“Revisitas” de regiões esquecidas no tempo - “Plant Hunting Regions” - a partir de uma obra de grande valor para o especialista e amador de botânica como da Natureza em geral.
Por
Horst Engels, Cecilia Sousa, Luísa Diniz, Nicole Engels, José Saraiva; Victor Rito
da
Associação “Trilhos d’Esplendor”
24.2 Baixo Alentejo
24. Alentejo
Estepe ceralífera
Faixa piritosa ibérica
24.3 Alentejo Litoral
2.1.1.1.1 Costa Vicentina
|
Baixo Alentejo
[1]
Baixo Alentejo
[2]
2 4.2 Baixo Alentejo
O Baixo Alentejo é uma Região de clima mediterrânico, sendo caracterizado por uma temperatura média anual elevada que oscila entre os 15º e os 17,5º (registando valores superiores na margem esquerda do Guadiana). No interior, as amplitudes térmicas variam entre os 13º e os 15º graus celsius, sendo que os dias com temperatura máxima superior a 25º elevam-se a mais de um terço do ano. A precipitação anual é mal repartida verificando-se um excesso de água no Outono e Inverno e acentuada carência no Verão.
Enquanto no Alto Alentejo o bioclima é maioritariamente
mesomediterrânico
, no Baixo Alentejo o clima torna-se
termomediterrânico
. Estes termótipos têm como indicadores o IT (índice de termicidade)
[3]
e o TP (Temperatura positiva anual)
[4]
, o IT em casos de temperaturas extremas ainda compensado (ITC)
[5]
.
Com estas condições climáticas e políticas de agricultura criou-se no Baixo Alentejo uma paisagem antropogénica, uma pseudoestepe, a estepe ceralífera de Castro-Verde, com cultivo de cereais, em consequência de abandono de pastorícia.
Cristina Marta-Pedroso, Helena Freitas e Tiago Domingos
escrevem sobre a “
Estepe ceralífera de Castro-Verde
”
[6]
:
A estepe cerealífera surge no quadro das grandes transformações que a paisagem alentejana sofreu desde o início do século passado (ver Birot, 1950; Ferreira, 2001; Feio, 1949; Ribeiro, 1998; para uma descrição pormenorizada desta evolução). Uma etapa importante e decisiva para a evolução desta paisagem foi, sem dúvida, a «Campanha do Trigo», nos anos 30, durante a qual se incentivou o desbravamento das terras incultas, charneca com maior ou menor densidade de azinheira e/ou sobreiro, e a sua conversão em área de monocultura de cereais. Até então, a pastorícia era a actividade dominante na região e os prados (conseguidos com recurso ao fogo controlado) recebiam gado transumante de vários pontos do país. A expansão da área cerealífera em consequência do entusiasmo político da época em transformar o Alentejo no celeiro de Portugal foi travada, entre outros factores, pelos próprios condicionalismos ecológicos da região, nomeadamente os edáficos. Assim e, tal como descreve Feio (1949), «
Maintenant que les réserves accumulées pendant beaucoup d’ années sont épuisées et que la prospérité trompeuse qu’elles entraînaient a disparu, la realité apparaît cruellement: la culture du blé n’est pas rentable, les sols sont maigres et pauvres, le climat est des plus ingrats.
» De facto, a destruição do coberto vegetal e a mobilização de um solo derivado de xisto, muitas vezes pouco profundo, contribuíram para uma situação grave de erosão do solo.
…
Assim, a história política da região e a prática cultural adoptada, em resposta aos condicionalismos ecológicos locais, moldaram a fisionomia da peneplanície alentejana criando a extensa área da paisagem que designamos por estepe cerealífera.
Hoje em dia, o cultivo extensivo de cereais é, cada vez mais, uma actividade per se difícil de justificar em temos económicos, uma vez que o rendimento destas explorações está abaixo de metade da média europeia (Suarez et al., 1997). No entanto, ainda que sejam áreas de produção marginal, o mosaico e a estrutura dos habitats resultantes da prática extensiva de cereais faz destas um importante refúgio para várias espécies de aves ameaçadas à escala da sua distribuição mundial (Delgado e Moreira, 2000; Alonso et al., 2003).
A estepe cerealífera de Castro Verde, situada no distrito de Beja e que abrange parcialmente os concelhos de Aljustrel, Beja, Mértola, Ourique e a quase totalidade (80%) do concelho de Castro Verde, representa uma destas áreas de baixa produtividade agrícola mas com elevado valor de conservação da natureza.
Não obstante o reconhecimento deste valor – que é também institucional como demonstra a designação da Zona de Protecção Especial e a implementação do Plano Zonal de Castro Verde – a preservação desta área de estepe cerealífera tem sido ameaçada por diversos factores, quer ecológicos, quer de natureza económica. Entre os factores ecológicos, a diminuição da capacidade produtiva do solo é uma forte ameaça à sustentabilidade do sistema (Sequeira, 1998; Marta-Pedroso et al., 2007a). O abandono agrícola, a "orestação de terras agrícolas com espécies de crescimento rápido e a pastorícia com encabeçamentos superiores aos tradicionais, sendo actividades mais rentáveis, estão entre os principais promotores de alteração do uso do solo, e portanto do sistema que designamos por estepe. As alterações do uso do solo observadas no passado recente estão fortemente relacionadas com alterações na orientação da política agrícola comum (PAC).
Além da actividade agrícola e da pastorícia houve sempre actividade mineira no Baixo Alentejo, devido a existência da
Faixa piritosa Ibérica
na
Zona Sul Portuguesa
.
Extrato da Wikipédia:
A
Faixa Piritosa Ibérica
constitui uma vasta área geográfica do sul da
Península Ibérica
na designada
Zona Sul Portuguesa
. Tem cerca de 250 km de comprimento e 30 a 50 km de largura, desenvolvendo-se desde
Alcácer do Sal
(
Portugal
), a noroeste, até
Sevilha
(
Espanha
), a sudeste.
Há 350 milhões de anos a actividade vulcânica submarina que ocorreu nesta região deu origem a importantes jazigos de sulfuretos maciços polimetálicos associados aos flancos de cones vulcânicos, na forma de
pirites
, mas também de
calcopirites
,
blendas
,
galenas
e
cassiterites
.
Na
Antiguidade
, a actividade mineira é anterior aos
romanos
, que se sabe terem explorado com intensidade minas como
Aljustrel
(Vipasca),
São Domingos
ou
Riotinto
, associadas aos
chapéus de ferro
ou
gossans
, zonas superficiais mais oxidadas das massas de sulfuretos.
Com a
Revolução Industrial
, voltou a intensificar-se no
século XIX
a exploração mineira, tendo funcionado largas dezenas de minas que exploraram principalmente pirites.
A extracção de
enxofre
foi muito importante até aos finais da década de 50 do século XX devido à aplicação na
indústria química
(fabrico de
ácido sulfúrico
).
A viabilidade económica das minas da Faixa Piritosa depende actualmente da extracção de
cobre
,
zinco
,
chumbo
e, nalguns casos, de metais preciosos como o
ouro
e a
prata
.
Muito interessante pelo aspecto geobotãnico e fitossociológico é a frequente existência de plantas adaptadas e resistentes ao teor elevado de metais pesados, normalmente muito tóxicos para as plantas em concentrações elevadas, nos solos das zonas mineiras. Estas plantas são denominadas
metalófítas
. O representante talvez mais conhecido é a
Viola calaminaria,
planta característica da associação
Violetum calaminariae
da Alemanha - associação pela primeira vez descrita por
Mathias Schwickerath
(1892-1974)
.
Entre essas espécies,
podemos distinguir entre as metalófitas estritas (ou eumetalófitas), cujas populações só crescem em solos metálicos, e as pseudometalófitas (ou metalófitas facultativas), que têm populações metalícolas (que crescem em solos metálicos) e populações não-metalícolas (que crescem em solos não metálicos (Pollard et al.,2002)
[7]
.
Rio Tinto - Província de Huelva, Espanha
[9]
Rio Tinto - Província de Huelva, Espanha
[10]
Na realidade, parece pouco estudado no Alentejo a comunidade de plantas metalofíticas. Mas foi descrito por
Capelo et. al.
em 1998
[11]
uma ericácea nova para Portugal,
Erica andevalensis
, um endemismo proveniente da província de Huelva (Rio Tinto e Rio Odiel) onde também existem minas de extracção de pirites. Esta planta tem uma alta resistência à metais pesados e consegue sobreviver em ambientes extremamente ácidos
[12]
[13]
.
Erica andevalensis Cabezudo & Rivera
Erica andevalensis Cabezudo & Rivera
Biogeograficamente, o Baixo Alentjo pertence ao
Sector Mariânico-Monchiquense
e a uma parte do Sector
Gaditano-Onubo-Algarviense
. Descrevemos neste momento apenas o
Sector Mariâno-Monchiquense
que não abrange a zona litoral da província do Baixo Alentejo. Descrevemos o Sector
Gaditano-Onubo-Algarviense
que se estende sobretudo ao longo da costa atlântica do centro, sul-oeste e sul de Portugal na contribuição sobre o Algarve e a Costa Vicentina, e nas contribuições sobre a Serra da Arrábida e a Beira Litoral.
Extrato da Carta biogeográfica de Portugal Continental. Costa et. al. (1998)
[14]
3B SECTOR MARIÂNICO-MONCHIQUENSE
3B1 SUBSECTOR ARACENO-PACENSE
3B11 SUPERDISTRITO ARACENENSE
3B12 SUPERDISTRITO PACENSE
3B13 SUPERDISTRITO ALTO ALENTEJANO
3B2 SUBSECTOR BAIXO ALENTEJANO-MONCHIQUENSE
3B21 SUPERDISTRITO SERRANO-MONCHIQUENSE
3B22 SUPERDISTRITO BAIXO ALENTEJANO
Costa et al. (1998)
[15]
caracterizem o Sector Mariânico-Monchiquense da seguinte forma:
O
Sector Mariânico-Monchiquense
em Portugal também é essencialmente silicioso, contudo encontram-se algumas áreas dominadas por carbonatos com grau variável de metamorfização.
Coyncia transtagana
,
Erica andevalensis
,
Euphorbia monchiquensis
e
Genista polyanthos
[16]
são endémicas deste território.
Adenocarpus telonensis
,
Carthamus tinctorius
,
Centaurea ornata
subsp.
ornata
,
Cytisus baeticus
,
Cytisus scoparius
var.
bourgaei
,
Cynara tournefortii
,
Dianthus crassipes
,
Echium boissieri
,
Eryngium galioides
,
Leontodon salzamanii
,
Marsilea batardae
,
Onopordum macracanthum
,
Onopordum nervosum
,
Scrozonera crispatula
,
Serratula abulensis
,
Serratula barrelieri
,
Thymelaea villosa
são algumas plantas diferenciais do Sector no contexto da Província. Os sobreirais e os azinhais transformados em montados são predominantes na paisagem vegetal. Consideram-se exclusivos desta área os seguintes sintáxones:
Euphorbio monchiquensis-Quercetum canariensis
,
Sanguisorbo-Quercetum suberis quercetosum canariensis
,
Phlomido purpureae-Juniperetum turbinatae
,
Phillyreo-Arbutetum rhododendrotosum baetici
(=
Arbuto-Cistetum populifolii
)
,
Genistetum polyanthi
,
Ulici eriocladi-Ulicetum umbellatae
,
Cisto-Ulicetum minoris
,
Lavandulo sampaioanae-Cistetum albidi
,
Ulici erioclaci-Cistetum ladaniferi
,
Cisto ladaniferi-Ulicetum argentei
e
Rubo ulmifoliae-Nerietum oleander securinegetosum tinctoriae
. O salgueiral
Salicetum atrocinereae-australis
, é uma comunidade que ocorre no leito torrencial dos rios e ribeiras deste Sector.
Coyncia transtagana
|
Erica andevalensis
|
Euphorbia monchiquensis
|
Genista polyabthos
|
.
Adenocarpus telonensis
|
Carthamus tinctorius
|
Centaurea ornata
subsp.
ornata
|
Cytisus baeticus
|
Cytisus scoparius
var.
bourgaei
|
Cynara tournefortii
|
Dianthus crassipes
|
Echium boissieri
|
Eryngium galioides
|
Leontodon salzamanii
|
Marsilea batardae
|
Onopordum macracanthum
|
Onopordum nervosum
|
Scrozonera crispatula
|
Serratula abulensis
|
Serratula barrelieri
|
Thymelaea villosa
|
No nosso país, diferenciam-se-se dois Subsectores no Sector Mariânico-Monchiquense: o
Araceno-Pacense
e o
Baixo-Alentejano-Monchiquense
.
O
Subsector Araceno-Pacense
é o mais setentrional e confina com o limite sul do Toledano-Tagano. Situa-se a norte da linha, que passa pelas serras de Monfurado e Mendro (Portel); Moura e Barrancos incluindo ainda a serras da Adiça, Ficalho e todo o vale termomediterrânico do Guadiana a sul do “ Pulo do Lobo” . As rochas predominantes são os xistos e granitos, contudo nesta área surgem os calcários metamórficos (mármores). São endémicas do território as comunidades de
Ulex eriocladus
-
Ulici eriocladi-Cistetum ladaniferi
e
Ulici eriocladi-Ericetum umbellatae
. A primeira distribui-se desde Elvas até base da encosta norte da Serra de Ossa, voltando a surgir nas serras da Adiça e Ficalho. O endemismo
Digitalis purpurea
subsp.
heywoodii
, que se encontra nas rochas graníticas de Monsaraz também é exclusivo deste território. Em Portugal assinalam-se três Superdistritos:
Aracenense
,
Pacense
e
Alto-Alentejano
.
Superdistrito Aracenense
que em Portugal se encontra representado pela serras da Adiça, Ficalho e pelo vale do Guadiana a sul do Pulo do Lobo, é essencialmente termomediterrânico seco, mas pode atingir o mesomediterrânico sub-húmido nas zonas mais altas (St.ª Iria e Contenda Sul).
Armeria linkiana
,
Campanula transtagana
,
Daucus setifolius
,
Dianthus crassipes
,
Erica andevalensis
, e
Scabiosa stellata
ocorrem nesta área ajudando a caracterizar face aos vizinhos. A série dos azinhais silicícolas termomediterrânicos -
Myrto communis-Querceto rotundifoliae
S.
predomina neste território, contudo a paisagem encontra-se dominada por etapas subseriais: o esteval termófilo
Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi cistetosum monspeliensis
, e o espargueiral / zambujal / carrascal
Asparago albi-Rhamnetum oleoidis
. Os sobreirais do
Sanguisorbo-Quercetum suberis
são menos frequentes e encontram-se nas zonas mais húmidas à semelhança do seu urzal / tojal subserial, neste território:
Ulici eriocladi-Ericetum
umbellatae
. Nas zonas secas e semi-áridas do vale do Guadiana assinalam-se as maiores originalidades do território em comparação com os outros dois Superdistritos do Subsector: os zimbrais reliquiais edafoxerófilos do
Phlomido purpureae-Juniperetum turbinatae
, os escovais do
Genistetum polyanthi
e o esteval
Phlomido purpureae-Cistetum albidi
. As comunidades semi-nitrófilas rupícolas do leito rochoso do rio -
Centauro ornatae-Festucetum duriotaganae
(
Festucion duriotaganae
,
Rumicetalia induratae
,
Phagnalo-
Rumicetea
) tem o seu óptimo biogeográfico nesta unidade biogeográfica.
Armeria linkiana
|
Campanula transtagana
|
Daucus setifolius
|
Dianthus crassipes
|
Erica andevalensis
|
Scabiosa stellata
|
Em Portugal só uma pequena área raiana da bacia do rio Caia, que inclui aproximadamente os concelhos de Elvas e Campo Maior, pertence ao
Superdistrito Pacense
. É uma zona plana situada no andar mesomediterrânico sub-húmido, onde se encontram o tojal
Ulici eriocladi-Cistetum ladaniferi
e o giestal
Retamo sphaerocarpae-Cistetum bourgaei
que resultam da degradação dos azinhais silicícolas do
Pyro-Quercetum rotundifoliae
. No entanto, nos solos neutros sobre carbonatos metamórficos paleozóicos com pouco calcário activo, a vegetação potencial corresponde aos azinhais do
Lonicero implexae-Quercetum rotundifoliae
, que por destruição originaram o carrascal
Crataego monogynae-Quercetum cocciferae
e o esteval
Lavandulo sampaionae-Cistetum albidi
. Nos montados sobre solos siliciosos a pastagem vivaz resultante do pastoreio por ovinos corresponde à associação
Poo bulbosae-Trifolietum subterranei
. Nos solos alcalinos e neutros, assinala-se
Astragaleto sesamei-Poetum bulbosae
. A vegetação neutro-basófila seminitrófila e ruderal da aliança
Taeniathero-Aegilopion geniculatae
(
Bromenalia rubenti-tectori
) serve igualmente para discriminar estes territórios dos seus vizinhos.
Dos três Superdistritos do Sector Arceno-Pacense o
Superdistrito Alto Alentejano
é aquele que ocupa maior superfície em Portugal. É uma área quase plana, ondulada, cortada por algumas serras de pequena altitude (Monfurado, Montemuro, Ossa), onde predominam solos de origem xistosa e granítica. Contudo, existe uma área importante de carbonatos metamórficos paleozóicos (mármores devónicos, diabases) em Estremoz, Vila Viçosa e Borba. Quase toda a sua área se situa no andar mesomediterrânico sub-húmido, podendo atingir o termomediterrânico na encosta oeste Serra de Monfurado. Os montados em solo silicioso do
Pyro-Quercetum rotundifoliae
e os sobreirais do
Sanguisorbo-Quercetum suberis
são dominantes na paisagem vegetal. Quanto aos matos subseriais o escoval
Genistetum polyanthi
observa-se ao longo do vale do Guadiana, os estevais do
Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi
e o esteval / urzal
Erico australis-Cistetum populifolii
e os urzais do
Halimio ocymoidis-Ericetum umbellatae
são vulgares em todo o território, ocorrendo ainda o giestal
Retamo sphaerocarpae-Cytisetum bourgaei
. Neste Superdistrito ocorre, ainda que de modo finícola, o amial
Scrophulario-Alnetum glutinosae
, sendo o freixial
Ficario-Fraxinetum angustifoliae
a comunidade mais comum nas ribeiras e linhas de água, sendo também vulgar o
Salicetum atrocinereo-australis
nos leitos torrenciais. Os juncais do
Holoschoeno-Juncetum acuti
,
Trifolio-Holoschoenetum
e
Juncetum rugosieffusi
bem como os prados
Trifolio resupinati-Caricetum chaetophyllae
,
Gaudinio fragilis-Agrostietum castellanae
,
Pulicario paludosae-Agrostietum pourretii
e
Loto subbiflori-Chaetopogenetum fasciculati
são comunidades que têm importância neste Superdistrito nos biótopos edafo-higrófilos. Na zona termomediterrânica, junto à Serra de Monfurado ocorre o matagal do
Asparago aphylli-Calicotometum villosae
subserial do
Myrto-Quercetum suberis
. Nos mármores a série da azinheira
Lonicero implexae-Querceto rotundifoliae S.
reaparece.
O
Subsector Baixo Alentejano-Monchiquense
distribui-se a leste das serras costeiras alentejanas e a sul da linha de serras Monfurado, Montemuro, Adiça e a oeste do Guadiana. Tem dois Superdistritos distintos: um mais montanhoso e costeiro (
Serrano-Monchiquense
) e outro mais plano e interior (
Baixo-Alentejano
).
Erico australis-Cistetum populifolii,
Cisto psilosepali-Ericetum lusitanicae
,
Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi
são associações que se distribuem no Subsector. Reconhecem-se dois Superdistritos distintos: o
Serrano-Monchiquense
e o
Baixo Alentejano
.
O
Superdistrito Serrano-Monchiquense
é um território constituído por pela Serra síenitica de Monchique e serras xistosas (também quartzíticas e metavulcaníticas) e graníticas, em geral de baixa ou média altitude (Grândola, Cercal, S. Luis, Espinhaço de Cão, Caldeirão). Encontra-se quase todo no andar termomediterânico sub-húmido a húmido, excepto nas zonas mais elevadas em que o atinge o mesomediterrânico húmido.
Armeria beirana
subsp.
monchiquensis
e
Lavandula viridis
são endémicas do Superdistrito, sendo também características (i.e. diferenciais deste território, em face de outros da Província:
Cheilanthes guanchica
,
Centaurea crocata
,
Euphorbia monchiquensis
,
Quercus canariensis
,
Quercus lusitanica
,
Rhododendrum ponticum
subsp.
baeticum
,
Senecio lopezii
,
Stauracanthus boivinii
,
Thymelaea villosa
,
Ulex argenteus
subsp.
argenteus
,
Ulex minor
. Possui algumas comunidades endémicas como o
Euphorbio monchiquensis-Quercetum canariensis
,
Sanguisorbo-Quercetum suberis quercetosum canariensis
,
Phillyreo-Arbutetum rhododendrotosum baetici
,
Cisto-Ulicetum minoris
,
Cisto ladaniferi-Ulicetum argentei
e
Senecio lopezii-Cheirolophetum sempervirentis
. Neste território o
Myrto-Quercetum suberis
e o
Sanguisorbo-Quercetum suberis
constituem as etapas florestais potenciais dominantes nos andares termo- e mesomediterrânicos respectivamente. Os matagais de carvalhiça do
Querco lusitanicae-Stauracanthetum boivinii
, e o esteval / urzal do
Erico australis-Cistetum populifolii
são associações vulgares desta unidade.
Armeria beirana
subsp.
monchiquensis
|
Lavandula viridis
|
Cheilanthes guanchica
|
Centaurea crocata
|
Euphorbia monchiquensis
|
Quercus canariensis
|
Quercus lusitanica
|
Rhododendrum ponticum
subsp.
baeticum
.
|
Senecio lopezii
,
|
Stauracanthus boivinii
|
Thymelaea villosa
|
Ulex argenteus
subsp.
argenteus
|
Ulex minor
|
O
Superdistrito Baixo Alentejano
é um território plano, menos chuvoso e mais continental que o anterior. Tem um ombroclima sub-húmido a seco e situa-se maioritariamente no andar termomediterrânico podendo atingir em alguns locais o andar mesomediterrânico. Os solos são xistosos na sua maioria, com a excepção dos chamados “barros de Beja” que são solos vérticos com origem em rochas máficas (dioritos, gabros, andesitos, basaltos). A
Linaria ricardoi
e
Armeria neglecta
são dois endemismos do Superdistrito que se encontram em vias de extinção. Os montados que resultam do
Pyro bourgaeanae-Quercetum rotundifoliae
, caracterizam a Região, bem como o esteval
Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi
. Contudo em alguns locais reconhece-se o azinhal termófilo
Myrto-Quercetum rotundifoliae
, os matagais de
Asparago albi-Rhamnetum oleoidis
e
Oleo-Pistacietum lentisci sensu auct.
, o esteval
Phlomido purpureo-Cistetum albidi
e o escoval
Genistetum polyanthi
. Os montados de sobro (
Myrto-Quercetum suberis
e
Sanguisorbo-Quercetum suberis
) ocorrem esporadicamente em algumas situações climaticamente mais favoráveis. Nos solos hidromórficos com horizontes glei associados a freatismo é frequente observarem-se os juncais do
Holoschoeno-Juncetum acuti
,
Trifolio-Holoschoenetum
e
Juncetum rugosi-effusi
, bem como os prados
Gaudinio fragilis-Agrostietum castellanae
,
Pulicario paludosae-Agrostietum pourretii
,
Trifolio resupinati-Caricetum chaetophyllae
,
Loto subbiflori-Chaetopogenetum fasciculati
e
Hyperico humifusi-Chaetopogonetum fasciculati
. Os prados do
Poo bulbosae-Trifolietum subterranei
e do
Poo bulbosae-Astragaletum sesamei
também ocorrem esporadicamente.
Linaria ricardoi
|
Armeria neglecta
|
A seguir uma amostra de 436 espécies de plantas vasculares de Barrancos do Baixo Alentejo (quadrícula PC72 - FLORA-ON):
Espécies ainda sem imagem:
|
Veja à seguir: 2.2 Serra da Arrábida
[3]
It índice de termicidade – índice que pondera a intensidade de frio invernal. É um factor
muito importante uma vez que o frio invernal actua como factor limitante para muitas
plantas e comunidades vegetais. O seu valor é exprimido através da expressão:
It = (T+m+M) 10
[4]
Tp temperatura positiva anual – soma, em décimas de graus centígrados, das
temperaturas médias dos meses com média superior a zero graus centígrados. Quando no
território todos os meses apresentam uma média positiva, o valor obtém-se através da
multiplicação da temperatura média anual, expressa em décimas de graus, pelo número de
meses (12). Tp = T x 12
[5]
Itc índice de termicidade de compensado. Índice expresso pela seguinte formula,
Itc = It ±C Quando o valor de Ic se encontra compreendido no intervalo 11>Ic<18 o Itc considera-se
igual a It. Pelo contrário se 11<Ic>18, então o índice de termicidade terá de ser
compensado adicionando ou subtraindo um valor de compensação (C), respectivamente
para climas continentais e oceânicos.
[7]
Pollard, A.J., Powell, K.D., Harper, F.A., Smith, J.A.C., 2002. The genetic basis of metal hyperaccumulation in plants. Cr. Rev. Plant Sci. 21, 539 - 566
[11]
Capelo JH, Bingre P, Arsénio P, Espiríto-Santo MD. 1998. Uma ericácea nova para a flora portuguesa.
Silva Lusitana 6, 119-120.
[16]
As referências e este táxone no Vale do Tejo referem-se provavelmente a
Genista histrix
Lange (E. Costa,. 1997).
.
.
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