“Revisitas” de regiões esquecidas no tempo - “Plant Hunting Regions” - a partir de uma obra de grande valor para o especialista e amador de botânica como da Natureza em geral.
Por
Horst Engels, Cecilia Sousa, Luísa Diniz, Nicole Engels, José Saraiva; Victor Rito
da
Associação “Trilhos d’Esplendor”
24.1 Alto Alentejo
24. Alentejo
Estepe ceralífera
Faixa piritosa ibérica
24.3 Alentejo Litoral
2.1.1.1.1 Costa Vicentina
|
Marvão, Alto Alentejo [1]
2 4.1 Alto Alentejo
D
istingue-se a sub-região estatística do Alto Alentejo da província com a mesma designação:
O
Alto Alentejo
é uma sub-região estatística portuguesa, parte da Região
Alentejo
, que corresponde por completo o
Distrito de Portalegre
, exceto o concelho de
Sousel
e também engloba um concelho do
Distrito de Évora
,
Mora
. Limitado a norte pelo
Pinhal Interior Sul
e pela
Beira Interior Sul
, a leste pela
Espanha
, a sul pelo
Alentejo Central
e a oeste pela
Lezíria do Tejo
e pelo
Médio Tejo
. Tem uma área de 6.230 km² e uma população estimada em 118.352 habitantes (Censos 2011).
Antiga divisão de Portugal em 6 províncias
Províncias de Portugal em 1936
A província do
Alto Alentejo
é uma
região administrativa
portuguesa. Limita a
Norte
com a
Beira Baixa
, a
Oeste
com o
Ribatejo
, a
Sudoeste
com a
Estremadura
, a
Sul
com o
Baixo Alentejo
e a
Este
com a
Espanha
(
províncias de Badajoz
e
Cáceres
, na
Estremadura
).
É então constituído por 29
concelhos
, integrando todo o
distrito de Évora
e todo o
distrito de Portalegre
. Tem a sua sede na cidade de
Évora
.
- Distrito de Évora : Alandroal , Arraiolos , Borba , Estremoz , Évora , Montemor-o-Novo , Mora , Mourão , Portel , Redondo , Reguengos de Monsaraz , Vendas Novas , Viana do Alentejo e Vila Viçosa .
- Distrito de Portalegre : Alter do Chão , Arronches , Avis , Campo Maior , Castelo de Vide , Crato , Elvas , Fronteira , Gavião , Marvão , Monforte , Nisa , Ponte de Sôr , Portalegre e Sousel .
Biogeograficamente o Alentejo insere-se nas províncias
Luso-Estremadurense
e
Gaditano-Onubo-Algarviense.
Costa et al. (1998) escrevem
[4]
:
A
Província
Luso-Extremadurense
é das maiores da Península Ibérica. Ela divide-se nos sectores
Toledano-Tagano
e
Mariânico-Monchiquense
. Em Portugal encontra-se quase toda ela em solos derivados de materiais siliciosos paleozóicos - maioritariamente xistos ou granitos - e no andar bioclimático mesomediterrânico. Os seus limites no nosso país, em alguns locais são algo difíceis de estabelecer especialmente com o
Sector Ribatagano-Sadense
. As sua fronteiras são:
a norte - Serras da Lousã, Açor, Estrela, Malcata;
a oeste - uma linha que passa pela Serra da Lousã, leste das serras calcárias de Condeixa a Tomar, Serra da Amêndoa, Amieira (rio Tejo), Ribeira de Sor, Vale do Sorraia, areias miocénicas e plistocénicas, Vale do Sado, Serras de Grândola, Cercal e Espinhaço de Cão;
a sul - os calcários do Barrocal algarvio.
Armeria linkiana
*,
Asphodelus bentorainhae
*,
Asparagus acutifolius
,
Ballota hirsuta
,
Buffonia willkolmmiana
*,
Carduus bourgeanus
*,
Cistus psilosepalus
,
Cistus populifolius
s.l.,
Cytisus scoparius
var
. bourgaei
*,
Cytisus striatus
var
. eriocarpus
,
Cynara tournefortii
*,
Digitalis mariana
,
Digitalis purpurea
subsp.
heywoodii
*,
Echium rosulatum
,
Euphorbia monchiquensis
*,
Genista hirsuta
subsp.
hirsuta
,
Genista polyanthos
*,
Lavandula viridis
*,
Lepidophorum repandum
,
Linaria hirta
,
Linaria ricardoi
*,
Marsilea batardae
*,
Onopordum nervosum
,
Retama sphaerocarpa
,
Rhynchosinapsis hispida
subsp.
transtagana
*,
Salix salvifolia
subsp.
australis
,
Sanguisorba hybrida
,
Securinega tinctoria
,
Scorzonera crispatula
,
Scrophularia schousboei
*,
Ulex argenteus
subsp.
argenteus
,
Ulex eriocladus
* e
Verbascum barnadesii
são algumas das espécies que tendem a ocorrer maioritariamente nesta Província. Os táxones com * são endémicos do território.
É a área óptima dos estevais pertencentes à aliança
Ulici-Cistion argentei
. São próprios deste território os sobreirais mesomediterrânicos do
Sanguisorbo agrimoniodis-Quercetum suberis
, os azinhais do
Pyro bourgaenae-Quercetum rotundifoliae
e os carvalhais do
Arbuto unedonis-Quercetum pyrenaicae,
na maioria das vezes transformados em montados, bem como os medronhais do
Phillyreo-Arbutetum typicum
e
viburnetosum tini
, os estevais do
Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi
,
Erico australis-Cistetum populifolii
e
Polygalo microphyllae-Cistetum populifolii
. O tamujal dos leitos de estiagem dos rios torrenciais -
Pyro bourgaeanae-Securinegetum tinctoriae
- constitui também uma das suas originalidades sintaxonómicas. Nos montados desenvolvem-se comunidades terofíticas efémeras e de pouca biomassa:
Trifolio cherleri-Plantaginetum bellardii
,
Chrysanthemo myconis-Anthemidetum fuscati
,
Galactito tomentosae-Vulpietum geniculatae
,
Trifolio cherlerii-Taeniatheretum caput-medusae
e
Medicago rigidulae-Aegilopsietum geniculatae
. O pastoreio destas comunidades anuais origina frequentemente um prado vivaz (
Poo bulbosae-Trifolietum subterranei
). O freixial ribeirinho
Ranunculo ficario-Fraxinetum angustifoliae
ocorre em todo o território luso-extremadurense português, sendo o amial
Scrophulario-Alnetum glutinosae
comum em biótopos ripícolas.
Na Carta Biogeográfiaca de Portugal de
Costa et al.
(1998) vemos que os sectores
Toledano-Tagano
e
Mariânico-Monchiquense
da Província
Luso-Extremadurense
podem ser subdivididados ainda mais:
3A SECTOR TOLEDANO-TAGANO
3A1 SUBSECTOR HURDANO-ZEZERENSE
3A11 SUPERDISTRITO ZEZERENSE
3A12 SUPERDISTRITO CACERENSE
3A2 SUBSECTOR ORETANO
3B SECTOR MARIÂNICO-MONCHIQUENSE
3B1 SUBSECTOR ARACENO-PACENSE
3B11 SUPERDISTRITO ARACENENSE
3B12 SUPERDISTRITO PACENSE
3B13 SUPERDISTRITO ALTO ALENTEJANO
3B2 SUBSECTOR BAIXO ALENTEJANO-MONCHIQUENSE
3B21 SUPERDISTRITO SERRANO-MONCHIQUENSE
3B22 SUPERDISTRITO BAIXO ALENTEJANO
O
Sector Toledano-Tagano
divide-se nos Subsectores
Hurdano-Zezerense
e
Oretano
e
o
Sector Mariâno-Monchiquense
nos Subsectores
Araceno-Pacense
e
Baixo Alentejano-Monchiquense
.
Enquanto o
Sector
Toledano-Tagono
caracteriza biogeograficamente e floristicamente partes das antigas províncias (administrativas)
Beira Baixa
e
Alto Alentejo
, o
Sector Mariâno-Monchiquense
caracteriza a parte sul da província
Alto Alentejo
e a província do
Baixo Alentejo
.
O
Sector Toledano-Tagano
é dominado por solos graníticos, xistosos e quartzíticos e situa-se no andar mesomediterrânico seco a sub-húmido.
Cytisus multiflorus
,
Dianthus scaber
subsp.
toletanus
,
Loeflingia hispanica
,
Retama sphaerocarpa
,
Quercus pyrenaica
,
Halimium ocymoides
,
Polygala microphylla
, e
Ornithogalum concinnum
são espécies dominantes na paisagem vegetal, que diferenciam este Sector, em Portugal. É neste território que o “carvalhal-negral” luso-extremadurense -
Arbuto unedonis-Quercetum pyrenaicae
- tem maior expansão em Portugal. Além dos bosques e matos próprios da Província, há que considerar os abundantes giestais do
Cytiso multiflori-Retametum sphaerocarpae
e o urzal / esteval
Halimio ocymoidis-Ericetum
umbellatae
. Encontra-se dividida em dois Subsectores: o
Hurdano-Zezerense
e o
Oretano
.
Cytisus multiflorus
|
Dianthus scaber
subsp.
toletanus
|
Loeflingia hispanica
|
Retama sphaerocarpa
|
Quercus pyrenaica
|
Halimium ocymoides
|
Polygala microphylla
|
Ornithogalum concinnum
|
O
Subsector Hurdano-Zezerense
inclui algumas serras que ultrapassam ligeiramente os 1000 metros como as serras de Gardunha, Muradal, Alvelos, Vermelha, e Malcata, o vale do Zêzere (
Superdistrito Zezerense
), a campina de Castelo Branco / Idanha-a-Nova, Penha Garcia, as arribas do Tejo, e a zona de Niza / Fronteira (
Superdistrito Cacerense
).
Asphodelus bento-rainhae
,
Euphorbia welwitschii
,
Festuca duriotagana
,
Juniperus oxycedrus
,
Malcolmia patula
,
Celtis australis
,
Halimium alyssoides
,
Retama sphaerocarpa
e
Petrorhagia saxifraga
são plantas diferenciais deste Subsector em face dos territórios portugueses vizinhos, sendo a primeira espécie endémica da Serra da Gardunha. Ao nível superdistrital distinguem-se dois Superdistritos: o
Zezerense
e o
Cacerense
.
Asphodelus bento-rainhae
|
Euphorbia welwitschii
|
Festuca duriotagana
|
Juniperus oxycedrus
|
Malcolmia patula
|
Celtis australis
|
Halimium alyssoides
|
Retama sphaerocarpa
|
Petrorhagia saxifraga
|
O
Superdistrito Zezerense
situa-se no andar mesomediterrânico sub-húmido, onde ocorrem os sobreirais climatófilos do
Sanguisorbo-Quercetum suberis
e as suas etapas subseriais:
Phillyreo-Arbutetum unedonis viburnetosum tini
,
Erico australis-Cistetum populifolii
e
Halimio ocymoidis-Ericetum umbellatae
. No mesomediterrânico superior subhúmido a húmido assinala-se o carvalhal
Arbuto unedonis-Quercetum pyrenaicae genistetosum falcatae
, a sua orla
Vincetoxico nigri-Origanetum virentis
e o respectivo mato de degradação
Polygalo microphylii-Cistetum populifolii
[8]
.
O
Superdistrito Cacerense
situa-se no andar mesomediterrânico seco a sub-húmido inferior. A vegetação climatófila pertence à série do azinhal
Pyro bourgaenae-Quercetum rotundifoliae
. São diferenciais deste Superdistrito as orlas nanofanerofíticas retamóides do
Cytiso multiflori-Retametum sphaerocarpae
, o carrascal
Rhamno fontqueri-Quercetum cocciferae
e o esteval
Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi
. Nas zonas graníticas mais rochosas encontra-se o rosmaninhal
Scillo-Lavanduletum sampaionae
. Nos alcantis quartzíticos do Tejo, a comunidade permanente edafoxerófila é dominada por
Juniperus oxycedrus
(
Rubio longifoliae-Juniperetum oxycedri
), o que constitui um traço característico deste território em face dos vizinhos.
O
Subsector Oretano
está representado em Portugal pela Serra de S. Mamede. Esta unidade situa-se no andar mesomediterrânico húmido a sub-húmido, e os solos dominantes têm origem granítica, xistosa e quartzítica. A serra de S. Mamede ultrapassa os 1000 metros de altitude tem uma forte influência oceânica, porque não existe qualquer barreira orográfica significativa até ao oceano Atlântico, ficando por isso exposta aos efeitos dos ventos húmidos dominantes de Oeste e Sudoeste. Não é, por isso de estranhar o aparecimento de certos elementos atlânticos (e carpetano-iberico-leoneses mais oceânicos) na sua flora:
Polygonatum odoratum
,
Quercus robur
,
Ulex minor
,
Drosera intermedia
, etc.. A
Armeria x francoi
(
A. beirana
x
A. transmontana
),
Aquilegia dichroa
,
Castanea sativa
,
Cytisus multiflorus
,
Euphorbia amygdaloides
,
Genista falcata
,
Halimium umbellatum
,
Linaria triornithophora
,
Luzula lactea
,
Pulmonaria longifolia
,
Quercus
x
neomarei
,
Quercus pyrenaica
,
Silene coutinhoi
,
Viola kitaibeliana
subsp.
machadeana
são outras espécies que caracterizam este Subsector em face dos vizinhos. É neste Subsector que abundam os carvalhais do
Arbuto-Quercetum pyrenaicae
, as orlas
Vincetoxico-Origanetum virentis linarietosum trionithophorae
,
Cytisetum multiflori-eriocarpi genistetosum falcatae
, e os tojais
Halimio umbellati-Ulicetum minoris
. Os territórios menos continentais estão ocupados pelos sobreirais do
Sanguisorbo-Quercetum suberis
e as suas etapas regressivas
Phillyreo-Arbutetum unedonis viburnetosum tini
,
Erico australis-Cistetum populifolii
e
Halimio ocymoidis-Ericetum umbellatae
.
Polygonatum odoratum
|
Quercus robur
|
Ulex minor
|
Drosera intermedia
|
Armeria x francoi
|
Aquilegia dichroa
|
Castanea sativa
|
Cytisus multiflorus
|
Euphorbia amygdaloides
|
Genista falcata
|
Halimium umbellatum
|
Linaria triornithophora
|
Luzula lactea
|
Pulmonaria longifolia
|
Quercus
x
neomarei
|
Quercus pyrenaica
|
Silene coutinhoi
|
Viola kitaibeliana
subsp.
machadeana
|
O
Sector Mariânico-Monchiquense
em Portugal também é essencialmente silicioso, contudo encontram-se algumas áreas dominadas por carbonatos com grau variável de metamorfização.
Coyncia transtagana
,
Erica andevalensis
,
Euphorbia monchiquensis
e
Genista polyanthos
# são endémicas deste território.
Adenocarpus telonensis
,
Carthamus tinctorius
,
Centaurea ornata
subsp.
ornata
,
Cytisus baeticus
,
Cytisus scoparius
var.
bourgaei
,
Cynara tournefortii
,
Dianthus crassipes
,
Echium boissieri
,
Eryngium galioides
,
Leontodon salzamanii
,
Marsilea batardae
,
Onopordum macracanthum
,
Onopordum nervosum
,
Scrozonera crispatula
,
Serratula abulensis
,
Serratula barrelieri
,
Thymelaea villosa
são algumas plantas diferenciais do Sector no contexto da Província. Os sobreirais e os azinhais transformados em montados são predominantes na paisagem vegetal. Consideram-se exclusivos desta área os seguintes sintáxones:
Euphorbio monchiquensis-Quercetum canariensis
,
Sanguisorbo-Quercetum suberis quercetosum canariensis
,
Phlomido purpureae-Juniperetum turbinatae
,
Phillyreo-Arbutetum rhododendrotosum baetici
(=
Arbuto-Cistetum populifolii
),
Genistetum polyanthi
,
Ulici eriocladi-Ulicetum umbellatae
,
Cisto-Ulicetum minoris
,
Lavandulo sampaioanae-Cistetum albidi
,
Ulici erioclaci-Cistetum ladaniferi
,
Cisto ladaniferi-Ulicetum argentei
e
Rubo ulmifoliae-Nerietum oleander securinegetosum tinctoriae
. O salgueiral
Salicetum atrocinereae-australis
, é uma comunidade que ocorre no leito torrencial dos rios e ribeiras deste Sector.
No nosso país, diferenciam-se-se dois Subsectores no Sector Mariânico-Monchiquense: o
Araceno-Pacense
e o
Baixo-Alentejano-Monchiquense
.
O
Subsector Araceno-Pacense
é o mais setentrional e confina com o limite sul do Toledano-Tagano. Situa-se a norte da linha, que passa pelas serras de Monfurado e Mendro (Portel); Moura e Barrancos incluindo ainda a serras da Adiça, Ficalho e todo o vale termomediterrânico do Guadiana a sul do “ Pulo do Lobo” . As rochas predominantes são os xistos e granitos, contudo nesta área surgem os calcários metamórficos (mármores). São endémicas do território as comunidades de
Ulex eriocladus
-
Ulici eriocladi-Cistetum ladaniferi
e
Ulici eriocladi-Ericetum umbellatae
. A primeira distribui-se desde Elvas até base da encosta norte da Serra de Ossa, voltando a surgir nas serras da Adiça e Ficalho. O endemismo
Digitalis purpurea
subsp.
heywoodii
, que se encontra nas rochas graníticas de Monsaraz também é exclusivo deste território. Em Portugal assinalam-se três Superdistritos:
Aracenense
,
Pacense
e
Alto-Alentejano
.
Superdistrito Aracenense
que em Portugal se encontra representado pela serras da Adiça, Ficalho e pelo vale do Guadiana a sul do Pulo do Lobo, é essencialmente termomediterrânico seco, mas pode atingir o mesomediterrânico sub-húmido nas zonas mais altas (St.ª Iria e Contenda Sul).
Armeria linkiana
,
Campanula transtagana
,
Daucus setifolius
,
Dianthus crassipes
,
Erica andevalensis
, e
Scabiosa stellata
ocorrem nesta área ajudando a caracterizar face aos vizinhos. A série dos azinhais silicícolas termomediterrânicos -
Myrto communis-Querceto rotundifoliae
S.
predomina neste território, contudo a paisagem encontra-se dominada por etapas subseriais: o esteval termófilo
Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi cistetosum monspeliensis
, e o espargueiral / zambujal / carrascal
Asparago albi-Rhamnetum oleoidis
. Os sobreirais do
Sanguisorbo-Quercetum suberis
são menos frequentes e encontram-se nas zonas mais húmidas à semelhança do seu urzal / tojal subserial, neste território:
Ulici eriocladi-Ericetum
umbellatae
. Nas zonas secas e semi-áridas do vale do Guadiana assinalam-se as maiores originalidades do território em comparação com os outros dois Superdistritos do Subsector: os zimbrais reliquiais edafoxerófilos do
Phlomido purpureae-Juniperetum turbinatae
, os escovais do
Genistetum polyanthi
e o esteval
Phlomido purpureae-Cistetum albidi
. As comunidades semi-nitrófilas rupícolas do leito rochoso do rio -
Centauro ornatae-Festucetum duriotaganae
(
Festucion duriotaganae
,
Rumicetalia induratae
,
Phagnalo-
Rumicetea
) tem o seu óptimo biogeográfico nesta unidade biogeográfica.
Em Portugal só uma pequena área raiana da bacia do rio Caia, que inclui aproximadamente os concelhos de Elvas e Campo Maior, pertence ao
Superdistrito Pacense
. É uma zona plana situada no andar mesomediterrânico sub-húmido, onde se encontram o tojal
Ulici eriocladi-Cistetum ladaniferi
e o giestal
Retamo sphaerocarpae-Cistetum bourgaei
que resultam da degradação dos azinhais silicícolas do
Pyro-Quercetum rotundifoliae
. No entanto, nos solos neutros sobre carbonatos metamórficos paleozóicos com pouco calcário activo, a vegetação potencial corresponde aos azinhais do
Lonicero implexae-Quercetum rotundifoliae
, que por destruição originaram o carrascal
Crataego monogynae-Quercetum cocciferae
e o esteval
Lavandulo sampaionae-Cistetum albidi
. Nos montados sobre solos siliciosos a pastagem vivaz resultante do pastoreio por ovinos corresponde à associação
Poo bulbosae-Trifolietum subterranei
. Nos solos alcalinos e neutros, assinala-se
Astragaleto sesamei-Poetum bulbosae
. A vegetação neutro-basófila seminitrófila e ruderal da aliança
Taeniathero-Aegilopion geniculatae
(
Bromenalia rubenti-tectori
) serve igualmente para discriminar estes territórios dos seus vizinhos.
Dos três Superdistritos do Sector Arceno-Pacense o
Superdistrito Alto Alentejano
é aquele que ocupa maior superfície em Portugal. É uma área quase plana, ondulada, cortada por algumas serras de pequena altitude (Monfurado, Montemuro, Ossa), onde predominam solos de origem xistosa e granítica. Contudo, existe uma área importante de carbonatos metamórficos paleozóicos (mármores devónicos, diabases) em Estremoz, Vila Viçosa e Borba. Quase toda a sua área se situa no andar mesomediterrânico sub-húmido, podendo atingir o termomediterrânico na encosta oeste Serra de Monfurado. Os montados em solo silicioso do
Pyro-Quercetum rotundifoliae
e os sobreirais do
Sanguisorbo-Quercetum suberis
são dominantes na paisagem vegetal. Quanto aos matos subseriais o escoval
Genistetum polyanthi
observa-se ao longo do vale do Guadiana, os estevais do
Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi
e o esteval / urzal
Erico australis-Cistetum populifolii
e os urzais do
Halimio ocymoidis-Ericetum umbellatae
são vulgares em todo o território, ocorrendo ainda o giestal
Retamo sphaerocarpae-Cytisetum bourgaei
. Neste Superdistrito ocorre, ainda que de modo finícola, o amial
Scrophulario-Alnetum glutinosae
, sendo o freixial
Ficario-Fraxinetum angustifoliae
a comunidade mais comum nas ribeiras e linhas de água, sendo também vulgar o
Salicetum atrocinereo-australis
nos leitos torrenciais. Os juncais do
Holoschoeno-Juncetum acuti
,
Trifolio-Holoschoenetum
e
Juncetum rugosieffusi
bem como os prados
Trifolio resupinati-Caricetum chaetophyllae
,
Gaudinio fragilis-Agrostietum castellanae
,
Pulicario paludosae-Agrostietum pourretii
e
Loto subbiflori-Chaetopogenetum fasciculati
são comunidades que têm importância neste Superdistrito nos biótopos edafo-higrófilos. Na zona termomediterrânica, junto à Serra de Monfurado ocorre o matagal do
Asparago aphylli-Calicotometum villosae
subserial do
Myrto-Quercetum suberis
. Nos mármores a série da azinheira
Lonicero implexae-Querceto rotundifoliae S.
reaparece.
Para a Região (província antiga) do Alto Alentejo estão registadas neste momento (28/02/2015) 985 espécies (incluindo subespécies) de plantas vasculares na Flora-On:
Registo de plantas vasculares para o Alto Alentejo
Veja à seguir: 24.2 - Baixo Alentejo
[8]
Na porção cacuminal, é de admitir a exsitência teórica de uma pequena área supramediterrânica onde o clímax poderia corresponder ao
Sorbo torminalis-Quercetum pyrenaicae
. No entanto, o avançado estado de degradação da vegetação não permite realizar inferências seguras sobre a vegetação climatófila.
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