tend to accumulate in the concave areas. The (dead biomass decomposes slowly because bacteria and fungi function better at higher temperatures and under a higher nutrient supply.
Many of the perennial plants grow slowly, remain low and spread close to the ground. In spite of their small size, most of them may be of great age. They are accompanied by some therophytes, of which Agrostis truncatula is the most conspicuous. However with increasing altitude the number of therophytes diminishes and some specialized species start to appear. Most of them are within Portugal, confined to the Estrela. In Spain some are known from very high altitudes of the cryoro-Temperate belt. These are marked below with an asterisk (* ).... (From: Jan Jansen, 2002)


As espécies características das comunidades de prados xerófitos do planalto superior da Serra da Estrela são:


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Galium saxatile subsp. vivianum
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Herniaria scabrida subsp. scabrida


Hieracium castellanum


Hieracium vahlii subsp. myriadenum*
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Jasione crispa subsp. centralis


Jasione crispa subsp. sessiliflora

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Jurinea humilis*
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Leucanthemopsis flaveola subsp. alpestre
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Minuartia recurva subsp. juressi*
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Plantago subulata subsp. holosteum
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Plantago subulata subsp. radicata
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Silene ciliata subsp. elegans*
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Festuca summilusitana é uma espécie listada no Anexo 11 da Directiva 92/43/EEC do Conselho da Europa. Minuartia, Silene ciliata subsp. elegans, as três espécies de Plantago, assim como Jasione crispa subsp. centralis são elementos que podem desenvolver-se em forma de coxim: os eixos e ramos diferenciam densos tufos de folhas finas e rígidas. Deste modo a parte interna da planta pode ficar protegida do vento, neve ou gelo; temperaturas extremas no centro são menos significativas a perda da água por transpiração é reduzida ao mínimo. Este tipo de adaptação é semelhante para outros biótopos comparáveis no Árctico e nas altas montanhas de todo o globo.
O solo nestas áreas de maior altitude apresenta estruturas poligonais, formadas durante congelações e descongelações sucessivas da água do solo. Como resultado da contracção e dilatação conduz à formação de cristais de gelo em camadas no interior do solo. Nestes cavidades poligonais podem vir a ser acumulados restos de plantas e musgos. Quando se formam cristais de gelo em alguns solos saibrosos, desenvolvem-se como agregados em forma de agulhas que sobrelevam as partículas do solo por vezes a mais de 15 cm (= codo). Isto sucede todas as noites quando as temperaturas descem abaixo de 0°C. Durante o dia as agulhas de gelo descongelam rapidamente. Quando este fenómeno se dá nos declives, irá favorece a erosão. Esta acção do gelo afecta particularmente o solo que não está coberto pela neve. A criogénese (= originada por congelação) induz o movimento horizontal quando o gelo se vai descongelando, e movimentos verticais nos espaços poligonais partir do codo quando este se derrete. Desta forma, muitas plantas necessitam de raízes fortes para permanecerem agarradas ao substrato. Outras são flexíveis tornando-se com que rastejantes. Espécies com esta particularidade são mais comuns nas cascalheiras como Galium saxatile subsp. vivianum e Viola langeana.
Por outro lado os tufos de Festuca spp. e as rosetas de Luzula caespitosa, Silene ciliata subsp. elegans, Teesdaliopsis conferia e Plantago spp. têm outra estratégia, dado que podem ir morrendo no centro mantendo-se em crescimento na periferia.


3. Cervunais


Os cervunais são prados que se desenvolvem em solos orgânicos pobres em nutrientes. A nível Europeu, este tipo de formação herbácea tem o seu limite meridional na Serra da Estrela. Nesta área podemos definir três tipos de cervunais:


1. Cervunais onde predomina Festuca henriquesii;
2. Cevurnais pobres no planalto superior;
3. Cevurnais ricos de meia encosta (JANSEN 1999).


O primeiro tipo tem uma origem primária, enquanto os dois outros podem potencialmente, desenvolver-se nos matos ou floresta se deixar de existir o pastoreio.


Mat-grass swards (Portuguese: cervunais) are nutrient-poor grasslands on organic soils. The European range of Mat-grass (Nardus stricta) attains its southwestern limits in the Serra da Estrela.
In the Estrela three types of Mat-grass swards occur:
1) Mat-grass swards predominated by Festuca henriquesii,
2) species-poor Mat-grass swards of the upper belt,
3) species-rich Mat-grass swards of the middle belt .
The first type is probably of primary origin, but the other two are assumed to develop to scrub or woodland if grazing would stop. ... (Jan Jansen, 2002)


As espécies características destes habitats são:


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Galium saxatile subsp. saxatile
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Gentiana lutea subsp. aurantiaca
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Hieracium pilosella s.L
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Leontodon pyrenaicus subsp. cantabricus
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Leontodon pyrenaicus subsp. herminicus
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Luzula campestris subsp. carpetana
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Narcissus bulbocodium subsp. nivalis
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Narcissus pseudonarcissus subsp. confusus
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Pedicularis sylvatica subsp. sylvatica
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Ranunculus bulbosus subsp. alae
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Thesium pyrenaicum subsp. pyrenaicum
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3.1 Prado perene orófilo Festuca henriquesii (Campanulo herminii-Festucetum henriquesii) - Na1 e Na2 (Anexo 1 em: Catarino, F. et. al. (2001))


Festuca henriquesii é uma espécie que foi dedicada a J.A. Henriques, botânico que deu um dos mais importantes impulsos no estudo florístico da Serra da Estrela, com a organização da primeira e maior expedição científica nos finais do século XIX. A área desta espécie endémica corresponde com as zonas onde há neves prolongadas. Festuca henriquesii é uma das três espécies de Festucae que ocorre na Serra da Estrela e que está listada no Anexo II da Directiva 92/43/EEC do Conselho da Europa: "Prados de uma comunidade endémica, Campanulo herminii-Festucetum henriquesii", COSTA et al. (1999). É uma comunidade mais ou menos natural com Festuca henriquesii, que hoje em dia ocorre unicamente nas partes mais altas da Serra da Estrela. A superfície total que ocupa é extremamente reduzida, não excedendo provavelmente a superficie de dois campos de "football". Estes prados considerados vulneráveis, preferem solos bem drenados em situações de ensombramento, por baixo dos flancos e da face norte de rochedos ou noutras situações onde a neve se mantém com mais permanência. Formações miniaturas destes arrelvados crescem também entre fissuras de blocos rochosos.








Festuca henriquesii


Os prados com Festuca henriquesii integram um número de espécies interessantes entre elas a argençana-dos-pastores (Gentiana lutea), que é a espécie mais notável. Na Europa de um modo geral distingue-se duas subespécies: subsp. symphyandra nas áreas do sudeste e a subsp. lutea na restante área de distribuição. Recentemente foi descrita a subsp. aurantiaca para o sudoeste. Esta última ocorre no quadrante noroeste da Península Ibérica e em Portugal nas zonas altas da Serra da Estrela. Assim tal como nas outras partes da Europa, esta planta é colhida pelas suas raízes conterem muitas substâncias activas com interesse medicinal. Por vezes pode ser confundida com Veratrum album que apresenta algumas semelhanças mas, é extremamente venenosa. Plantas saudáveis de Gentiana lutea podem atingir 40 a 60 anos mas, normalmente as plantas só florescem a partir de 10 as 20 anos. Actualmente Gentiana lutea subsp. aurantiaca está a tornar-se cada vez mais rara, como o resultado da apanha das raízes com fins medicinais. Se a sua população não está extinta é só pelo facto de ir produzindo sementes, a partir de algumas plantas inacessíveis, que se encontram nas fissuras de rochedos mais altos. As sementes desenvolvem-se nos prados inferiores, mas podem ser destruídas antes de florescerem. A extinção pode ser uma questão de tempo, particularmente se morrerem os exemplares mais velhos existentes no alto dos rochedos. É de salientar que sob o efeito do clima frio na alta montanha, foram necessários séculos para se instalar algum solo entre o afloramento rochoso. Este solo está actualmente ainda protegido em alguns pontos, pelo manto de prados de Festuca henriquesii. Sem esta protecção todo o material terroso seria arrastado com as chuvas e desgelos. Se houver destruição destes prados com a erosão, torna-se difícil a instalação de novas plantas e, em particular, de Gentiana lutea. Nos prados de Festuca henriquesii o microclima corresponde ao macroclima de algumas áreas do Maciço Central em França e dos Alpes onde Gentiana lutea existe relativamente abundante. Será mais conveniente cultivar esta planta para fins medicinais em áreas destas duas regiões onde existe maior extensão de solos com potencialidades para ser cultivada. Na realidade na Serra da Estrela, o seu cultivo é impossível sem interferir com áreas a preservar.


3.2 Cervunais pobres do planalto superior


Prados relativamente pobres em espécies, dominados por cervum (Nardus stricta) desenvolvem-se nas zonas altas e médias da Serra da Estrela. Nardus stricta é uma planta bem adaptada ao pastigo e pisoteio e consequentemente com mais sucesso como pasto de verão para os rebanhos que sobem à Estrela. Estas pastagens estão localizadas e estendem-se por áreas de depressão ou fundos de pequenos vales. Um bom exemplo destes prados são os que existem presentemente na Nave de Santo António (ver caracterização 3.2), Salgadeira-Covão do Boieiro e Ribeira do Forno.








Nardus stricta




Nardus stricta




Nardus stricta




Cervunal na Nave de Santo António, Serra da Estrela.
Manchas de Calluna vulgaris indicam degradação do cervunal.


Nestas zonas de depressões existe material terroso que se vai depositando pela acção da água formando áreas convexas onde se instala com facilidade a vegetação. Os solos são húmidos a molhados e a sua natureza orgânica conduz a uma grande capacidade hídrica, especialmente importante durante o período seco de Verão. Os cervunais pobres são claramente prados semi-naturais que se estabelecem em áreas de elevada precipitação, pouco ou profundamente drenadas, apresentando uma larga tradição para a pastorícia (corte, fogos, pastos de verão). Nos solos hidromórficos (turfosos), estes pastos interferem com a vegetação de turfeiras (plataformas, ou áreas convexas), tornando-os mais secos e transformando-se em prados xerófitos de altitude.




Turfeira em estado transicional para cervunal, planalto da Serra da Estrela.




Turfeira em estado transicional para cervunal, planalto da Serra da Estrela.




Gentiana pneumonanthe na turfeira, planalto da Serra da Estrela




Hyla arborea na turfeira, planalto da Serra da Estrela




Nardus stricta na turfeira transicional, planalto da Serra da Estrela




Sphagnum spec. na turfeira, planalto da Serra da Estrela




Sphagnum spec. na turfeira, planalto da Serra da Estrela


Esta intervenção faz com que estes prados empobreçam quanto a diversidade biológica. No entanto, a sua principal ameaça corresponde à limitação ou extinção da pastorícia. Se o pastigo for retirado destas áreas, o cervunal evolui em urgeirais ou zimbrais desaparecendo as manchas de cervum e dando a possibilidade a espécies arbóreas infestantes se instalarem.


3.3 Cervunais com riqueza de espécies da meia encosta NA4 (JANSEN 1999) (veja: Anexo 1 em: Catarino, F. et. al. (2001).


Pequena comunidade que se desenvolve desde baixa altitude na serra, rica em espécies e que envolve sempre um pastoreio extensivo a todo o ano, talvez com um toque ocasional de adubagem e lavragem. Estes prados podem ser encontrados disseminados nas paisagens agrícolas do andar médio da serra, muitas vezes em contacto com searas (ver parte 3.3). Com mudanças no tipo de maneio e no sistema agro-pastorício estas comunidades de prados de cervum extinguem-se, porque a sua manutenção requer um maneio tradicional. Com a redução deste tipo de intervenção pelo homem e o seu abandono, estas áreas ficam abertas à invasão de matos, ou se não abandonadas a uma agricultura intensiva com cutrofização e drenagens. Por outro, lado podem estar aptas a florestação intensiva. Estes prados podem considerar-se intermédios entre os outros dois tipos de cervunais, com espécies mistas ou mesmo com elementos que têm o seu óptimo em searas ou matos.


4. Arrelavados ou lameiros da Molinio-Arrhenateretea - Mo1, Mo2 e Mo3 (Anexo 1 em: Catarino, F. et. al. (2001))


Finalmente devemos referir a flora dos prados da Molinio-Arrhenatheretea. São prados naturais geralmente bastante higrofilicos que se instalam em zonas pouco drenadas e ricas em humidade edáfica. A vegetação forma um coberto muito denso dominada por espécies da Molinio-Arrhenatheretea que, em algumas zonas da Sena da Estrela, podem ter estar sujeitas a uma redução acentuada de humidade dominando Agrostis castellana. Com o fim do aprovisionamento de feno como alimento para o gado, o homem desenvolveu a prática de lavrar o solo destes prados naturais, assim como a introdução de diversos tipos de irrigação, tendo com isto levado a alterações no uso do solo, criando uma grande diversificação nos tipos de pastagens. No geral, estes pastos são ceifados na época de crescimento e, podem ser fora disso, usados como pastigo. Por outro lado, estes prados poderão estar disponíveis para o gado durante todo o ano. Na generalidade podemos considerar dois tipos de pastagens: as irrigadas (lameiros de regadios) e as não irrigadas (lameiros de secadal). (Figura 8) A prática tradicional consiste em deixar irrigar de uma maneira contínua uma leve camada de água "lima", que tem como finalidade evitar os estragos pela geada. Algumas pastagens são usualmente ceifadas e pastadas no mesmo ano (lameiros de feno). Por outro lado outras são pastagens irrigadas, situadas geralmente junto a povoados são ceifados várias vezes por ano (lameiros de erva).


To supply his livestock with extra fodder man invented mowing and the practice of irrigation. As a result the irrigated meadows were created. Meadows are cut in the growing season and may be grazed outside it, while pasture is usually open to grazing all year round.
In general there are two types of meadows: the irrigated (Portuguese: lameiros de regadio) and non-irrigated meadows (Portuguese: lameiros de secadal). The traditional practice of winter irrigation by a continuous flowing of a thin layer of water ("lima") has the purpose of avoiding frost damage. The meadows are usually mown and grazed in the same year ("Iameiros de feno"). Some irrigated meadows, located near villages, are mown several times a year ("Iameiros de erva”). Under natural conditions the meadows are enriched by an input of minerals from deposited silt or moving water. In addition they may be supplied with organic manure. The long history of traditional use has lead to a high species diversity. Species from biotopes irrigated under natural conditions such as floodplain pastures, fringes of riparian forests. Matgrass swards, wet heaths, bogs or other (sub-)humid vegetation were able to invade this new biotope. The large number of different plant species attracts many kinds of insects that on their turn attract various insect-eating birds. Meadows are indeed the living evidence that man can create new biotopes with a high biodiversity. The relative nutrient-poor grasslands are vulnerable to artificial fertilization. If these grasslands would be fertilized with nitrogen, phosphorus or potassium biodiversity (herbs, insects) will decline rapidly and a few competitive grasses are expected to become dominant. This happened with many grasslands throughout Western Europe when grassland management aimed at high production. Now nature conservation in these countries pays a high price to restore at least a part of these grasslands.
Fortunately in the Estrela many meadows still have a high species diversity and merit to be maintained. (Jan Jansen, 2002; p.122).




Lameiros no Vale da Ribeira de Loriga




Lameiros no Covão da Ponte, Manteigas


Anexos


1 Tabelas fitossociológicas


Uma tabela sinóptica da vegetação de comunidades de transaição entre pradarias abertas  e Pino-Cytision da Serra da Estrela encontra-se em Jan Jansen (2011):  Managing Natura 2000 in a changing world: - Radboud Universiteit - Anexos -  (Chapter 3, Table 1 Transitions to open grasslands and basal communities of Pino-Cytision: BC Cytisus oromediterraneus-[Pino-Cytision].) Destacado em amarelo: Lichens e Musgos - alteração da tabela original).



Chapter 3, Table 1 Transitions to open grasslands and basal communities of Pino-Cytision: BC Cytisus oromediterraneus-[Pino-Cytision]



2 Associações fitossociológicas


(As associações fitossociológicas presentes em ambientes aquáticos da Serra da Estrela foram identificadas por: Jan Jansen (2002):Geobotanical guide of the Serra da Estrela. Instituto da Conservação da Natureza. Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente, Lisboa.
As descrições das classes fitossociógicas são as descrições das respectivas classes fitossóciológicas em: Rivas-Martínez et. al. (2002): Vascular Plant Communities of Spain and Portugal. Addenda to the Syntaxonomical Checklist of 2001. ITINERA GEOBOTANICA. Vol. 15(1).)



VIb. WEST-MEDITERRANEAN OROPHILOUS SILICICOLOUS VEGETATION
*
Classe  FESTUCETEA INDIGESTAE Rivas Goday & Rivas-Martínez 1971
Supra to cryoromediterranean and submediterranean, zonal in supratimberline and secondary at lower altitudes, silicicolous geliturbate graminoid and dwarfchamaephyte grassland-like communities, on ranker or cambisols without histic or gleyic properties, in Mediterranean West Iberian Peninsula and North African Rif mountains. High altitude Iberian ranges mostly zonal (Festucetalia indigestae) [oro and cryorotemperate siliceous Nevadensian (Nevadension purpureae: Nevadensienion purpureae = cryoromediterranean Sierra Nevada, Thymenion serpylloidis = oromediterranean Sierra Nevada and Filabres), oro and cryorotemperate Central and Oroiberian ranges (Minuartio-Festucion curvifoliae), oro
and cryorotemperate Orocantabric, Bercian-Sanabriensean and Estrelensean high mountains (Teesdaliopsio-Luzulion caespitosae)]; supra to lower oromediterranean dry to humid central, west and south Iberian secondary dwarf-chamaephyte grassland-like on siliceous and geliturbate shallow soils (Jasiono sessiliflorae-Koelerietalia crassipedis) [siliceous metal rich and serpentine rocks mostly Trasosmontanean (Armerion eriophyllae), wide Mediterranean West Iberian and related Betic and Mediterranean Central Iberian high plateau and mountains (Hieracio castellani-Plantaginion radicatae). Western Mediterranean.
VII. GRASSLAND AND MEADOW VEGETATION
VIIa. THEROPHYTIC GRASSLANDS
*
Classe TUBERARIETEA GUTTATAE (Br.-Bl. in Br.-Bl., Roussine & Nègre 1952) Rivas Goday & Rivas-Martínez 1963 nom. mut. propos.
[Helianthemetea guttati]
Pioneer spring and early summer ephemeral plant communities dominated by non nitrophilous annual short herbs and grasses, thermo to lower oromediterranean xeric and pluviseasonal, also spread in thermo to supratemperate in Mediterranean Region, but localized only in dry or initial soils inside the Eurosiberian Region mostly in submediterranean or steppic territories. Acidophilous or calcifugous communities (Tuberarietalia guttatae) [thermo to lower supramediterranean on sandy-loamy soils (Tuberarion guttatae: Tuberarienion guttatae = sandy-loamy soils, Sedenion caespitosi = very shallow soils), supramediterranean and meso-supratemperate in Eurosiberian and Catalan-Valencian (Thero-Airion), supra to lower oromediterranean in Mediterranean West Iberian and local on poor soils in Mediterranean Central Iberian (Molineriellion laevis), meso to lower oromediterranean succulent ephemere therophytic communities on very shallow and initial soils of cohesive siliceous rocks in Mediterranean West Iberian and related Iberian territories (Sedion pedicellato-andegavensis)]; deep sandy soils and coastal or continental paleodunes in Western Mediterranean (Malcolmietalia) [meso-lower supramediterranean semicontinental Mediterranean West Iberian (Corynephoro articulati- Malcolmion patulae), thermo-mesomediterranean euoceanic Mediterranean West Iberian and Coastal Lusitan-Andalusian (Hymenocarpo hamosi-Malcolmion trilobae)]; calcium carbonate, clayey, gypseous, dolomite, serpentine or mafic rich soils in Mediterranean and southern Eurosiberian (Brachypodietalia distachyi) [thermomediterranean semiarid Murcian-Almeriensian (Stipion capensis), ephemere in gypseous bare soils (Sedo-Ctenopsion gypsophilae), dolomite, serpentine or mafic rich soils mostly in Betic biogeographical province (Omphalodion commutatae), thermo to supramediterranean pluviseasonal or thermo-mesotemperate mostly submediterranean on calcium carbonate or clayey soils (Brachypodion distachyi)]; coastal dunes with moving sand and wind salt spray, Mediterranean and Cantabrian-Atlantic (Cutandietalia maritimae) [Balearic-Catalan-Provençal and the rest of Thyrrhenian coast (Alkanno-Maresion nanae), Coastal Lusitan-Andalusian, Betic, Murcian-Almeriensian and Tingitanian coast (Linarion pedunculatae), Canarian (Ononidion tournefortii)]. North African-Eurasiatic.

VIIb. PERENNIAL XEROPHYTIC AND MESOPHYTIC GRASSLANDS

*
Classe FESTUCO-BROMETEA Br.-Bl. & Tüxen ex Br.-Bl. 1949
Anthropogenic grazed baso-neutrophilous or a bit acidophilous mesophytic or slightly xerophytic nutrient-rich pastures largelly covered by perennial grasses, meso-supratemperate submediterranean and meso-supramediterranean, dry to humid, oceanic to subcontinental steppic, Eurosiberian and Western Mediterranean, growing on deep rich and well drained soils without gleyic properties. Atlantic, Mid-European, Alpine-Pyrenean, Appenine and Oroiberian, meso-supratemperate oceanic subhumid-humid and submediterranean non steppic, closed short-grass pastures (Brometalia erecti) [Cantabrian-Atlantic, Orocantabric, Pyrenean and Oroiberian mesophytic grasslands (Potentillo montanae-Brachypodion rupestris: Potentillo montanae-Brachypodienion rupestris = baso-neutrophilous calcicolous, Chamaespartio-Agrostienion capillaris = some what acidophilous often silicicolous), Pyrenean and Oroiberian meso-xerophytic, often submediterranean, cryoturbated (Teucrio pyrenaici-Bromion erecti)]; Western Mediterranean
and Alpine-Pyrenean meso-supramediterranean and meso-supratemperate submediterranean dry-subhumid oceanic or semicontinental tall grass pastures on basophilous to neutrophilous deep soils (Brachypodietalia phoenicoidis) [Western Mediterranean meso-supramediterranean oceanic usually on deep clayey soils (Brachypodion phoenicoidis), Alpine-Pyrenean meso-supratemperate submediterranean semicontinental mostly on calcareous soils (Artemisio albae-Dichanthion ischaemi)]. Western Mediterranean, Alpine-Caucasian.
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Classe KOELERIO-CORYNEPHORETEA Klika in Klika & V. Novák 1941
Meso-supratemperate and meso-supramediterranean pioneer open perennial drougth-stressed grasslands, rich in ephemerous therophytes, spread in oceanic and subcontinental Eurosiberian and Western Mediterranean pluviseasonal territories, growing on initial sandy or sandy-skeletal nutrient poor soils (Corynephoretalia canescentis) [sublittoral and internal temperate and mediterranean (Corynephorion canescentis), coastal temperate pioneer sand dunes (Koelerion arenariae)]. European Holarctic.
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Classe POETEA BULBOSAE Rivas Goday & Rivas-Martínez in Rivas-Martínez 1978
Western Mediterranean oceanic thermo- to supramediterranean upper semiarid to humid pastures, produced by adequate sheep pasture, grazed and manured, dominated by dwarf perennial grasses and other nutritious prostrate chamaephytes and hemicryptophytes as Poa bulbosa, clovers and plantains. These characteristic very productive and extensive anthropogenic Western Mediterranean perennial grassland communities, dry up in early summer but from the beginning of autumnal rainy season they grow fast and remain green and fertile during winter; benefit from the holes of the dense sward carpet during the spring sprout a large number of adapted therophytes (Poetalia bulbosae) [silicicolous thermo- to supramediterranean dry to lower subhumid (Periballio-Trifolion subterranei), calcicolous thermomesomediterranean upper semiarid to subhumid (Astragalo sesamei-Poion bulbosae), baso-neutrophilous on clayey chromic luvisols thermo-lower mesomediterranean
subhumid-humid, Betic, Coastal Lusitan-Andalusian and Maghrebian (Plantaginion serrariae)]. Western Mediterranean.
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Classe SEDO-SCLERANTHETEA Br.-Bl. 1955
Perennial succulent Crassulaceae (Sedum, Sempervivum) and other dwarf chamaephyte and geophyte Eurosiberian and Mediterranean open communities, accompanied by ephemeral therophytes, growing on lithosols and rock surfaces of cohesive siliceous or calcareous substrata, in thermo- to lower orotemperate and thermo- to supramediterranean semiarid to hyperhumid. Siliceous cohesive rocks mostly on temperate (Sedo-Scleranthetalia) [Atlantic hyperoceanic and euoceanic thermo- to supratemperate humid-hyperhumid (Sedion anglici), Pyrenean, Orocantabric, Oroiberian and West Carpetan-Leonese, oceanic supra- to lower orotemperate and submediterranean subhumid to hyperhumid (Sedion pyrenaici)]; calcareous cohesive rocks and stony shallow soils on Temperate and Mediterranean (Alysso-Sedetalia) [Atlantic Mid-European and Alpine-Pyrenean meso- to lower orotemperate dry to humid (Alysso-Sedion albi), Western Mediterranean thermo- to lower supramediterranean semiarid to subhumid (Sedion micrantho-sediformis)]. Eurosiberian and Mediterranean.
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Classe STIPO GIGANTEAE-AGROSTIETEA CASTELLANAE Rivas-Martínez, Fernández-González & Loidi 1999
Silicicolous perennial grasslands rich in endemics, seral of Quercus rotundifolia, Quercus suber, Quercus faginea, Quercus broteroi and Quercus pyrenaica natural potential forests, meso and supramediterranean dry to humid and submediterranean of Mediterranean West Iberian and West Orocantabric, but spread in the rest of the neighbouring Western Mediterranean biogeographic territories, arriving locally to Northafrican Rif West valleys (Agrostietalia castellanae) [bunchy grasslands on deep cambisols meso-supramediterranean dry to subhumid (Agrostio castellanae-Stipion giganteae), supramediterranean and supratemperate humid (Festucion merinoi), meso-supramediterranean dry to subhumid meadow-like usually heavy grazed on gleyic cambisols (Agrostion castellanae)]. Western Mediterranean. A similar silicicolous perennial grassland exists on shallow soils in meso-supratemperate submediterranean hyperhumid summit zones of Madeiran biogeographic province in the natural potential vegetation territory of Polysticho falcinelli-Ericion arboreae microforests (Parafestucetalia albidae, Deschampsio maderensis-Parafestucion albidae).
VIIc. MEADOW AND CHIONOPHILOUS GRASSLAND VEGETATION
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Classe MOLINIO-ARRHENATHERETEA Tüxen 1937
Mesophile to wet often manured meadows and pastures communities on deep and moist soils, widely spread by grazed and antrophic activities in temperate, boreal (thermoboreal) and mediterranean territories all over the world, but with Eurasiatic optimum and origin. Temperate mesophile eutrophic manured meadows on well drained fertile minerale soils, mostly Eurosiberian (Arrhenatheretalia) [meso-supratemperate mowed at least twice a year (Arrhenatherion), upper supra-and lower orotemperate and thermoboreal mowed once a year (Triseto-Polygonion bistortae), meso-supratemperate and supramediterranean nutrient rich damp soils, developed pastures by intensive grazing (Cynosurion cristati)]; temperate pastures and medows in permanent moist often peaty soils occasionally mowed, mostly Eurosiberian (Molinietalia caeruleae) [meso-supratemperate oligo-mesotrophic unmanured moist pastures (Molinion caeruleae), meso to lower orotemperate manured meadows, semicontinental and subcontinental, often on inundated soils (Calthion palustris), thermo to supratemperate and mediterranean oceanic rushy pastures usually unmanured on marshy or mineral peaty soils (Juncion acutiflori)]; mediterranean summer green pastures and grasslands, growing on deep and damp soils (Holoschoenetalia vulgaris) [thermo to supramediterranean clubrushy pastures (Molinio-Holoschoenion: Molinio-Holoschoenenion = meso-eutrophic base-rich soils, Brizo-Holoschoenenion = oligo-mesotrophic base poor soils), meso-supramediterranean grasslands on temporary wet clayey, often expanded, base-rich soils (Deschampsion mediae), thermomediterranean Betic and Tingitanian grasslands on temporary wet vertic soils (Gaudinio verticicolae- Hordeion bulbosi)]; thermo-mesomediterranean and thermo-mesotemperate Cantabrian-Atlantic temporary inundated or submerged river meadows rich in stoloniferous decumbent neo-tropical alloctonous perennial grasses on mineral muddy soils (Crypsio-Paspaletalia distichi, Paspalo distichi-Polypogonion viridis: Paspalo distichi-Polypogonenion viridis = fresh water, Spergulario-Paspalenion vaginati = marine brackish water); temperate and mediterranean wide spread trampled and grazed hygrophilous perennial creeping pastures and low forb communities, often temporary inundated, on moist to wet eutrophic soils rich in organic and mineral nutrients (Plantaginetalia majoris) [supra-orotemperate and oromediterranean heavely overgrazed or trampled swards dominated by the perennial creeping grass Poa supina (Poion supinae), thermo to supramediterranean grazed and trampled summer swards growing on moist nutrient rich soils, usually dominated by creeping sedges and grasses (Trifolio fragiferi-Cynodontion dactyli), meso-supratemperate and thermo to supramediterranean rushy pastures heavely grazed growing on temporary inundated but summer moist mineral and organic nutrient rich soils (Mentho-Juncion inflexi), meso to orotemperate and meso to oromediterranean heavely trampled and overgrazed, occasionally inundated, widely spread pioneer perennial grass-like and low forb communities growing on rich and summer moist soils with excess of dung and nutrients (Potentillion anserinae)]. Almost cosmopolitan (non tropical).
*
Classe NARDETEA STRICTAE Rivas Goday in Rivas Goday & Rivas-Martínez 1963
Anthropogenic intensely grazed acidophilous grasslands and high mountains climactical swards of the upper timberline zones with long lasting snow in Eurosiberian and Western Mediterranean Oceanic meso to cryorotemperate and supra to cryoromediterranean subhumid to ultrahyperhumid, growing on summer moist deep and strongly acid organic mineral or peaty mineral soils (Nardetalia strictae). Eurosiberian (Nardetalia: Nardenalia) [Alpine-Pyrenean and spread up to East Orocantabric upper supra to cryorotemperate humid to ultrahyperhumid long snowy climactical and anthropogenic by grazing (Nardion: Carici macrostyli-Nardenion = Pyrenean and Picoeuropean), Atlantic and Mid-European meso-supratemperate subhumid to hyperhumid developped by grazing (Violion caninae: Violenion caninae = wet soils, Juncenion squarrosi = histic horizon), Azorean meso-supratemperate hyper-ultrahyperhumid (Festucion jubatae)]; Western Mediterranean (Nardetalia: Campanulo herminii-Nardenalia) [Nevadensian oro-cryoromediterranean climactical long lasting snow hygrophilous swards (Plantaginion nivalis), Mediterranean West Iberian, Mediterranean Central Iberian and spread up to West Orocantabric supratemperate and oro-cryorotemperate mostly submediterranean subhumid to ultrahyperhumid anthropogenic by grazing and climactical in long lasting snow in upper timberline zones (Campanulo herminii-Nardion)]. Eurosiberian, Western Mediterranean.







Veja à seguir: 13. The Northern Serras of Portugal (Serra da Estrela (c4 - Ambientes aquáticos))






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