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(contains Web links to Flora-On for observed plant species, Web links to high resolution Google satellite-maps (JPG) of plant-hunting regions from the Iberian peninsula; illustrated text in Portuguese language)



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Polunin - Flowers of South-West Europe - revisited - última compilação

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sábado, 15 de dezembro de 2012

Flowers of South-West Europe revisited - 2.1.1.3 - Algarve

“Flowers of South-West Europe - a field guide” - de Oleg Polunin e B.E. Smythies
“Revisitas” de regiões  esquecidas no tempo - “Plant Hunting Regions” - a partir de uma obra de grande valor para o especialista e amador de botânica como da Natureza em geral.
Por
Horst Engels, Cecilia Sousa, Luísa Diniz, Nicole Engels, José Saraiva; Victor Rito
da
Associação “Trilhos d’Esplendor”

2.1 O Algarve

                


                2.1.1.1.1   Costa Vicentina

2.1.1.3 Sotavento (Litoral oriental algarvio)

Polunin & Smythies não dizem muito sobre o sotavento, parte oriental do Algarve:
There is a marked difference between the sotavento or leeward coast east of Faro, with sand dunes and salt lagoons, and the barlavento to the west, a more humid area of mainly rocky coast exposed to the Atlantic winds. Around Monte Gordo in the sotavento there are extensive woods of Stone pine with an undergrowth of the graceful slender white-flowered broom, * Lygos monosperma , a wonderful sight when in full bloom in February with a carpet of * Narcissus bulbocodium beneath. Salt marsh vegetation can be studied along much of this coast, especially around Santa Luzia, where the robust deep yellow-flowered parasite * Cistanche phelypaea  is the most spectacular.
À volta de Monte Gordo na zona do sotavento existem extensas florestas de pinheiros mansos ( Pinus pinea ) com sub-bosques de graciosas giestas brancas de Lygos monosperma , uma vista maravilhosa quando em plena floração em Fevereiro com tapetes de Narcissus bulbocodium e de outros geofitos.
Lygos monosperma
Lygos monosperma
Vegetação halofítica de pântanos (salt marshes) pode ser estudada ao longo de grande parte desta costa, em particular perto de Santa Luzia (Ria Formosa), onde uma planta robusta parasítica de flores intensamente amarelas, Cistanche phelypea , é do mais espectacular o que se encontra.
Cistanche phelypaea
Anthemis maritima


Willkomm [1]  descreve esta região e mencione os sapais do Sotavento, mas não inclui na descrição da zona costeira os sapais da Ria Formosa , que desde 1987 tem estatuto de Parque Natural   em Portugal:
Von den Salzmorästen (Marinhas)  um Castro-Marim, die das rechte Guadianaufer gegenüber von Ayamonte einfassen, bis gegen Algarbiens Hauptstadt Faro hin besteht der hier sehr ebene Küstenstrich aus purem Sande, der sich längs des Strandes zu kolossalen, den Arenas gordas der huelvanischen Küste ähnlichen Dünenketten emporgetürmt hat. Nichtsdestoweniger bildet gerade dieser Teil der Küstenzone die fruchtbarste Gegend der ganzen Provinz, indem er durch künstliche Bewässerung und fortgesetzte Düngung in ein Gartenland von höchster Ertragsfähigkeit verwandelt worden ist. Schon bei Villareal de Sto. Antonio (an der Guadianamündung ) sieht man in den durch das durchsickernde Seewasser fortwährend feucht gehaltenen Thälern der haushohen Dünen große Plantagen von Orangenund Citronenbäumen, die hier trefflich gedeihen. Ein pinienbewaldeter Höhenzug trennt diese Sandwüste von der bewässerten Niederung, welche durch die Sorgfalt ihres Anbaues und die Fülle und Üppigkeit ihres Baum- und Pflanzenwuchses an die gepriesensten Fluren Valencias erinnert. Wahre Wälder von Öl- und Johannisbrotbäumen, welche auch die erste Reihe der Hügel und Berge des angrenzenden Barrocal  bedecken, wechseln mit großen Orangenhainen und Feigenbaumplantagen, mit Wein- und Gemüsegärten, mit fetten von Maulbeer-, Obst- und Mandelbäumen umgebenen Weizen- und Maisfeldern ab und das ganze baumreiche Land, aus dessen immergrünem Schöße hier und da eine schlanke Dattelpalme ihre zierliche Blätterkrone hoch emporhebt, wimmelt von freundlichen Landhäusern und Ortschaften.
Uma boa descrição da vegetação do Parque Natural da Ria Formosa é nós dada pelo Instituto de Conservação da Natureza (ICNF) :

Vegetação Dunar
As condições de formação e a dinâmica geomorfológica das dunas revelam que estas são estruturas instáveis. A proximidade do mar actua como factor fortemente selectivo na instalação e crescimento da sua vegetação. Aparentemente simples, este meio é, na realidade, deveras complexo e precário. Não é por acaso que, no lado virado ao mar, se observa tão grande pobreza florística: as plantas costeiras estão sujeitas a ventos fortes carregados de partículas de sal, a luminosidades excessivas, a amplitudes térmicas que vão do sol escaldante do verão ao frio cortante do inverno. Isto provoca apreciável transpiração na planta, o que, conjugado com a grande permeabilidade do solo dunar, que deixa infiltrar rapidamente a água que nele cai, irremediavelmente a condena a um ambiente hostil de xerofitismo, ou seja, a um ambiente em que prevalecem as condições de secura. A esta é preciso resistir, para sobreviver. E, na verdade, as plantas psamófitas, que vivem nas areias, sobrevivem porque desenvolveram adaptações mais ou menos profundas que impedem sobretudo as perdas excessivas de água. Todavia, não é só contra a dessecação que a planta luta; ela tem também que fazer frente ao soterramento, quando os ventos fortes ou constantes, vindos do mar, empurram as areias da praia para o interior.
A primeira duna que se nos depara, chamada anteduna ou duna avançada, relativamente baixa e bastante instável, mostra, na parte virada ao mar e quase ao limite superior das marés, uma associação de Cakile maritima  Scop. e Salsola kali  L.; já mais para o topo, Elymus farctus  (Viv.) RUNEMARCK EX MELDERIS e, por vezes, Euphorbia paralias  L. e E. peplis  L. A vegetação nesta estreita faixa está muito espaçada e o vento movimenta facilmente as areias, que arrasta para o interior; não obstante a curta distância transposta, o novo local onde elas se depositam é mais acolhedor, sofre menos severamente os efeitos do vento e a aragem chega lá menos salgada. Criam-se condições, se não favoráveis, pelo menos mais favoráveis para a fixação de outras plantas; por sua vez, estas vão, por modos diversos, reter mais areias. Juntamente com Elymus farctus  surge agora a outra grande edificadora de dunas e pioneira na sua colonização: Ammophila arenaria  (L.) LINK, vulgarmente chamada estorno. Acompanham-na ainda Euphorbia paralias  e já podem aqui ver-se os cordeirinhos da praia, Otanthus maritimus (L.) HOFFMANNS. & LINK. Assim cresce a duna, com composição florística mais rica e variada.
estorno (Ammophila arenaria)
cordeirinhos da praia (Otanthus maritimus)
Atingido o topo podem encontrar-se Calystegia soldanella  (L.) R. BR., cujas sementes, bastante pesadas, se enterram facilmente, desta forma compensando factores adversos à sobrevivência da espécie, Lotus creticus  L., Eryngium maritimum  L., Crucianella maiítima  L. Pancratium maritimum  L., a par com Ammophila arenaria  que, aliás, cresce um pouco por todo o lado, em povoamentos mais ou menos densos, conforme a área em que se estabeleceu.
Na face interior desta duna e no interdunar que se lhe segue, em terreno já definitivamente fixado, ao lado de algumas das espécies já citadas outras se vêm juntar à lista de psamófitas: Helichrysum italicum  (ROTH) G. DON FIL., Pseudorlaya pumila  (L.) GRANDE, Thymus carnosus  BOISS., Armeria pungens  (LINK) HOFFMANNS. & LINK, Artemisia campestris  L. subsp. maritima ARCANGELI, Anthemis maritima  L., Corynephorus canescens  (L.), BEAUV., Linaria lamarckii  ROUY e L. pedunculata  (L.) CHAZ., Reichardia gaditana  (WILLK.) COUT. ou Silene nicaeensis ALL., isto para mencionar apenas as mais abundantes ou conspícuas. Não será demais salientar que Thymus carnosus  é um endemismo português, quer dizer, esta planta existe exclusivamente em Portugal e, aqui, somente no Alentejo, e Algarve. É aquele pequeno tufo verde escuro, de porte amoitado, que, mais do que qualquer outra planta das dunas, quando esmagado deixa à sua volta um intenso e agradável perfume um tanto semelhante ao da lavanda.
Thymus carnosus
As areias fixadas do interdunar oferecem boas condições para o crescimento de prostradas, de sistema radicular bastante curto, folhas em regra pequenas, que se espalham em amplas manchas arredondadas. São exemplos Paronychia argentea  LAM., Ononis variegata  L., Medicago littoralis  LOISEL., Polygonum maritimum  L. ou Hypecoum procumbens  L., outra espécie que ocorre apenas no Algarve. No limite para o sub-bosque salientam-se Anagallis monelli L., bonita prostrada de flores intensamente azuis, Linaria spartea  (L.) WILLD., Scrophularia frutescens  L., Cleome violacea  L., Corrigiola littoralis  L., Aetheorhiza bulbosa  (L.) CASS. e Pycnocomon rutifolium  (VAHL) HOFFMANNS. & LINK, esta também confinada ao Algarve e alguns poucos mais locais da Europa mediterrânica.
Vegetação de sapal
Os sapais originam-se em zonas costeiras de águas calmas. O reduzido fluxo das marés facilita a deposição dos detritos e sedimentos em suspensão e assim vão surgindo bancos de vasa onde, a certa altura, há substrato para a vegetação. A colonização tem como pioneira uma Gramínea do género Spartina (na Ria Formosa, S. maritima  (CURTIS) FERNALD), que suporta longos períodos de submersão e, por isso mesmo, se instala nas zonas de mais baixa cota, onde forma vastos "prados" de cor verde escura no meio das águas, e que constituem o baixo sapal ou parchal.
"Prado" de Spartina maritima
Uma vez estabelecido, a vegetação amortece a força da corrente e a sedimentação acelera-se; ao mesmo tempo, retirando humidade às vasas através do sistema radicular, acaba por as consolidar. Onde o substrato é menos resistente à acção erosiva das águas formam-se os típicos canais e regueiras que sulcam o sapal num emaranhado dendrítico.
A contínua acumulação de sedimentos eleva consideravelmente o nível dos fundos, com a consequente redução do tempo de submersão e do teor salino. O resultado final são as modificações graduais na vegetação, numa sucessão que vai originar a zonação que se observa nos sapais. Ainda no sapal baixo mas em fundos um pouco mais elevados, Spartina pode aparecer acompanhada por Arthrocnemum perenne  (MILLER) MOSS, só ou em associação com outras Quenopodiáceas como Salicornia nitens  P. W. BALL & TUTIN, Suaeda maritima  (L.) DUMORT. e Atriplex portulacoides  L., e uma Plumbaginácea, Limonium algarvense  ERBEN, que constitui um endemismo algarvio.
Já no sapal médio, as espécies anteriores vão sendo gradualmente substituídas por Arthrocnemum fruticosum  (L.) MOQ. e A. glaucum  (DELILE) UNG.STERNB. e, por fim, Suaeda vera  J. F. GMELIN.
É evidente que, consoante os locais, há uma certa variação na composição florística.
Amplas porções da orla do sapal alto surgem dominadas por uma outra Plumbaginácea, Limoniastrum monopetalum  (L.) BSS., que forma densas moitas em que sobressai a cor rosa-lilás das flores, reunidas em espiga abundante.
Limoniastrum monopetalum
À medida que o solo se torna mais firme e arejado outras Quenopodiáceas se juntam: Atriplex portulacoides  L. e, conforme o solo seja argiloso ou arenoso, A. halimus  L. ou Salsola vermiculata  L. No limite mais exterior, Juncus spp. e Artemisia campestris  L.. Parasitando Quenopodiáceas lenhosas como Atriplex, Suaeda  ou Salsola, a Orobancácea Cistanche phelypaea  (L.) COUTINHO, com as suas bonitas flores de um tom amarelo intenso, dispostas em espiga na parte terminal de um caule carnudo com grossa base aclavada, oferece-nos a única mancha colorida neste conjunto com tanto mortiço de cores. Não é uma planta rara; todavia, tem uma distribuição relativamente localizada: aparece apenas no sul de Portugal, Espanha e Creta.
Mata
Uma estreita faixa continental é ocupada por mata degradada e paradoxalmente bastante rica do ponto de vista florístico; albergando espécies com estatuto especial de conservação e alguns endemismos.
O bosque mediterrânico original, há muito que foi substituído pelos pinhais mistos com pinheiro bravo Pinus pinaster  e pinheiro manso Pinus pinea.  Apesar desta aparente monotonia visual ainda é possível observar alguns exemplares espontâneos de sobreiro Quercus suber  e de zambujo  Olea europea  var. sylvestris , que correspondem a fragmentos do antigo bosque climácico do sobreiral termomediterrâneo, filiável no Oleo sylvestris-Querceto suberis sigmetum .
Em áreas menos perturbadas pode-se observar resquícios desse sobreiral termomediterrâneo através das etapas de substituição, como o medronheiro Arbutus unedo , tojais com Ulex argenteus  subsp. subsericeus  (SW da Península Ibérica: Algarve-Huelva) e diversas outras Ericaceae  como a  Erica umbellata  e a Calluna vulgaris .
Os matos desta área, embora bastante degradados regalam o olhar do mais desatento visitante, pela ocorrência de uma grande variedade de arbustos de flores brancas como o Cistus libanotis  (ocorre nas regiões costeiras do SW da Península Ibérica), Cistus ladanifer (esteva), sargaços diversos; arbustos de flores amarelas como Halimium calycinum  (erva-sargacinha) Halimium halimifolium  (sargaça) Genista hirsuta  (tojo), Genista triacanthos  (tojo molar), Stauracanthus boivinii  (tojo-gatum) e a Tuberaria major  (endemismo do Algarve, bastante ameaçado e com estatuto de espécie protegida).
As plantas aromáticas e medicinais "salpicam" toda a área espalhando côr e perfume, observando-se a Lavandula pedunculata  subsp. lusitanica (rosmaninho), diversas espécies de tomilhos como o Thymus lotocephalus  (erva ursa ou tomilho cabeçudo), que é endémico do Algarve e prioritário para a conservação, Thymus capitatus , Thymus carnosus, Thymus mastichina e Thymus tomentosus .
Rosmaninho (Lavandula pedunculata subsp. lusitanica) [2]
São comuns as espécies termófilas dada a influência do piso termomediterrâneo, como a Chamaerops humilis  (Palmeira anã), Asparagus aphyllus , Euphorbia baetica, Serratula monardii  subsp. algarbiensis, Thymus lotocephalus  e a própria Tuberaria major  .
Ocorrem na área do Parque Natural da Ria Formosa as comunidades endémicas de Tuberario majoris - Stauracanthetum boivinii , Cistetum libanotis  e a Thymo lotocephali-Coridothymetum capitati .
Vegetação ribeirinha
A parte continental é atravessada por alguns cursos de água de que se destaca a ribeira de S.Lourenço, no Ludo, importante refúgio para abundantes e variadas populações de aves aquáticas. A vegetação que cresce nas suas margens (vegetação ribeirinha) toma grande importância quando apreciada em termos do alimento e, sobretudo, do abrigo que lhes fornece. Entre a vegetação das margens e do leito dos cursos de água avultam: Typha  sp. (tabúas) Tamarix africana  (tamargueira) Phragmites communis  (caniço), Juncus acutus  (junco agudo), Fuirena pubescens , Carex riparia  e C. hispida , Cladium mariscus , Callitriche stagnalis e Potamogeton  spp.
A seguir uma amostra da Flora do Sotavento da quadrícula UTM PB31  com 175 espécies de plantas vasculares:
Flora vascular da quadrícula UTM PB31  - Foz do Guadiana
Areas protegidas
Alem do ja mencionado Parque Natural da Ria Formosa ( PTCON0013 )
Flora algarvia - Quadrícula UTM NA99
existem outras áreas protegidas no Sotovento algarvio como o Sítio Caldeirão ( PTCON0057 ) [3]
Flora algarvia - quadrícula   UTM NB92  - Serra do Caldeirão
e o Sítio do Guadiana ( PTZPE0047 ) [4] [5]
Birdwatching
Existem vários sítios na parte do sotavento do Algarve que são ideal para observação de Aves.
A Ria Formosa ( PTCON0013 ) [6] [7] , o Sítio da Serra de Caldeirão ( PTCON0057 ) [8]  e o Sapal de Castro Marim [9]  são sítios valiosos para observação de Aves, entre outros.
Guias de Aves para o Algarve que incluem esta região são “ Observar Aves no Concelho de Loulé. Roteiro Ornitológico [10]  e “ birdwatching guide to the algarve [11] : Páginas Web onde pode ter mais informação sobre esta região encontram-se por exemplo no sites: ->  Aves de Portugal  e   Birdlife .
Algarve (from Polunin & Smythies 1987)
Algarve (from Polunin & Smythies 1987)


[1]  WILLKOMM,  M.  (1896)  -   Grundzuege  der  Pflanzenverbreitung  auf  der  iberischen  Halbinsel .   In  Sammlung  von  Engler,  A.  und  Drud,  O.:   Die  Vegetation  der  Erde . Engelmann. Leipzig

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