Descrição morfológica: O Morrião, Anagallis arvensis L., também chamado erva-do-garrotilho, morrião-dos-campos, morrião-vermelho, é uma espécie pertencente ao género Anagallis. O género tem sido tradicionalmente considerado pertencente à família das Primuláceas (Primulaceae). Porém, pesquisas recentes revelaram uma relação estreita com a família das Mirsináceas (Myrsinaceae) - família distribuída principalmente nos trópicos. Anagallis arvensis L. é uma planta anual. É ligeiramente tóxico em todas as suas peças, principalmente na raiz, por ter saponinosídeos. Os brotes são 5-30 cm de comprimento, as hastes são acentuadamente quadrangular. As folhas são opostas, sésseis, ovais e inteiras.
As flores são radiais, pedunculadas, e aparecem isoladamente nas axilas foliares. O período de floração em Portugal é de Fevereiro até Outubro. A corola mede cerca de 10-15 mm de diâmetro. As flores são abertos apenas nas manhas e fecham quando se aproxima mau tempo. As anteras têm pelos, apreciadas por insectos, e que atraem polinizadores, especialmente moscas. Acontece espontânea auto-polinização, normalmente antes das flores murcharem. As pétalas são, na Europa central, geralmente de cor vermelha, raramente azuis. No entanto, a subespécie latifolia ocorrendo na região do Mediterrâneo, tem flores um pouco maiores geralmente de cor azul. A forma azul de Anagallis arvenses f. azurea é frequentemente confundida com Anagallis foemina.
Os frutos são cápsulas globosas. O pedúnculo de frutos dobra com a gravidade e as sementes são sopradas pelo vento ou levadas com a chuva.
A forma Anagallis arvensis j. azurea:
A corola de Anagallis pode assumir uma variedade de cores. Assim, as formas descritas são arvensis com cores laranja até vermelho, carnea com cor de carne, lilacina com cor roxo, pallida com branco e azurea com flores azuis. Na identificação, a forma azurea pode apresentar dificuldades pela possibilidade de confusão com a espécie A. foemina. Um carácter distintivo forte são a margem das pétalas: A. foemina tem pétalas irregularmente crenuladas com apenas cerca de 5 a 10, no máximo, 15 pelos glandulares. Na forma A. arvensis f. azurea existem cerca de 50 a 70 pelos que se encontram na margem de pétalas não são crenuladas ou pouco crenuladas. A distribuição geral de A. arvensis é subcosmopolita. Mas o origem deve ser o Mediterrâneo. Na Europa, A. arvensis é uma Arqueofito.
Distribuição Geral | Subcosmopolita |
Habitat | Terrenos cultivados, incultos e ruderal |
Época de Floração | Fevereiro - Outubro |
Sinonimias: Anagallis arvensis L. var. caerulea (L.) P. Cout.; Anagallis arvensis L. var. latifolia (L.) Lange; Anagallis latifolia L.
Identificação:
- Origem: " Coutinho (1939/2ed) - Flora de Portugal"
- Origem: O Género Anagallis na "Flora Iberica"
Distribuição em Portugal: Portugal inteiro.
Utilização:
Na Índia, a planta é usada por causa da sua baixa toxicidade para pesca.
Utilização fitoterapéutica ( http://www.fitoterapica.com.br/plantaservas/especies/Anagallis_arvensis.htm ):
Propriedades medicinais: Usado popularmente como antifúngico, antiviral, cicatrizante, sedante, expectorante, ligeiramente diurético e sudorífero.
Indicações: feridas externas.
Por sua toxicidade (por via interna), só se recomenda seu uso tópico em micoses cutâneas, úlceras tróficas e herpes zoster.
Parte utilizada: toda a planta.
Contra-indicações/cuidados: toda a planta é tóxica, especialmente as sementes, devido a saponosídeos com ação hemolítica, irritante das mucosas digestivas e respiratórias. Seguro só para uso externo, na dosagem indicada (sarda, chagas, ferida), mesmo assim em algumas pessoas pode produzir dermatite de contato, com intensa rubefação e inclusive vesicação.
Efeitos colaterais: o uso interno de infusões e decocções de anagalis (febre, depressão, tuberculose, fígado, epilepsia, hidropisia, reumatismo) podem provocar graves inflamações gástricas (cucurbitacinas). Em doses elevadas pode causar tremor, diarréia e forte diurese.
Modo de usar:
- infusão alcoólica: deixar em maceração, durante duas semanas, 20 g de flores e folhas de anagalis em meio litro de álcool a 90º, agitando-se todos os dias a garrafa. Passado esse período, filtrar o líquido, utilizando-o para fazer pinceladas sobre chagas e feridas.
Alguma fotografias da Praia de Quiaios:
Outros assuntos de interesse:
O morrião chama-se em inglês Scarlet Pimpernel e deu nome ao romance „The Scarlet Pimpernel“ de Emmuska Orczy, e do Musical epónimo de Frank Wildhorn e Nan Knighton.
Links e Bibliografia:
http://www.missouriplants.com/Redopp/Anagallis_arvensis_page.html
http://www.fitoterapica.com.br/plantaservas/especies/Anagallis_arvensis.htm
http://aguiar.hvr.utad.pt/pt/herbario/cons_reg_esp2.asp?especie=Anagallis+arvensis&ID=643