“Flowers of South-West Europe - a field guide” - de Oleg Polunin e B.E. Smythies
“Revisitas” de regiões esquecidas no tempo - “Plant Hunting Regions” - a partir de uma obra de grande valor para o especialista e amador de botânica como da Natureza em geral.
Por
Horst Engels, Cecilia Sousa, Luísa Diniz, Nicole Engels, José Saraiva
da
Associação “Trilhos d’Esplendor”
I .2 Relevo, Geologia, Clima e Vegetação da Península Ibérica
1.2 Relevo, Geologia, Clima e Vegetação da Península Ibérica
1.2.1e Relevo e Geologia - zonas costeiras
Polunin & Smythies escrevem (p. 8-10):
The coastlands are probably the greatest of all the attractions that the Iberian peninsula has to offer to its visitors. There are over 3000 km, or 1800 miles, of coastline in our area. The powerful erosive action of the Atlantic rollers, the rises and falls in the land surface, and the very different erosive forces of the Mediterranean have resulted in every imaginable variation of scenery. Steep cliffs rise precipitously to snow covered mountains, rocky headlands border sunken valleys, sandy bays alternate with rocks and cliffs, golden sands stretch for scores or even hundreds of miles, and rolling dunes, sandy spits, salt marshes, and lagoons are all part of the rich variety of probably the finest coastlands in Europe.
The Atlantic coast land includes two quite distinctive regions: the low-lying Biscayan coast of France, and the predominantly rocky Atlantic coastlines of Spain and Portugal. The western coast of France is one uninterrupted sandy shore backed by sand dunes, running for more than 300 km, from La Rochelle to Biarritz near the Spanish border, while further north to the mouth of the Loire the coastline continues to he low, with shallow bays and extensive salt marshes and salines.
By contrast the north Atlantic coast of Spain , sometimes known as the Costa Verde or the Cornisa Cantabrica, is steep, rocky, and without any coastal plain. Fast rivers rush down narrow valleys from the Cantabrian mountains and enter the sea through narrow estuaries between steep headlands, often at the head of sunken valleys. In the north-west of Spain there is a fiord-like coastline where the sea has flooded inland for many miles as a result of land subsidence. The steep hills on each side of the valleys (known as rias ) and the rocky coastal islands represent all that remains above water of the summits of mountains. The rias are in two main areas, one in the extreme north-west known as the Rias Altas and one further south and more extensive, the Rias Bajas . Tiny rivers, disproportionate to the rice, flow in the valleys, with the result that the country is difficult of access.
The rugged rocky coast continues southwards through Portugal to Oporto, after which it becomes lower and less rocky, and long sandy coastlines with sand dunes and marshy lagoons inland become characteristic. Occasionally headlands such as the Cabo da Roca, the most westerly point of mainland Europe, and the Serra Arrabida break the otherwise low-lying coastland on its sweep down towards the Algarve. The wild, windy headland of Cape St Vincent with its perpendicular cliffs of hard limestone is a distinctive feature; but once again the southern Atlantic coast of Portugal and Spain (sometimes called the Costa de la Luz) is mainly low-lying and often sandy or marshy with small alluvial plains inland, though it becomes progressively steeper and more rocky towards the Straits of Gibraltar .
The southernmost coast of Spain, the Costa del Sol, is a narrow strip of plain intersected by mountains which come down to the sea in high cliffs: luxuriant green alluvial plains alternating with dry brown or dull green hills of the coastal ranges. Torrential rains occur very suddenly in these hills and create swollen, turbulent rivers within a few hours, which flood down to the tideless Mediterranean carrying enormous quantities of debris. The alluvial plains and deltas thus formed, where they can be regularly irrigated by water from the hills, provide some of the richest agricultural lands of Spain, the vegas, where a great variety of fruit and vegetables is grown.
The Costa Blanca lies further east, stretching approximately from Almeria to Valencia. Between the Cabo de Gata and the Cabo de Palos is one of the remotest and least developed coastal regions of Spain, with barren cliffs and arid hinterland. North and east of Cabo de Palos the coastline becomes lower, with frequent lagoons, salt marshes, and sand-spits, while much of the fertile irrigated areas lies inland, and here such semi-tropical crops as date palm, bananas, rice, sugar cane and cotton are grown.
The Levantine coast from Cabo de la Nao northwards to the Ebro delta is one continuous series of huertas where the main cultivation of citrus fruits occurs. In general, there is a succession of cultiva tion a s one progresses inland, with rice fields near the coast, vegetable huertas and orange groves further inland, and vineyards climbing the foothills of the interior.
The Costa Brava , or Catalan coast, is by contrast a predominantly rocky coast of considerable diversity. The different rocks from which it is carved - which range from Palaeozoic schists, sandstones, crystalline rocks, limestones to conglomerates - make for an attractive variety of coastal scenery, with small headlands, rocky bays, wide sandy beaches, and small deltas. Unfortunately the rapid development of tourism has spoiled much of the scenic beauty of this coastline.
The French Mediterranean coast from the foot of the Pyrenees at Port Vendres to the delta of the Rhone is low-lying, flat, and marshy with long sand spit s backed by a series of salty lagoons with only occasional rocks of limestone or lava breaking the monotony of the plain. It is currently the scene of a huge tourist development programme.
The Camargue - the flat wind-swept country at the mouth of the Rhone delta - culminates in some of the most extensive salt marshes and marshland of the whole of our area. Intensive rice cultivation is largely destroying the natural vegetation and restricting its botanical interest.
As zonas costeiras , o litoral da Península Ibérica, é provavelmente a maior das atracções que a Península Ibérica tem de oferecer aos visitantes. Existem mais do que 3000km de linha costeira na nossa área. A acção poderosa das ondas atlânticas, a subida e descida das superfícies terrestres e marinhas, e as forças erosivas muito diferentes do Mediterrâneo têm produzido um cenário tão diversificado como imaginável.
Falésias íngremes erguem-se para montanhas cobertas de neve, promontórios rochosos alteram com vales submersos, baías de linhas costeiras de areia alteram com rochas e falésias, pântanos, estuários e lagoas, fozes e deltas de rios fazem todos parte de uma variedade riquíssima de umas das mais belas costas europeias.
A costa atlântica divide-se em duas regiões bem distintas: a b aixa costa da Biscaia e de Landes de França e a predominantemente rochosa costa de Espanha e Portugal.
Les Landes, França
A costa oeste da França é uma linha ininterrompida de areia e de dunas com mais do que 300km de comprimento entre La Rochelle e Biarritz, perto da fronteira espanhola, enquanto mais para norte a costa continua baixa com salinas, baías e extensos pântanos, passando o enorme estuário da Gironde , confluência da Dordogne e Garonne, até ao estuário do rio Loire .
Estuário da Gironde
Zona pantanosa no Loire
Rio Loire
Nos Landes encontra-se a maior duna da Europa com talvez mais do que 5.000 anos de idade, a duna de Pyla , chamada também de Pilat .
( cliquar para aumentar imagem )
A Grande Duna encontra-se situada na entrada da baía de Arcachón , em frente à ponta do cabo Ferret , num meio marinho caracterizado pela presença de grandes bancos de areia procedentes dos depósitos sedimentares da bacia da baía.
A Grande Duna, que ocupa um volume estimado em mais de 60 milhões de m³ de areia, se estende sobre uma pendente entre 30 e 40º de inclinação em seu lado de deslizamento (vertente de levante, a sotavento), enquanto no lado de poente a pendente é de 5 a 20º. A crista atinge uma altitude média dentre 80 e 107 m sobre o nível do mar, estando referenciados 114 m a fins da década de 1980; está acompanhada de pequenas dunas barjánicas ou em meia lua que formam corredores de vento.
A teoria geralmente aceite sobre a origem e posterior evolução da grande duna foi formulada a partir dos estudos litológicos das camadas de estratos de areia sedimentada e outros materiais fósseis estratificados que em forma de placas de cor escura ou negro são observaveis em vários pontos da vertente oeste da duna.
De acordo com estes estudos, distinguem-se desde a base à crista quatro níveis principais de paleosolos, entre os que se encontram intercalados estratos menores de natureza lacustre e outros de composição mineral, tendo sido datados por diferentes técnicas de rádio-análise, arqueológicas e de palinologia :
Paleosolo 1 : é o mais antigo, um podzol que se remonta a um período entre o 8.000 a.C. e 2.000 a.C. e se localiza na base da duna, sobre o nível da praia. Compõe-se de uma espessa camada de argila secundária e arenisca ferruginosa, sobre a que se acumula uma lámina de areia cinza rodeada por um manto de fragmentos vegetales, principalmente de pino silvestre mas também de carvalho , nogal , betula e amieiros . Os restos remontam seu datacão para princípios do 4 mileno adC mediante radiocarbono , o que atestigua a presença de um bosque por então.
Paleosolo 2 : desenvolvido entre 3000 a.C . e 500 a.C . , eleva-se entre 2 e 5 m acima do nível da praia. Contém vestígios de presença humana em forma de restos de alfareria da Idade de Bronze , para o século VII a.C. . O estrato vegetal compõe-se de uma mistura de polen de pino silvestre e pino marítimo. A partir deste nível, e até atingir o paleosuelo 3, observam-se vários outros estratos intermediários menores constituídos por fragmentos vegetales compostos por um tipo específico de diatomeas , pelo que os especialistas concluíram que durante a época galo-romana existiu um lago permanente cerca da duna.
Paleosolo 3 : formado entre o século V e o século XVII , observa-se a uma altura variável entre 20 e 40 m, estando composto por uma fina camada de até 30 cm de espessura de terras carbonosas. A sua morfologia e altura correspondem-se com o sistema de dunas parabólicas que surge pela vertente leste da duna.
Paleosolo 4 : é o estrato mais recente que sedimentou entre o século XVIII e o século XIX , e corresponde com a antiga Duna da Grave detalhada na cartografia geral de 1863 . Esta duna atingia os 80 m de altura e por efeito do solapamento com os barjanes transversales foi incrementando sua altura, até atingir 115 m em 1905 quando já foi rebatizada com o nome de Duna de Pilat. Inclui restos da vegetação de pinhos jovens que foram plantados na tentativa de estabilizar e bloquear o avanço da duna.
Dune de Pyla, Arcachon
Ao contrário da costa atlântica francesa a costa atlântica de Espanha às vezes conhecida por Costa verde ou Cornisa Cantábrica, é íngreme, rochosa e sem planície costeira.
Estuário de Urdaibai (Biscaia)
Corniza Cantábrica
Rios rápidos correm da Cordilheira Cantábrica para baixo e entram no oceano por estuários estreitos entre charnecas e frequentemente terminados vales submersos. No norte-oeste da Espanha existe uma linha costeira que se assemelha aos fiordes da Scandinavia onde o mar entre muitas milhas por dentro da costa devido ao subsidência das superfícies terrestres. As encostas íngremes em cada lado do vale submergido (conhecido por rias ) e as ilhas rochosas é tudo o que resta das cimeiras de montanhas submergidas acima da água.
As rias existem em duas áreas principais, uma no extremo norte-oeste conhecidas como rias altas
Ria de Ferrol
Localzação das rias altas das províncias de La Coruña e Lugo
e outra mais para sul e mais extensiva das rias baixas . Rios minúsculos e disproporcionadas em relação às áreas das rias correm para o oceano deixando acesso difícil à esta faixa costeira.
Ria de Vigo, (ria baixa)
Localização das Rias Baixas da Galiza
A acidentada e rochosa costa continua para sul até Portugal e Porto, a seguir torna-se menos rochoso e longas linhas costeiras com lagoas pantanosas tornam-se uma característica desta parte da costa atlântica.
Praia de Quiaios (Serra da Boa Viagem), Portugal
Lagoas de Quiaios (Braças e Vela)
Ocasionalmente promontórios como o Cabo Mondego ou o Cabo da Roca , o lugar mais ocidental terrestre da Europa ou serras pequenas como a Serra da Boa Viagem e a Serra da Arrábida interrompem a costa baixa do atlântico que se prolonga até ao Algarve.
Portinho da Arrábida
Um cabo ventoso e selvagem, o Cabo de São Vincente , com falésias calcárias verticais e altas na costa vincentina é uma particularidade.
Costa vicentina portuguesa
Costa vicentina portuguesa
Cabo São Vincente, Sagres
Mas a costa sul algarvia de Portugal (em algumas partes entre Portimão e Quarteira ainda com rochas sedimentares, barrancos e falésias, de arenitos bem coloridas em vermelhos ou brancos) e as costas na reentrada para Espanha (Costa de la Luz) tornam-se novamente baixas, muitas vezes arenosas ou pantanosas, com pequenas planícies aluviais no interior.
Praia da Falesia (Vilamoura)
Zona costeira do Sul da Espanha
Costa de la Luz
Costa de la Luz
Na medida que nos nos aproximamos mais ao Estreito de Gibraltar , a costa começa a tornar-se novamente mais rochosa e íngreme.
A Rocha de Gibraltar
A costa no sul da Espanha, a Costa del Sol, é uma faixa estreita de planície, intersectada por montanhas que se prolongam até ao mar por falésias abruptas: verdes luxuriantes planícies aluviais alternando com colinas castanhas monótonas.
Chuvas torrenciais aparecem de repente e criam rios turbulentos num espaço de poucas horas que desaguam para o Mar Mediterrâneo levando consigo quantidades enormes de débris. As planícies aluviais e deltas assim formados fornecem umas das mais ricas terras para a agricultura de Espanha, as ‘ vegas ’ onde é cultivado uma grande variedade de frutas e legumes.
No entanto, efeitos negativos da agricultura intensiva e moderna são sem dúvida a existência de um “ mar de estufas ” na província de Almería e as condições desumanas que esta indústria trouxe para muitas pessoas que têm de trabalhar nas condições desumanas descritas. Já alertamos para esta situação inadmissível na parte da introdução da nossa “revisão” do “ Polunin & Smythies ”.
A Costa del Sol é uma das muitas costas do mediterraneo na Espanha que foi fortemente urbanizada e transformada pela indústria do turismo, às vezes pelo bem, mas também de certeza pelo mal na perspectiva ecológica e da conservação da Natureza.
Antiga fábrica de açúcar.
A seguir a Costa del Sol entra-se na Costa Cálida pertencente à província de Murcia e onde se encontra uma lagoa natural de água salgada, única de Europa, o ‘ Mar Menor ’.
A Costa Blanca encontra-se ainda mais para leste na província de Alicante .
A região entre o Cabo de Gata e e o Cabo de Palos é uma das mais remotas e menos desenvolvidos zonas da Espanha, com falésias estéreis e faixas costeiras áridas. Por norte e leste do Cabo de Palos a costa torna-se mais baixa, com lagoas pântanos e partes arenosas enquanto muitas das áreas férteis irrigadas encontram-se pelo interior -- e aqui frutos e legumes semi-tropicais são cultivados como tamareiras, bananas, arroz, cana de açúcar e algodão.
No entanto, também esta região foi muito alterada pelo turismo. A cidade Benidorm é muitas vezes chamada ‘Manhattan da Espanha’ por óbvias razões:
O Levante peninsular (levante espanhol) entre o Cabo de la Nau até ao delta do rio Ebro é uma série contínua de ‘ huertas’ onde a principal produção agrícola de frutos citrinos da Espanha ocorre.
Normalmente encontra-se uma progressão de cultivo com campos de arroz perto do mar, legumes e frutos em ‘huertas’ mais para o interior e com vinhas nos sopés das montanhas.
A Costa Brava ou Costa Catalã , é por contrário uma costa rochosa com uma diversidade considerável. As rochas diferentes que a constituem - deste xistos paleozóicos, arenitos, rochas cristalinas, calcários ou conglomerados, contribuem para um cenário variado de zona costeira, com pequenas charnecas, baías rochosas, praias arenosas e pequenos deltas.
Infortunadamente, a indústria do turismo tem estragado também aqui muito da beleza desta costa.
Deixando a Península Ibérica, entramos novamente na França, nos pés dos Pirenéus, na costa mediterrânica onde encontramos entre Port-Vendres e o delta do rio Ródano uma paisagem baixa e pantanosa com praias arenosas e lagoas salgadas e onde apenas ocasionalmente algumas rochas de calcário interrompam a monotonia.
A Camargue é a última estação da nossa viagem costeira à volta da Península Ibérica e do Sul-oeste da França - uma paisagem baixa com extensos pântanos. O cultivo intenso do arroz destroi largamente a vegetação natural desta região e delimita o interesse botânico desta região.
Flamingos no Camargue [1]
Veja à seguir: 1.2.2a Clima e Tempo
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